Há quem pense que o consumismo é bom para o crescimento económico e a criação de emprego. Segundo este raciocínio, se as pessoas consumirem mais as empresas investem mais, criando emprego e obtendo lucros, que servem por sua vez para gerar mais consumo e mais investimento. Em termos genéricos faz sentido pensar assim. No entanto, as economias não são todas iguais e os produtos de consumo também não – o que faz toda a diferença.
Isto não é novidade nenhuma, mas a actualização recentemente feita pelo INE dos dados sobre conteúdos importados das várias componentes da procura agregada permitem ilustrar bem o que está em causa (a tabela anexa foi retirada do Boletim de Inverno do Banco de Portugal).
No que respeita ao consumo privado (feito pelo conjunto dos indivíduos e famílias portuguesas), é clara a diferença entre bens duradouros e não-duradouros. Cerca de metade dos primeiros – onde se incluem automóveis, produtos electrónicos, electrodomésticos, etc. – é produzida fora do país. Isto significa que o aumento do seu consumo tem efeitos moderados na actividade económica e no emprego em Portugal. Por contraste, só 1/5 dos bens não-duradouros consumidos vêm do exterior.
As diferenças ainda são mais marcadas quando se trata de investimento. Quando as empresas compram máquinas, equipamentos e material de transporte (incluindo os “automóveis da empresa”), quase ¾ do que gastam vai para fora do país, por envolver bens importados. Quando se trata de construção, só 1/6 é importado.
O que muita gente não nota é que também as exportações têm uma forte componente de importações. Isto é especialmente verdade quando se trata da exportação de bens: por exemplo, grande parte do que a Autoeuropa ou a Galp exportam (automóveis e petróleo refinado, respectivamente) tem por base produtos importados (componentes de automóvel e petróleo em bruto). A exportação de serviços (onde se inclui a prestação de serviços de transporte, alojamento e restauração a turistas que visitam Portugal) tem uma componente importada muito menor.
Já o consumo público – determinado essencialmente pelos gastos do Estado nos serviços públicos de saúde, educação e protecção social – tem uma componente de importações diminuta.
Estes dados sobre o conteúdo importado do consumo, do investimento e das exportações são indispensáveis para pensar a política económica de um país como Portugal, que tem uma tendência histórica para défices externos e uma dívida externa acumulada que é das maiores do mundo (e que é uma fonte permanente de instabilidade).
Há algumas mensagens que importa reter daqui:
1) Aumentar muito as exportações não deve ser um fim em si mesmo, pois não significa necessariamente reduzir muito a dívida externa, principalmente quando se trata da exportação de bens.
2) O estímulo ao investimento em capacidade produtiva deve ser altamente selectivo - e, desejavelmente, acompanhado de um maior esforço de desenvolvimento de capacidade tecnológica endógena.
3) A despesa social do Estado não só contribui para aumentar a equidade e o bem-estar da população (e, a longo prazo, para aumentar a produtividade), como tem um impacto directo reduzido no agravamento da dívida externa (ao contrário que vários tipos de consumo privado).
4) O consumo privado contribui tanto mais para a actividade económica quanto menos se basear nalguns dos produtos que são hoje vistos como símbolos de estatuto social. No dia em que formos consumistas não tanto em automóveis, smartphones e festivais de música, mas na utilização intensiva de transportes públicos, na compra de bens alimentares de produção local, no investimento em educação e formação, em visitas a monumentos históricos e áreas protegidas nacionais, ou em idas ao teatro e outros espectáculos produzidos por cá, aí sim poderemos dizer que o consumismo faz bem à economia.
A bondade do consumo público é feita à custa de impostos que cerceiam outras actividades e não faltam pópós e outros bem importados.
ResponderEliminar"O consumo privado contribui tanto mais para a actividade económica quanto menos se basear nalguns dos produtos que são hoje vistos como símbolos de estatuto social. No dia em que formos consumistas não tanto em automóveis, smartphones e festivais de música, mas na utilização intensiva de transportes públicos ..."
ResponderEliminarExcelente post. É necessário começar já a construir uma lista do que deve e não deve ser consumido pela população.
Ainda estou em choque com este post: e o aumento do consumo interno, consequência da reposição de rendimentos das famílias, motor imprescindível para o crescimento económico?!
ResponderEliminar"No dia em que formos consumistas não tanto em automóveis ..."
ResponderEliminarHá aqui um equívoco: nós consumimos automóveis alemães porque somos obrigados pela Merkel. Não é uma escolha.
teatro vs. festivais de música. Elitismo?
