quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Do Estado desintegrado

O Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) é a enésima ilustração de como, PPP a PPP, privatização a privatização, se desintegrou um velho Estado. No trágico ano passado, todo um trajecto sórdido, que começou entre a Sociedade Lusa de Negócios e o governo, ficou à vista de um país também, desta forma, mais inseguro.

Um ano depois, uma empresa construída pelo Estado estratega e destruída pelo Estado predador, a antiga PT, agora Altice Portugal, na mão de estrangeiros, acaba de declarar, com toda arrogância de que o capital sem freios e contrapesos é capaz, que o Estado português é um “parceiro” do SIRESP. Um parceiro, notem. Minoritário, notem. A confirmar-se, é a impotência democrática total neste governo de demasiados anúncios: nem o SIRESP querem, conseguem, controlar publicamente.

Quando escrevo isto, uma torrente de palavras feias, que estou proibido, e bem, de escrever pelas regras deste blogue, desce até às pontas dos dedos. Este caso parece ser tão expressivo. O desespero passará.

12 comentários:

  1. Conformemo-nos, que o dinheiro é muito essencial a carreiras e salários e mamas várias.

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  2. Lá sai uma oração do josé às mamas. Muito essencial e etc etc etc

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  3. (O “conformemo-nos “ era o início habitual das orações, naqueles repastos organizados pela legião e em que se exigia a submissão da ordem à Ordem Nova.

    Coisas que josé sabe tão bem, que agora volta ao tema, enquanto se perfuma com a recordação da tropa fandanga do seu regime )

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  4. Um bom post, curto mas certeiro.

    Nota-se sim, o termo parceiro é uma outra forma de assegurar e demonstrar a captura do Estado pelo capital monopolista e rentista, que aquilo que mais gosta é encostar-se ao Estado e drenar de forma segura e garantida a renda certa.
    Neste caso, em concreto, não saberemos até que ponto é que esta amizadezinha Macron/Costa terá funcionado da melhor forma para a Altice, mas aquilo a que assistimos é mais uma demonstração da captura e subjugação do Estado, entregando um bem comum, absolutamente indispensável, aos interesses privados.

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  5. Destruiu-se, João Rodrigues, um Estado que estava há muito coxo também porque fez o favor de nacionalizar uma data de empresas obsoletas nos idos de 1975, lembra-se? Um Estado que passou por três bancarrotas, a primeira cortesia da 'Economia de Abril' do PCP e compadres, a segunda para permitir à AD ganhar uma maioria absoluta, pontificava então no Ministério das Finanças um Silva, Cavaco de seu segundo nome e a terceira às mãos de Sócrates. E nem vale a pena falar do Estado Corporativo de Salazar, que fazia gáudio de ter um País atrasado...

    Nem todas as empresas públicas eram casos de sucesso como a PT ou os CTT, e estas muito por causa da sua situação de monopólio. A CP sempre deu problemas e a TAP também...

    Por isso, faz muito bem em engolir esses insultos todos. Era capaz de ter que dirigir uns quantos aos seus companheiros de viagem...

    A não ser que, claro, ache que os disparates da governação da Esquerda são desculpáveis à luz da conquista das 'amplas liberdades', enquanto os da Direita não, porque são obra da reação... Mas olhe que já nem sequer Catarina Martins ou Ricardo Robles alinham por esse diapasão...

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  6. É impossível não nos sentirmos enojados perante tudo isto. Não há justiça, não há igualdade, não há dignidade, não há nada para lá do poder daqueles que hoje determinam os contornos da nossa vida. Com a provisão publica levaram também as pessoas, hoje somos todos de alguém. Quem foram os que atentaram contra nós? Quem nos colocou nesta tão vulnerável condição?

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  7. Não ter a maioria é um bom princípio que torna menos provável infestar a empresa de boys.

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  8. 3 bancarrotas?

    Jaime Santos pensará que está a falar para quem?

    Quando se deu a bancarrota da honestidade e da transparência em Jaime Santos?

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  9. Às 2:52 temos o sobressalto de uma pobre alma que não sabe o que lhe aconteceu.
    Insone, estremunhado ou em qualquer estado de similar inquietude, conclui faltar-lhe a provisão pública que lhe assegure o sono que não é negado a aves de capoeira.

