sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Abram os olhos


O núcleo de estudantes do curso onde ensinei, nos anos que concluíram a minha carreira docente, convidou para um debate André Ventura, um homem desqualificado.

André Ventura tem um discurso que estigmatiza os ciganos, qualifica de "parasita" uma deputada muito activa no trabalho parlamentar, defende a pena de morte, defende a castração química dos pedófilos, etc. Uma vista de olhos ao seu perfil, e aos apoios que recolhe, permite ver que se trata de um nojo.

Pergunto, o que terá levado esse núcleo de estudantes a convidar pessoa tão indigna, tão rasca, para um debate na sua escola/universidade?

Arrisco uma resposta: já o vêm como o nosso 'bolsonaro' em ascensão e, também, porque alguns até se identificam com o seu estilo truculento de neo-fascista, à maneira de Trump e da besta que foi eleita no Brasil. A maior parte dos alunos não tem espessura cultural e política para perceber o significado profundo das alarvidades do discurso neo-fascista e, aliás, muitos têm uma sensibilidade que está ao nível das praxes grotescas que por lá se praticam. O curso que frequentam não altera isto, infelizmente.

O meu ponto é este: o nojo precisa de palco, precisa de respeitabilidade nesta etapa inicial do seu projecto e a Faculdade de Economia da UC, ao fechar os olhos a este convite, colaborou por omissão. E ele já agradeceu.

Não me digam que receavam a acusação de censura, após o convite estar feito. Com que então, em nome da liberdade, a democracia deve respeitar e legitimar os que querem matar a liberdade? Acham mesmo que o neo-fascismo se combate através do debate racional com gente desta?

Em meu entender, o neo-fascismo não se combate com argumentos. Combate-se com o desprezo dos protagonistas e com políticas económicas que criem emprego, mobilidade social e redução da desigualdade. É preciso secar o mal-estar social, o terreno fértil onde medra a frustração receptiva a gente carismática que promete limpar o país de parasitas: ciganos, deputados e também (em devido tempo)... professores "comunistas". Abram os olhos.

21 comentários:

  1. Caro Jorge Bateira:

    Um comentário excelente

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  2. Mas por outro lado, se os combatermos fortemente, estaremos a entrar no nível deles, antidemocrático. É um paradoxo complicado este de ser antidemocrático para se defender a democracia.
    O problema é: até que ponto os fachistas não se levantarão caso sejam silenciados (e desse modo desafiados a "falarem" ainda mais alto)?

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  3. Porque motivo uma democracia não há-de dizer não ao fascismo?

    Porque motivo "em nome da liberdade, a democracia deve respeitar e legitimar os que querem matar a liberdade?"

    Um dos elementos fundamentais do fascismo é o culto da violência.

    Deixar que a serpente saia da sua casca, para cumprir a sua função, é um mau princípio para os que ficam depois ao pé da dita serpente

    A humanidade já perdeu muito por ter tolerado o desenvolvimento da besta. A 2ª grande guerra, da responsabilidade do nazi-fascismo, deixou demasiados mortos para podermos pactuar com esta gentalha. E depois é olhar o que aconteceu aqui no nosso país, ou ao nosso lado, com o terrível horror que foi a Guerra Civil de Espanha e para o período subsequente que se lhe seguiu, onde mais de 20 anos após o seu término, ainda se fuzilavam sumariamente "rojos" ou tidos como tal

    Ai de quem pensa aplacar tal besta,convidando-a, ou por medo ou por engano, para a vida civilizada.