ResponderEliminarAntes de «uma lista do que deve e não deve ser consumido pela população» seria mais prudente definir o que pode ser consumido pelos deslumbrados 'titulares de cargos públicos' desde o 1º ao 3º sector.
ResponderEliminarAnónimo das 10h42, sabe que isso já é feito, certo?
ResponderEliminarSinceramente não sabia. Onde é possível consultar?
EliminarNo Orçamento de Estado, na parte referente aos impostos especiais sobre o consumo, na parte relativa aos beneficis fiscais sobre o consumo e nas partes relativas a todos os serviços públicos que podem ser considerados bens públicos.
EliminarQuais têm sido as classes que mais têm contribuído para o défice externo e para essa divida acumulada? O que será que permitiu a essas classes fazer alterarem o seu padrão de consumo? Que país é esse sem automóveis, smartphones, electrodomésticos e sem festivais de musica? E já agora que país desenvolvido vive da componente em que somos fortes turismo, restauração e afins? A esquerda anda perdida no seu próprio discurso.
ResponderEliminarCaro Ricardo:
ResponderEliminarJulgo que a incorporação de produtos importados nas exportações da Autoeuropa não pode ser colocada ao nível da Galp.
Pelo que tenho lido os fornecedores "nacionais" representam 50% a 60% dos fornecimentos da Autoeuropa.
Se a incorporação nacional nas exportações da Autoeuropa for, por exemplo, de 30%, e o volume de negócios no proximo ano for de 3.000 milhões (com a duplicação da produção do novo modelo), tal significa que a empresa contribuirá com 1.000 milhões para as n/exportações (líquidas das importações).
Posto isto, a título de comparação note-se que:
- o sector do calçado nacional (c/aprox.35.000 trabalhadores e muitas empresas) vale aprox. 2.000 milhões nas exportações;
- e o sector do fabrico de moldes nacional(c/centenas de empresas) vale aprox. 600 milhões nas exportações.
E, lembre-se que mesmo estes dois sectores "nacionais" têm alguma incorporação de matérias primas importadas.
......
Julgo que o conjunto das fábricas em Portugal de capitais Alemães e Franceses, tais como: Autoeuropa, Bosh, Continental, Leica, Siemens, Peugeot Mangualde, Renault Aveiro, Faurecia, etc, representa no total uma parte muito significativa nas n/exportações, mesmo que se exclua das mesmas a incorporação das importações.
Taríamos de considerar, por seu lado, o conteúdo importados da produção dos fornecedores nacionais da Autoeuropa. Note que considero a presença da Autoeuropa muito positiva, é um dos exemplos de IDE que vale a pena, em larga medida pelos efeitos de arrastamento e esternalidades de conhecimento que acarreta,independentemente de alguns problemas que sempres se colocam. Neste post está apenas em causa a questão do conteúdo importado, que é muito relevante, principalmente em volume.
EliminarA parte que faltava para se compreender outras está aqui é a que faltava para compreender algo mais, e da qual ninguém fala. É que no que somos exportadores, também somos importadores.
ResponderEliminarUm post muito oportuno a chamar a atenção para algumas questões que tem passado despercebidas.
ResponderEliminarE que deixa por aí um ou dois ressabiados. E nem aquele sorrisinho amarelo permite esconder o facto
No alvo ao que parece
Não deixa de ser curioso que uma análise objetiva daquilo que contribui para o aumento das importações (e de algum modo da dívida externa, o principal calcanhar de Aquiles de Portugal desde sempre, provavelmente) gere tanta censura, como se dizer a verdade representasse uma tentativa de coarctar a liberdade de escolha das pessoas. Um falcão fiscal de Direira soberanista provavelmente subscreveria na íntegra a análise do Ricardo Paes Mamede. Se fosse honesto, claro está.
ResponderEliminarBravo pela análise. Mas deixo uma ressalva. É que se os gastos sociais públicos em si não contribuem para os desequilíbrios de fala, suspeito que o investimento em equipamentos públicos, esse sim, contribui. A importação de tecnologia médica, ou para a investigação científica, por exemplo, é um mal necessário dado que o País nunca conseguirá pela sua dimensão produzir tais equipamentos.
Quanto à nota relativamente ao turismo, bravo mais uma vez pela admissão, que custará algo a engolir a alguns dos seus colegas de blogue, que esta forma de prestação de serviços tem um contributo bem positivo para a Economia. Pode não ser muito excitante um País dedicado a esta atividade (onde muitos dos empregos são precários, bem sei), mas não há dúvida que é ela que põe pão na mesa de muita gente.
