terça-feira, 24 de abril de 2018
24 de Abril, nunca mais!
Liberdade em segurança
Os réus entraram. Três. Fardados de azul. De escudo a tiracolo e viseira erguida.
O juiz pôs a touca com um pequeno jeito de mão direita. Afirmou:
- Levante-se o queixoso.
O queixoso estava deitado. Não se levantou.
- Tem alguma coisa a acrescentar quanto à sua arguição contra os réus? - insistiu o juiz, dando outro pequeno jeito na touca.
O queixoso nada disse. Continuava deitado.
- Dadas as circunstancias atenuantes e outras, declaro os três réus inocentes. O queixoso demonstra à sociedade ser provocador. E silencioso. Revolucionário alterante de ordem estabelecida. Desestabilizador da liberdade em segurança. Que os réus, absolvidos, se retirem. Em segurança e liberdade.
Os três réus perfilaram-se. Fizeram a continência com a mão direita. E sairam. Pela porta da direita.
Sairam os meirinhos. Pela porta do fundo.
E também o juiz. Já sem touca. Pela porta da frente.
Saíram todos.
O queixoso não. Estava deitado, como já tive oportunidade de informar. Com cinco tiros no baixo-ventre. E morto.
Mário-Henrique Leiria
O ridículo é arma dos fracos.
ResponderEliminarO José é a alma dos trastes.
EliminarUm grande texto de Mário-Henrique Leiria
ResponderEliminarUm grande obrigado a Paulo Coimbra pela lembrança
A questão é mesmo esta
ResponderEliminarPercebe-se o incomodo de quem fala em ridiculo e em fracos. É que quem assume esta postura estava na altura ao lado dos torcionarios
E achava o queixoso um ser ridículo. Também por ser tão fraco que continuava deitado, só por ter cinco balázios no baixo- ventre.
24 de Abril nunca mais!
ResponderEliminarO 25 de Abril foi mesmo uma excelente prenda que muitos souberam fazer.
Fracos e fortes?
ResponderEliminarÉ mau. Tem iam cheirinho a darwinismo social
Porque será?