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  4. Não foi só a imprensa portuguesa a se enganar na cobertura do Brasil, ainda esta madrugada houve grande debate entre correspondentes franceses no Brasil sobre esse tema. Mas sendo o Brasil um país tão próximo, a imprensa portuguesa tinha obrigação de ter uma cobertura mais isenta. Mas não: desde o começo caíram na equação Lula=Maduro, usando como fonte jornais como o Globo e Estado e a Folha, que estavam no golpe. Porque a questão é que o golpe/eleição começou em 2016. Teve uma fase Eduardo Cunha, uma fase Moro, e uma fase final Bolsonaro. A fase Cunha, ou seja a da destituição da Dilma foi mais ou menos ignorada. As pessoas riram-se muito dos deputados. A fase Moro já foi da idolatria, ele era o grande combatente contra a corrupção, esquecendo todos os entorses à lei, as ligações submersas mas documentadas com o DOJ americano. Foi a época do PT-bashing. Agora á se vê quem é Moro: o sujeito que prendeu o vencedor das eleições. Agora choram porque o Bolsonaro ganhou fraudolosamente com o apoio da Lava-jato e parte da magistratura. Esse espalhanço da imprensa portuguesa vem da péssima qualidade dos correspondentes dos jornais portuguese no Brasil, se é que existem. Gente sem conhecimentos e sem escrúpulos, gente sem qualidade que discute política nos restaurantes de ricos em S.Paulo, que não conhece nada do Brasil. E vem do desprezo e despeito português pelo Brasil. Um país de mais de 200 milhões falando a nossa língua e cuja população é em boa parte de origem portuguesa. Já viram o Reino Unido desprezar os EUA? Pois é. Eu desde há dois anos que tento escrever para os diretores de jornais e mesmo para os correspondentes alertando-os para o erro da cobertura. Nunca tive resposta. Um só jornalista não se enganou: Miguel Sousa Tavares, que desde o primeiro dia "matou a charada". Lamentável. Aliás o estado da imprensa em Portugal é lamentável em geral. Essa gente formada em jornalismo não vale um caracol. A falta de meios não explica tudo.

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  5. Caro Jorge, excelente artigo. Subscrevo todas as palavras. E acrescento que para haver "debate", mesmo tendo existido o convite, tem de haver participantes. Como se compreende que pessoas como o Elísio Estanque aceitem debater com este nojo, com este aspirante a neofascista, inculto e rasca? São tiros no pé imperdoáveis. Muito mal anda a Academia quando alunos convidam fascistas e professores aceitam debater com eles...
    Um abraço e obrigado pelo artigo.

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  6. É lamentável que tal convite tenha sido feito. Agora que o foi, Ventura provavelmente ganhará mais se o convite for retirado. O melhor que se pode esperar é que o debate passe despercebido. Só não percebo o que fazem lá os outros intervenientes... Estar presente em tal sítio e aceitar debater com Ventura implica normalizar o seu discurso.

    Mas eu disse-lhe um dia, Jorge Bateira, a propósito do Brexit, que, sendo o populismo uma arma de dois gumes, aqueles que à Esquerda então sorriam ainda haviam de chorar.

    O seu colega João Rodrigues continua a defender que se a mensagem for a correta, não há problema em despacharmos as instâncias de intermediação 'burguesas' entre os líderes políticos e os cidadãos (característica universal dos populismos, da Esquerda à Direita).

    Mas sucede que elas servem também para defender quem quer que se encontre na posição minoritária, sejam os negros, os gays, os judeus ou os professores 'comunistas'...

    Depois de todos estes processos populistas, eu gostava que ou você ou o João Rodrigues me citassem um caso, um só, onde a Esquerda não acabou cilindrada por eles (e não só por erros próprios, cabe dizê-lo). E não apenas os odiados social-democratas, mas todos...

    E vão esperando vão, que Corbyn, esse desaparecido do combate político, acabe a ganhar as eleições no RU...

    Ainda se lembra do que me respondeu na altura?

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  7. A que propósito vem esta frase:

    "Mas eu disse-lhe um dia, Jorge Bateira, a propósito do Brexit, que, sendo o populismo uma arma de dois gumes, aqueles que à Esquerda então sorriam ainda haviam de chorar"?

    Jaime Santos,para além de repetidamente olhar para o seu umbigo e de se repetir desta forma cansativa, compreenderá o que se denuncia neste post?

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  8. De como um texto que de forma exemplar concita todos a abrirem os olhos e a não pactuar com o fascismo sai este comentário de JS é um mistério

    Ainda para mais assistimos àquela deselegância formal de,a propósito de um texto , JS se atirar a outro autor deste blog. É feio. Por mais que a tentação de JS tente deturpar o que JR disse, este é um processo de propagandista pouco honesto. Com a agravante que se desvia do tema do post.

    Fá-lo-á de motu próprio?

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  9. Será que a denúncia de JB incomoda tanto JS que este tem que fugir para o "populismo"?

