A população activa representa a população disponível para produzir, esteja empregada ou desempregada, e constitui um indicador da vitalidade, da capacidade de atracção do mundo do Trabalho.
A direita e o governo digladiam-se sobre quem tem o mérito da retoma do emprego iniciada na segunda metade de 2013, fortemente empurrada desde 2015. Mas tanto uma como outro esquecem-se de ir mais fundo. O certo é que a população activa só iniciou a sua recuperação desde o 2º trimestre do ano passado. Este facto dá uma ideia da destruição acumulada, verificada nos anos de chumbo da política da troica abraçada pela direita e que se mantém em vigor, embora fortemente atenuada pela política de rendimentos seguida por este governo e por um ambiente externo favorável. Mas o pano de fundo é o mesmo.
Inquérito ao Emprego, INE |
1) do 1ºtrimestre de 2011 até ao 1ºtrimestre de 2013, a população activa reduziu-se 166,8 mil pessoas;
2) do 2º trimestre de 2013 ao 1º trimestre de 2017, em que continuou a cair - menos 99,4 mil pessoas;
3) e do 2º trimestre de 2017 até agora em que subiu 44 mil pessoas, mas com avanços e recuos.
Esta evolução é possível de ser desagregada ainda mais, nomeadamente por escalões etários. Verifica-se um esvaimento da população activa jovem entre 15 e 34 anos: menos 353,9 mil de 2011 até agora, muitos deles tendo saído do país, sabe-se lá se definitivamente. Mesmo a faixa dos 35 aos 44 anos está a reduzir-se: menos cerca de 70 mil desde 2011 até agora. Por outro lado, está a aumentar a população activa com idades entre 45 e 64 anos (mais 234,5 mil). Essa assimetria assume claramente - e num curto espaço de tempo de 7 anos! - a estranha forma de um Z.
Quando se estima as variações anuais acumuladas (desde o 1º trimestre de 2011), o retrato torna-se ainda mais evidente. O Governo pode alegar que a descida das faixas da população activa mais jovem se tornaram menos pronunciadas. Mas o problema é que continuam a descer.
Este não é, de todo, o retrato de que a direita ou o governo se podem regozijar. Ele revela um dos lados menos sãos da actual situação laboral do país. O governo está consciente disso, mas as soluções preconizadas - benefícios fiscais - são a resposta errada e ineficaz para atacar esta situação. Nenhum assalariado irá trocar um rendimento elevado ainda que fortemente tributado por um rendimento baixo ainda que fracamente tributado. Essa proposta tem uma faceta, porém, que pode raiar o cinismo: mesmo que algum assalariado aceite a proposta, como os salários em Portugal são baixos, logo são fracamente tributados. Reduzir a metade o seu IRS pago será, possivelmente, um fraco esforço público.
Era importante que o Governo e o PS se consciencializassem de que há sérios problemas de estrutura que conviria olhar com calma, sem pressas eleitorais, numa ampla e lenta discussão, fora do debate político apressado e definido em função da comunicação social. Só isso trará votos sinceros. E já agora uma sociedade melhor.
Excelente reflexão João R Almeida.
ResponderEliminarConcordo que uns e outros não têm moral, pois não se importaram de, com as suas decisões arrogantes, gerarem cada vez mais miséria ao lado da opulência. Este sistema perde a cada dia legitimidade, mas não vai cair sem uma maior participação de trabalhadores, empregados e intelectuais e num maior envolvimento teórico sobre os aspetos contraditórios do capitalismo, que subordina uma desigualdade crescente dos rendimentos ao arrepio das evoluções tecnológicas. Neste contexto tem razão e justeza a análise de setores consequentes de esquerda ao defender um conjunto de dispositivos que além de procurar garantir a todos o seu próprio bem-estar individual, contribua também para que se tenha a impressão que se contribui para o bem-estar social. E nisso o PS tem uma responsabilidade em ultrapassar o quadro complicado que erradamente ajudou a implicar: A parte dos salários no valor acrescentado das empresas baixou continuamente durante as governações dos últimos 40 anos, deslocação considerável para os lucros à custa do desemprego e salários de miséria que não proporcionam uma vida compatível e digna à maioria dos portugueses.
M.Reis
É só um pedido para um post: o arrendamento ilegal e especulativo das casas/quartos nas grandes cidades.
ResponderEliminarObrigada
Maria
É aqui a secção de discos, digo, posts pedidos?
ResponderEliminarPosso pedir um post?
Pode ser uma análise das propostas populistas nos vários países europeus?
As afinidades e alianças de Iglésias do Podemos, Mélanchon, Sahra Wagenknecht e o movimento Aufstehen, etc.
O Guardian publica uma análise "morna" das eleições suecas, sem grande fulgor mas com uma frase interessante:
"Smaller and non-mainstream parties are poaching votes from the big parties on both sides of the left-right divide. Data shows the Sweden Democrats, for example, gained support in almost exactly equal measure from the centre-left Social Democrats and the centre-right Moderates."