Parece-me que não faríamos mal em voltar a ler o que Michael Porter escreveu nos anos 80, quando deixou muita gente, que tem uma admiração algo pacóvia pela tecnologia, escandalizada por ter aconselhado que Portugal deveria era concentrar-se em setores tradicionais onde já faz as coisas bem.
E isto sem descurar a investigação e o desenvolvimento, mas uma vez mais lembrando aquilo que o Ricardo disse aqui atrasado, quando deu uma pedrada no charco (como já tinha dado acerca da 'reindustrialização') e criticou a intenção do Governo em aumentar em muito o investimento nestas áreas.
Não há milagres para tornar a Economia sustentável, mas o primeiro passo deveria ser torná-la menos dependente da contração de dívida ao exterior...
Não basta de facto aumentar o consumo interno.
ResponderEliminarÉ necessário aumentar a nossa produção e limitar as importações, nomeadamente de produtos supérfluos. Produtos tão queridos às nossas elites.
A UE, o euro, a Alemanha, Cavaco deram cabo das nossas pescas, agricultura, indústria pesada. É necessário reanimar estes sectores. É necessário mesmo uma lista do que deve e não deve ser consumido pela população.
Esperando que não sejam necessários muitos sais de fruto para a nossa burguesia muito cosmopolita.
A trollitada anda doida e assanhada e em desespero já lê o que não está escrito.
ResponderEliminar" A bondade do consumo público é feita à custa de impostos que cerceiam outras actividades"?
ResponderEliminarEssa choraminguice sobre os impostos já cheira mal. Justificou e justifica o desvio de somas fabulosas para os offshores.
Por exemplo,assim falava jose da fuga fiscal e da "subsistência" de quem mais tem:
"O que não correm (nos offshores) é risco de confisco, o que evitam são os cretinos dos impostos sobre a fortuna, o que acautelam é que a penhora decorrente de avales e outros riscos garantam a subsistência de quem corre riscos de investimento".
Agora esta espécie de requiem em torno dos impostos que cerceiam "outras actividades". Uma dessas actividades é a fuga fiscal para os bordéis tributários. Outra é para assumidamente garantir a subsistência das taxas de lucro num nível adequadamente elevado
Deslumbrados titulares de lugares públicos? 1º ao 3º sector?
ResponderEliminarQuem serão? Os do primeiro sector,aqueles comanditados directamente por Cavaco, que reuniam à sombra dos órgãos de chefia do PSD e que tinham nomes como Dias Loureiro e Oliveira e Costa?
Os do segundo sector serão por exemplo o Passos Coelho, com os 6 700 000 milhões desviados pela tecnoforma?
Os do terceiro sector serão os boys do bloco central que se prestaram por exemplo às mais variadas infâmias nos anos de governação de Passos Coelho e que oneraram o estado mercê de contratações ligadas a avultadas indemnizações?
E o poder económico que vai ocupando directa ou indirectamente os lugares públicos? Ou vice-versa? Um António Borges, um António Mexia, Um Durão Barroso?
Ou tudo isto não será apenas o ódio de classe às funções sociais do Estado?
Mais o incómodo pela defesa neste post de RPM da nossa independência económica e da nossa prosperidade?
É que assim os credores e os agiotas podem sair prejudicados
O chocado das 12 e 09 está em choque
ResponderEliminarEm choque estamos nós pelo referido chocado estar neste estado. Não conseguiu perceber o que leu, coitado
"A despesa social do Estado não só contribui para aumentar a equidade e o bem-estar da população (e, a longo prazo, para aumentar a produtividade), como tem um impacto directo reduzido no agravamento da dívida externa (ao contrário que vários tipos de consumo privado)"
ResponderEliminarEsta deve ter sido a frase que irritou sobremaneira os detractores das funções sociais do Estado.
Numa mesma frase defende-se a despesa social do Estado, mostra-se que tal contribui para a equidade e o bem-estar e que esta ainda permite aumentar a produtividade.
E que tem um reduzido impacto no agravamento da dívida externa
É demais
A defesa da indústria automóvel da Alemanha tem adeptos vários.
ResponderEliminarE fala-se de automóveis alemães e do seu consumo, com este tom despiciente de quem acha que são coisas por demais vulgares e adquiridas.
Num país em que há cerca de 2 milhões de pessoas a viverem na pobreza, as prioridades do desenvolvimento económico não devem estar voltadas para uma pequena elite privilegiada que continua a sonhar com Mercedes, viagens a resorts de luxo e importação de produtos sofisticados para as tias e tios de Cascais e afins
"teatro vs. festivais de música. Elitismo?"