    Porque a seguir temos puro paleio. Para ser honesto JS deveria ater-se ao que João Rodrigues diz sobre os "populismos". Como se sabe há vários, nunca este macaqueado populismo referido assim desta forma ligeira por JS. A "arma de dois gumes" é a imagem de marca utilizada neste caso,mas se virmos bem qualquer arma o é.

    Ora o que se passa e que o que está aqui em causa é muito mais do que o "populismo". Não foi por isso que bolsonaro ganhou eleições e basta ler o texto de Pedro de Souza para percebermos que a coisa é muito mais funda e perigosa

    Para sermos claros, "as instâncias de intermediação #burguesas" não serviram para defender quem quer que se encontre na posição minoritária

    Como se viu no exemplo brasileiro. Pelo que os negros, os gays, os judeus ou os professores 'comunistas' de facto não estão protegidos de nada perante a ameaça fascista por tais instâncias intermediárias". Mais, estas muitas vezes contribuem para assistirmos a golpes de estado institucionais, como por exemplo no Brasil, onde o poder judicial se encarregou dos negócios mais sujos

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  10. Jorge Bateira, não estou convencido que o melhor é censurar figuras como André Ventura.

    Recentemente, um famoso teórico das conspirações americano, conhecido por posições radicais, foi alvo de um acto coordenado pelas multinacionais que resultou na sua exclusão das redes sociais.

    Já depois deste caso, foram banidas das redes sociais páginas e contas de media dissidente ligadas à esquerda.

    Os alvos da censura não são os alienantes e radicais direita, o objectivo real é censurar a esquerda, aqueles que fazem a crítica do sistema, sempre foi...

    Os algoritmos da Google, Facebook, Twitter são escritos por alguém, e esse alguém pode não gostar do Jorge...

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  11. Colam-se rótulos de fascistas e neo fascistas, anti democratas, a uns e outros. Mas, o que me intriga é que um suposto fascista como Trump ainda não permitiu que o complexo industrial militar iniciasse mais guerras. Quantas guerras fez eclodir o democrata Obama? E se Hillary Clinton tivesse ganho, em quantas guerras já teria lançado os USA?

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  12. Está distraído o anónimo. É olhar para a retirada prometida no Afeganistão. Com os efeitos que se conhecem
    E para a Síria então...
    Mas tem razão no que diz respeito ao belicismo de Obama e Hillary

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  13. Aqui, hoje, no DN, na caixa de comentários de uma notícia sobre o Brasil, um replicador de bolsonaro dizia o seguinte:

    "ditadura era onde estavamos, com o projeto kit gay de lei PL 122, como a de maduro a esquerda queria proibir os pais, partores e padres de dizer para crianças que homosessualismo e pecado, punido com 3 anos de cadeia, tirando a liberade religiosa das pessoas, e interferindo na educação dos pais".

    Com o mesmo estilo de bolsonaro, e bolsando as mesmas alarvidades.

    Esta espécie de comentário foi repetido na mesma notícia. Mas encontra-se noutros locais. O sujeito que a escreve é assumidamente um personagem fictício

    Hoje em Portugal, jornais ditos de referência, deixam passar esta propaganda abjecta e inqualificável

    Ao serviço como sempre de gente que não tem escrúpulos.

    O fascismo nunca os teve

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  14. Eu já protestei junto à ERC: os jornais têm de ser responsáveis por tudo o que publicam incluindo a correspondência dos leitores. Claro que ninguém respondeu. Eu compreendo que os jornais precisem do facebook e outras coisas do mesmo tipo, mas tem que se controlar essa porcaria toda. Já há tentativas europeias de taxar essas empresas, mas é tudo feito com luvas de pelica. Aí está um bom combate para a esquerda. O pior é o What's up que eles dizem ser completamente fechado. Que fazer? proibir? Por que não? Coragem! A China e a Rússia controlam essas porcarias americanas, a Europa tem meios de fazer isso também. O Bolsonaro ganhou as eleições graças a essas mensagens. Nem interessa o conteúdo: foram pagas por empresários e o financiamento da campanha deveria ser totalmente público. Também riscaram entre 3 e 4 milhões de pobres das listas por não terem se inscrito na biometria, que agora identifica os eleitores. Eleitores de quem? Mas os jornalistas e comentaristas aqui não percebem que a lei no Brasil é usada contra os pobres. É como a liberalização das armas: dizem que o Bolsonaro as vai "regular". Não é assim que as coisas se passam lá. Só o fato de dizerem que pode ter arma e atirar no dia seguinte há mais um milhar de mortos, e ninguém é condenado: quem matou a Marielle? O desconhecimento da realidade brasileira por parte dos comentaristas de jornais portugueses é total: todos com base em jantares com gente de dinheiro e leitora de jornais das 5 famílias. É uma vergonha e um perigo. Vamos ter isso aqui se não tomarmos cuidado.