Tradução automática:
"Os partidos menores e não-mainstream estão a roubar os votos dos grandes partidos em ambos os lados da divisão esquerda-direita. Os dados mostram que os Democratas da Suécia, por exemplo, obtiveram apoio em quase exatamente a mesma medida dos social-democratas de centro-esquerda e moderados do centro-direita."
É caso para dizer "com pregos Alcobia isto não acontecia!", que é como quem diz, com o movimento Aufstehen de Sahra Wagenknecht isto não acontecia!
S.T.
« A parte dos salários no valor acrescentado das empresas baixou continuamente durante as governações dos últimos 40 anos,...». Talvez por outro ângulo:
ResponderEliminarhttps://www.pordata.pt/Portugal/Poupança+e+ordenados+salários+no+total+do+rendimento+disponível+dos+particulares+(percentagem)-710
https://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela
Variação do valor acrescentado das empresas 2008-2016
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
2,80% -4,53% -0,54% -5,93% -7,24% -2,92% 3,93% 6,53% 4,51%
«, como os salários em Portugal são baixos, logo são fracamente tributados».
ResponderEliminarDevemos estar a falar dos coitadinhos.
Quem vestir uma camisa lavada em cada dia já bebe pela medida grande.
"O certo é que a população activa só iniciou a sua recuperação desde o 2º trimestre do ano passado. Este facto dá uma ideia da destruição acumulada, verificada nos anos de chumbo da política da troica abraçada pela direita e que se mantém em vigor, embora fortemente atenuada pela política de rendimentos seguida por este governo e por um ambiente externo favorável."
ResponderEliminarDeixou para o fim da oração, mas escapou-lhe a pena para a verdade!
A idiotia chegou às camisas lavadas
ResponderEliminarPor vezes pensamos que o pobre joão pimentel ferreira precisa de un caderninho para ir anotando os disparates que vai dizendo e para ir procedendo à sua correcção.
ResponderEliminarPercebe-se que a matemática não seja o seu forte. A lógica matemática então está pelas ruas da amargura. Que vá aprender a disjunção e a conjunção.
Se não quiser ir por aí, então que vá aprender directamente o português básico
"O certo é que a população activa só iniciou a sua recuperação desde o 2º trimestre do ano passado.
Este facto dá uma ideia da destruição acumulada, verificada nos anos de chumbo da política da troica abraçada pela direita e que se mantém em vigor,
embora fortemente atenuada pela política de rendimentos seguida por este governo
e
por um ambiente externo favorável."
O que escapou ao joão ferreira pimentel sabemos nós o que escapa. Agora vir fazer estas tristes cenas, desta forma tão cansativamente repetida é sinal de mau prognóstico
Há por aí alguma agitação de um tal jose sobre este post.
ResponderEliminarUma agitação curiosa.
O tema "poupança" pode conduzir-nos à demonstração que durante a austeridade patrocinada pela governança Troikista/ Passista / Paulista aquela sofreu com a deterioração salarial dos portugueses que viram, para cúmulo, salários e pensões serem roubados para benefício da banca e de outros passarões.
É bom não esquecer aqueles tempos vergonhosos e os seus patrocinadores encartados e por encartar
Um relatório recente da OIT – GLOBAL WAGE REPORT 2016/2017: Wage inequality in the
ResponderEliminarworkplace – revela que Portugal é o país da União Europeia onde as desigualdades salariais
no trabalho são mais elevadas.
"Segundo a OIT, Portugal é precisamente o país da União Europeia onde a diferença entre o
grupo dos 10% com salários mais elevados e o grupo dos 10% com salários mais baixos
(P90/P10) é maior, sendo os dos 10% mais elevados cerca de 5 vezes superiores (a média na
U.E. é 3,5 vezes). Se a comparação for feita entre o grupo 1% com salários mais elevados e o
grupo dos 10% com salários mais baixos a diferença aumenta já para 12 vezes. Mas se a
comparação for feita com os administradores a diferença é abissal. Por ex., em 2016, António
Mexia, presidente executivo da EDP, recebeu, como remuneração (fixa e variável) 2.036.000€,
conforme divulgaram os órgãos de informação, o que dá uma média de 145.428,5€ por mês
(14 meses), o que corresponde, por dia, a 4.847,6€, certamente 2 ou 3 vezes superior ao que
recebe por mês a maioria dos trabalhadores da EDP."
Percebe-se assim a idiotice manhosa e rasca de quem vem aqui falar nos "coitadinhos". Solidariedades e cumplicidades como os Mexias deste país.
"Mais importante, porque é a base e torna mais grave a desigualdade anterior, é a repartição da riqueza criada (PIB) entre o Trabalho e o Capital
ResponderEliminarA contradição fundamental em qualquer sociedade capitalista é a que existe entre o Capital,
aqui entendido como os proprietários dos meios indispensáveis à produção quer de bens e
serviços, e o Trabalho aqui constituído pelos trabalhadores que têm de vender a sua força
de trabalho para obterem um salário para que eles e as suas famílias possam viver/sobreviver.
Segundo o INE, em 2016, os trabalhadores por conta de outrem, os que recebem ordenados e
salários, representavam 82,2% da população empregada (eram 3.787.200), enquanto os
patrões, também chamados “empregadores”, que se apropriaram do chamado “Excedente
Bruto de Exploração”, representavam apenas 4,7% da população empregada (eram 219.500).