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  10. As “ bancarrotas” versão Jaime Santos

    A primeira foi cortesia A segunda para permitir a vitória e a terceira às mãos de Sócrates ( os outros estavam lá só para ajudar a mãozinha do dito)

    Eis a visão deste homem arguto que é Jaime Santos

    Com pessoas assim percebe-se o verdadeiro sentido da coisa, das coisas com verdadeira sentido de classe. Mais os disparates da direita e da esquerda assim distribuídos como que a justificar todas as traições

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  11. Um muito excelente post

    Escreve João Rodrigues:

    "O Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) é a enésima ilustração de como, PPP a PPP, privatização a privatização, se desintegrou um velho Estado. No trágico ano passado, todo um trajecto sórdido, que começou entre a Sociedade Lusa de Negócios e o governo, ficou à vista de um país também, desta forma, mais inseguro.

    Diz um comentador anónimo:

    "o termo parceiro é uma outra forma de assegurar e demonstrar a captura do Estado pelo capital monopolista e rentista, que aquilo que mais gosta é encostar-se ao Estado e drenar de forma segura e garantida a renda certa."

    Dirá Jaime Santos:

    "um Estado que estava há muito coxo também porque fez o favor de nacionalizar uma data de empresas obsoletas nos idos de 1975, lembra-se?..."

    O que nos lembramos dos idos de 1975 é outra coisa. E o Estado ficou coxo, com as privatizações que se sucederam e com a reposição das grandes fortunas dadas de mão beijada por quem o queria mesmo coxo

    Dirá ainda Jaime Santos:

    "Nem todas as empresas públicas eram casos de sucesso como a PT ou os CTT, e estas muito por causa da sua situação de monopólio. A CP sempre deu problemas e a TAP também... "

    A governação miserável do bloco central de interesses não só destruiu os casos de sucesso, não só passou para o bolso de privados os rendimentos que estes geravam, como deixou afundar outras empresas, provavelmente com o intuito de arranjar argumentos para a sua posterior privatização

    Quanto à situação de monopólio...vemos como os casos de sucesso continuam a fazer entrar bons rendimentos nas mãos dos que a receberam assim do estado. E como o monopólio dos CTT se afunda, para benefício dos proprietários e ruína dos portugueses

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  12. O Estado vai pagar 2,5 milhões de euros pela participação de 33,3% no SIRESP a uma empresa falida cujos activos deviam ter sido nacionalizados em 2008: a Galilei, antiga dona do BPN.

    A participação minoritária no consórcio que gere a rede nacional de emergência e segurança que o Estado vai comprar à Galilei (ex-Sociedade Lusa de Negócios) tem um preço de 2,5 milhões de euros, afirmou o administrador judicial da empresa que está falida ao Público.

    Este era um dos activos dos donos do BPN em que o governo de José Sócrates (PS) escolheu não tocar quando o banco foi nacionalizado, numa operação que custou, pelo menos, 3,66 milhões de euros. Caso contrário, o actual Governo do PS podia ter conseguido alcançar a maioria do capital, já que o falhanço em relação à promessa feita em Outubro do ano passado resultou do exercício do direito de preferência pela Altice, outro dos accionistas.

    Pelo controlo do SIRESP, ou seja, pelas participações da Esegur (12%) e da Datacomp (9,5%), a Altice vai gastar menos que o Estado pela posição minoritárias: apenas 1,7 milhões de euros.

    O Público dá ainda conta, que o anúncio de que o Estado vai ter a maioria na comissão executiva do SIRESP e a presidência do conselho de administração só vale até Março de 2019, de acordo com o sistema de rotatividade em vigor. Depois disso, é a vez de a Altice nomear o presidente e qualquer alteração a esta prática implica necessariamente o aval da transnacional, tendo em conta que tem a maioria do capital.

    O controlo público do consórcio que gere a rede nacional de emergência e segurança, entregue a privados por governo do PSD e do CDS-PP, e também do PS, foi decidido pelo Governo em Outubro passado e anunciado pelo então recém-empossado ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, como uma das principais decisões do conselho de ministros extraordinário que se seguiu aos grandes incêndios que se iniciaram a 15 de Outubro.

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