domingo, 31 de março de 2019
Celebrar o terror e a cobardia
«Sim, o atual presidente defende que a tomada do poder pela força pelos militares, deixando o Brasil sem eleições diretas para presidente de 1964 a 1989; rasgando a Constituição e estabelecendo a censura; obrigando alguns dos melhores quadros do Brasil a amargar o exílio; prendendo, sequestrando e torturando, inclusive crianças, e matando opositores é motivo de comemoração. (...) A Defensoria Pública da União e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão já se manifestaram. Mas ainda é pouco. E ainda é tímido, diante da enormidade do que significa comemorar o crime como ato de Governo. Não apenas um crime comum, mas aquele que é considerado crime contra a humanidade. A Comissão da Verdade concluiu que a ditadura matou ou desapareceu com 434 suspeitos de dissidência política e com mais de 8.000 indígenas. Entre 30 e 50 mil pessoas foram torturadas.»
Eliane Brum, Bolsonaro manda festejar o crime
«A devoção às forças militares dos seus países é uma das várias coisas que o presidente Trump e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro têm em comum. (...) No caso de Trump - que ao contrário de muitos políticos de sua geração nunca esteve em guerras dos EUA no exterior - o amor proclamado pelas tropas faz parte do nacionalismo beligerante que carateriza a sua política. Mas no caso de Bolsonaro, um ex-capitão do exército, as coisas são um pouco mais sérias. (...) Um porta-voz do presidente disse que Bolsonaro "acredita que a sociedade no seu todo, percebendo o perigo a que o país estava sujeito", conseguiu em 1964 unir "civis e militares, para recolocar... o nosso país no seu trilho». (...) Para ele, o que aconteceu há cinco décadas e meia não foi um «golpe». (...) Durante a campanha, Bolsonaro parecia querer materializar a sua nostalgia pelo impiedoso regime na sua causa eleitoral contra o crime nas favelas. A sua vitória, argumentou Serbin, foi "o mais recente sintoma" de uma "política do esquecimento" global mais ampla.»
Ishaan Tharoor, A triste história que o presidente do Brasil quer celebrar
A decadência do Capitalismo (neoliberalismo) cria, como criou no passado, fascistas como Bolsonaro...
ResponderEliminarDe há uns tempos a esta parte, tento rascunhar alguma coisa que ajude o meu entendimento a preparar-se ajuizar sobre qual o tempo, a realidade, as causalidades, as essências, as relações, etc., que por efeito dos vários neos se amontoou no penhasco raivoso e desumano que brota das profundezas de um fascismo ainda, para mim, não claramente estribado. Quero dizer, ainda não teoricamente definido nos seus principais alicerces. Que tem na "certeza da eternidade do capitalismo" um dos seus esteios, não tenho dúvida, mas sobre como há de sintetizar interesses que vão desde franjas da social democracia - nos seus diversos ramos - até ao mais refinado e violento fascismo, creio que os supremacistas americanos vieram atrasar, do ponto de vista teórico, a síntese que se que o discurso brutal e sem respeito por um qualquer tipo de direito formal internacional, vai sendo construído no plano prático. Mas há uma coisa muito importante: o fascismo actual vive no desespero de ter adversário pronto e teoricamente bem preparado. Calma, estamos no meio de uma revolução, e é por isso que são os mais incapazes fascistas, do ponto de vista doutrinário, que alimentam o largo lastro de fascistas do vómito. Pode ser que do lado da verdadeira revolução a clareza impere. Se assim, será difícil, já se sabe, mas saboroso. Firmeza sempre!
ResponderEliminarA direita está a revelar a sua verdadeira face,
ResponderEliminarA democracia não passou de um disfarce.
Chamar fascista ao Bolsonaro é errado.
ResponderEliminarO fascismo é uma ideologia especifica, que defendeu o estado forte, o estado social, o dirigismo económico e a submissão da economia á politica - tudo o oposto que um neoliberal, mesmo nacionalista como Bolsonaro, defende.
Um exemplo.
Alguém imagina Hitler ou Mussolini a liberalizar a venda de armamento de guerra como Trump ou Bolsonaro ?
Nem nos maiores delírios, esse tipo de liberalismo é totalmente contra a verdadeira essência do fascismo.