Dados recentes divulgados pelo INE, revelam que os trabalhadores foram os mais penalizados durante a crise, nomeadamente com a politica de austeridade imposta ao país pelo governo PSD/CDS e pela “troika”, enquanto os patrões até foram beneficiados porque viram aumentar a parcela percentual da riqueza criada anualmente no país de que se apropriam. A “Parte dos salários e ordenados no PIB”, entre 2007 e 2015, diminuiu de 36,2% para 34,1%, enquanto o “Excedente Bruto de Exploração”, de que se apropriam os patrões, subiu de 40,9% para 43% do PIB.
A repartição do rendimento estudada anteriormente entre o Trabalho e o Capital, é
aquela que os economistas designam por “repartição primária”. No entanto, esta repartição é
ainda agravada por uma repartição enormemente desigual da carga fiscal.
Segundo dados divulgados pela Autoridade Tributária e Aduaneira do Ministério da Finanças,
em 2015, dos 82.475 milhões € declarados para efeitos de IRS, 62% eram rendimentos do
Trabalho, 29,54% eram rendimentos de pensões, que somados aos do Trabalho davam já
91,54% de todos os rendimentos declarados para efeitos de IRS. Os rendimentos da
categorias E, F e G (rendimentos de capital e de propriedade) representavam apenas 2,77%
de todos os rendimentos declarados nesse ano para efeitos de IRS. Os rendimentos da
categoria B (independentes, ou seja de Trabalho e de outras fontes) representavam somente
4,99% dos rendimentos declarados para efeitos de IRS. É evidente que os rendimentos de
trabalho e de pensões são os mais fortemente penalizados com esta “repartição secundária”
do rendimento o que determina que o rendimento disponível, aquele com que fica os
trabalhadores (aquele levam para casa no fim de cada mês) seja muito inferior"
(Eugénio Rosa)
Discordo profundamente do Sousa Tavares, visto que a UE tem uma série de virtudes e pilares que nenhum império da antiguidade conseguiu alcançar, e por isso a UE sofre, exatamente devido a essas virtudes:
ResponderEliminar- Não tem exército nem qualquer intuito bélico (excetuando raras exceções de alguns estados membros como RU ou França, que estão longe de representar a União);
- Baseia-se no princípio da Paz, e de facto nunca a Europa desde o tempo dos Clássicos teve um período de Paz tão longo vai para mais de 70 anos;
- Nunca um império ou federação conseguiu "unir" pela via da Paz povos culturalmente tão diferentes em línguas e costumes.Basta ler um pouco de História (faz falta às pessoas lerem História), particularmente a História da Europa nos remotos anos 1930, para percebermos o que nos acontecerá a todos caso voltemos aos espartilhos nacionalistas.
João pimentel ferreira aonio eliphis
ResponderEliminarSe bem se lembra todas estas idiotices já foram desmentidas. Todas. Quer os links?
A mesma miséria de aonio eliphis, já aqui esmiuçada e debatida. Com o picante de ser adornada de muitas outras cenas cómicas, abandonadas entretanto pelo próprio pimentel ferreira tal o grau de comicidade. E de alguma linguagem escatológica do próprio , a consolidar que não passa de.
ResponderEliminarPor exemplo:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2017/03/dizer-o-indizivel.html
https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2017/05/apoiado.html
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/02/marxistas-de-ontem-marxistas-de-hoje.html
https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/03/quo-vadis-ue.html
Caro José,
ResponderEliminarNinguém está a vitimizar ninguém, se bem que quem ganhe um SMN não viva em muito boas condições na actual situação. Em vez de catologar, era melhor discutir ideias e propostas. Assim talvez pudéssemos evoluir todos. Os gráficos da Pordata que propôs têm várias leituras. A primeira, o peso dos salários no PIB tem vindo a descer desde a crise 2007/2008. É um facto. De igual forma, o peso da poupança tem vindo a descer, algo que vai a par dessa informação, sobretudo num ambiente que somos todos alvo de apelos ao consumo. Não vejo em que é que essa informação ajuda ao seu argumento sobre a necessidade de congelamentos ou redução dos salários.
Caro Ulisses,
Deve estar desatento, o que não diz mal de si. Já aqui foi escrito que, desde que a nossa moeda ficou quase indexada ao marco alemão, o ritmo de andamento da economia portuguesa tem vindo a ser síncrono com o europeu. Nada de mais. Isso levar-nos-ia a discutir se deveria ser síncrono, mas é o que há neste momento. Se não fosse, talvez conseguíssemos atenuar mais o arrefecimento económico externo. Talvez. Mas é uma boa discussão.
"João pimentel ferreira aonio eliphis
ResponderEliminarSe bem se lembra todas estas idiotices já foram desmentidas. Todas. Quer os links? "
Realmente se isto é o melhor que a trollfarm europeísta consegue fazer é tão indigente que até perde a graça.
aónio-ulisses-pimentel-cunhal-ferreira parece que até já está a pedalar ao lado da bicicleta.
Coragem homem! Senão depois em quem é que eu arreio? LOL
S.T.