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  15. Pedro de Souza tem razão.

    Ou actuamos também aí ou a serpente engolir-nos-á

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  16. "A ascensão de Bolsonaro foi facilitada por uma conjunção sem precedentes de factores tóxicos, como o enorme impacto social do crime no Brasil, que levou a uma crença generalizada na repressão violenta como única solução; a rejeição concertada do Partido dos Trabalhadores, catalisada pelo capital financeiro, pelos latifundiários, pela agro-indústria e pelos interesses oligárquicos; um tsunami evangélico; um sistema de "justiça" que historicamente favorece as classes superiores e encarnado por juízes e procuradores com "formação" financiada pelo Departamento de Estado, incluindo o conhecido Sérgio Moro, cujo firme objectivo, durante a alegada investigação Lava Jato, contra a corrupção, foi enviar Lula para a prisão; e a total aversão à democracia de amplos sectores das classes dirigentes brasileiras...

    É impossível compreender a ascensão do bolsonarismo fora do contexto da Guerra Híbrida, extremamente refinada, que foi desencadeada no Brasil pelos suspeitos usuais. A espionagem da NSA – desde a gigantesca petrolífera Petrobrás até ao telemóvel da então presidente Dilma Rousseff – já era conhecida desde meados de 2013, depois de Edward Snowden ter revelado que o Brasil era o país mais espionado da América Latina.

    A Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, rendida ao Pentágono, sempre foi favorável a uma militarização gradual – mas ininterrupta – da política brasileira alinhada aos interesses de segurança nacional dos EUA. O programa das principais academias militares norte-americanas foi adoptado sem reservas pela Escola Superior de Guerra.

    Os gestores do complexo industrial-militar-tecnológico do Brasil sobreviveram sem problemas à ditadura de 1964-1985. Aprenderam tudo sobre operações psicológicas com os franceses na Argélia e com os americanos no Vietname. Ao longo dos anos, evoluíram o seu conceito de inimigo interno; não apenas os proverbiais "comunistas", mas a Esquerda no seu conjunto, assim como as amplas massas de brasileiros espoliados.

    Isso levou à situação vigente de generais a ameaçar juízes, se libertassem Lula. O vice-presidente de Bolsonaro, o generalito Hamilton Mourão, chegou a ameaçar com um golpe militar se não ganhassem. O próprio Bolsonaro disse que nunca "aceitaria" a derrota.

    Esta militarização progressiva da política combina perfeitamente com o caricatural Congresso Brasileiro BBBB (Bala, Boi, Bíblia, Banco).

    O Congresso está praticamente controlado por forças militares, policiais e paramilitares; pelo poderoso lobby da indústria agrícola e mineira, com o seu objectivo supremo de pilhar totalmente a floresta amazónica; pelas facções evangélicas e pelo capital da banca/finanças. Comparem isso com o facto de que mais de metade dos senadores e um terço do Congresso enfrentam processos criminais.

    A campanha de Bolsonaro usou todos os truques conhecidos para fugir a qualquer possibilidade de um debate na TV, fiel à noção de que discutir política é para perdedores, especialmente quando não há nada a debater.

    Afinal, o principal conselheiro económico de Bolsonaro, o boy de Chicago, Paulo Guedes – actualmente sob investigação acusado de fraude de seguros – já tinha prometido "curar" o Brasil, servindo-se dos feitiços de sempre: privatizar tudo; eliminar os gastos sociais; acabar com as leis laborais e o salário mínimo; deixar o lobby do Boi saquear a Amazónia; e aumentar as armas nas mãos dos cidadãos a um nível superior ao estipulado pela Associação Nacional dos Rifles.

    Não admira que The Wall Street Journal tenha classificado Bolsonaro como um normal "populista conservador" e "drenador do pântano-Brasil"; esta designação esquece os factos e ignora que Bolsonaro é um político menor que só conseguiu aprovar dois projetos-lei em 27 apagados anos no Congresso".

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  17. "Embora as grandes massas, muito mal informadas, tenham progressivamente tomado consciência dos golpes sujos da enorme campanha manipuladora de Bolsonaro no WhatsApp – uma saga tropical pós-Cambridge Analytica; e apesar de Bolsonaro afirmar, em directo, que os adversários só teriam duas opções depois das eleições de domingo, a prisão ou o exílio, isso não foi suficiente para deter o Brasil duma marcha inexorável para uma distopia, uma Teocracia Evangélica das Bananas militarizada.

    Em qualquer democracia madura, um grupo de empresários – com contabilidade clandestina – que financiasse uma campanha de notícias falsas no WhatsApp, com múltiplos tentáculos, contra o Partido dos Trabalhadores e contra Haddad, o candidato de Lula, seria considerado um enorme escândalo.

    O WhatsApp é extremamente popular no Brasil, muito mais do que o Facebook; por isso tinha que ser devidamente instrumentalizado nesta mistura brasileira de Guerra Híbrida ao estilo da Cambridge Analytica.

    A tática foi totalmente ilegal porque foi financiada por doações à campanha, não declaradas, assim como doações de empresas (proibidas pelo Supremo Tribunal do Brasil desde 2015). A Polícia Federal do Brasil iniciou uma investigação que terá o mesmo destino da investigação que os árabes sauditas fizeram a si mesmos no fiasco da Pulp Fiction em Istambul.

    O tsunami de notícias falsas foi gerido pelos chamados bolsominions . São um exército voluntário de super leais, que castigam quem quer que se atreva a pôr em causa o "Mito" (é assim que se referem ao líder), enquanto manipulam conteúdos, sem interrupção, em memes, vídeos falsos virais e variadas expressões de ira do "enxame Bolso".

    Imaginem o escândalo de Washington se os russos interferissem nas eleições norte-americanos, usando as mesmas tácticas que os EUA e as suas elites compradoras usaram no Brasil."

    Pepe Escobar, Jornalista, brasileiro

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  18. O avô do Vicente Ferreira não tencionava comentar, mas entretanto leu tudo o que aqui se escreveu. E entendo (eu sou o avô do Vicente Ferreira) que por dever de cidadania tenho de aplaudir o artigo do Jorge Bateira que, aliás, não conheço. E que não precisa do meu aplauso. Mas, pelo sim, pelo não ele aqui fica

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  19. ‘Queremos saber quem financiou as notícias falsas na eleição’, cobra Manuela
    Citando uma matéria publicada pelo Congresso em Foco, a deputada estadual e vice na chapa presidencial de Fernando Haddad, Manuela d’Ávila (PCdoB-RS) cobrou a apuração do esquema de disparo de notícias falsas por parte da campanha de Jair Bolsonaro que o levou a ser eleito

    De acordo com pesquisa IDEIA Big Data/Avaaz, 83,7% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) acreditaram na informação de que Fernando Haddad (PT) distribuiu o chamado kit gay para crianças em escolas quando era ministro da Educação. No último dia 15, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que a informação era um fake news e proibiu Bolsonaro de acusar seu adversário no segundo turno de distribuir material que, segundo ele, estimulava a pedofilia.

    A pesquisa aponta ainda que outras quatro notícias falsas compartilhadas pela campanha de Bolsonaro também tiveram forte influência na escolha eleitoral. Segundo a pesquisa, 98,21% dos eleitores de Bolsonaro entrevistados foram expostos a uma ou mais mensagens com conteúdo falso.

    Conforme a sondagem, 40% das pessoas ouvidas disseram ter mudado de posição nas últimas semanas de “oposição ou com dúvidas sobre” Bolsonaro para “decididos” ou “considerando votar” nele. Isso no mesmo período em que essas notícias falsas atingiram o ápice de popularidade nas redes.

    Ainda de acordo com o levantamento, a fake news que ficou entre aquelas em que os eleitores de Bolsonaro mais acreditaram está a que dizia que haveria fraude nas urnas eletrônicas. Para 74% dos seguidores dele, essa informação era verdadeira.

    A notícia falsa que atribuía a Haddad a defesa da prática do incesto e da pedofilia também foi uma das que os eleitores de Bolsonaro acreditavam ser verídica".

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  20. Embora atrasado o avô do Vicente Ferreira também subscreve.

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