ResponderEliminarQual elitismo qual carapuça
Basta saber ler e ter dois dedos de testa.
"áreas protegidas nacionais, ou em idas ao teatro e outros espectáculos produzidos por cá".
Este tipo de consumismo faz bem à economia nacional,porque o dinheiro fica por cá, tem uma componente de importações desprezível e permite criar postos de trabalho no país
Já os festivais de música... é ver para onde vai o dinheiro dos cachets pagos aos artistas convidados, na sua maioria estangeiros...e reparar quanto engorda o bolso dos grandes produtores deste tipo de espectáculos.
Mas aí podem perguntar ao genro do Cavaco
"Michael Porter escreveu nos anos 80, quando deixou muita gente, que tem uma admiração algo pacóvia pela tecnologia, escandalizada por ter aconselhado que Portugal deveria era concentrar-se em setores tradicionais onde já faz as coisas bem."
ResponderEliminarPor exemplo agricultura,pescas,industria pesada...que foram aniquiladas por Cavaco ao som dos desejos do centro da europa e do peso do euro
"Um falcão fiscal de Direira soberanista "?
ResponderEliminarO que é isto?
Quer etiquetar os falcões fiscais de direita como soberanistas?
É porque não os falcões fiscais de direita como europeístas, a começar pela elite financeira alemã?
A leitura atenta do post de RPM leva a algumas conclusões curiosas, que desinquietam alguns dos nossos europeístas convictos.
ResponderEliminarE a quem defende as políticas de baixos salários ( "põe pão na mesa de muita gente"....tal como Salazar dizia em relação ao vinho ?
E a quem defende a submissão aos ditames do euro, por impossibilidade de sermos um país soberano.
Ainda para mais tendo como corolário a defesa do Estado Social
"A esquerda anda perdida no seu próprio discurso."
ResponderEliminarIsto parece uma profissão de fim de algum neoliberal profícuo. Falta é prová-lo.
No que respeita ao consumo privado (feito pelo conjunto dos indivíduos e famílias portuguesas), é clara a diferença entre bens duradouros e não-duradouros. Cerca de metade dos primeiros – onde se incluem automóveis, produtos electrónicos, electrodomésticos, etc. – é produzida fora do país. Isto significa que o aumento do seu consumo tem efeitos moderados na actividade económica e no emprego em Portugal. Por contraste, só 1/5 dos bens não-duradouros consumidos vêm do exterior."
ResponderEliminarNão foi por nada que nos pagaram peanuts para darmos cabo da nossa indústria pesada.
Cavaco foi um excelente ponta-de-lança.A Europa do centro pagou para depois fazer a festa à nossa custa
Por aí há quem diga que não devemos retomar a nossa actividade industrial para não tirar o pão da boca dos alemães que dele se apropriaram
Quanto ao consumo dos bens não duradouros ...tudo fizeram para ficarmos a depender ainda mais deles. Lembram-se da ruína em que tentaram transformar a nossa agricultura e pescas?
A conclusão é lógica:
ResponderEliminar"O consumo privado contribui tanto mais para a actividade económica quanto menos se basear nalguns dos produtos que são hoje vistos como símbolos de estatuto social.
Há que assim atacar directamente este consumo ( sem nos escudarmos continuamente atrás da tecnologia médica, ou da investigação científica; esta como se sabe foi quase decapitada pela acção do governo de Passos Coelho e a emigração da nossa melhor juventude uma das suas principais causas)
Há que taxar os produtos luxuosos importados, caros a uma burguesia endinheirada e cosmopolita.
Há que privilegiar os transportes colectivos, a nossa produção cultural, a nossa produção alimentar, a nossa educação e formação
Fundamental também é o relembrar de algo perpetuamente esquecido pelos arautos das exportações uberalles.
ResponderEliminarEstas podem ter uma "forte componente de importações. Isto é especialmente verdade quando se trata da exportação de bens: por exemplo, grande parte do que a Autoeuropa ou a Galp exportam (automóveis e petróleo refinado, respectivamente) tem por base produtos importados (componentes de automóvel e petróleo em bruto)". Por outro lado "a exportação de serviços (onde se inclui a prestação de serviços de transporte, alojamento e restauração a turistas que visitam Portugal) tem uma componente importada muito menor."
As conclusões deixam assim aflitas largas franjas dos economistas do sistema e colocam directamente em causa o seu discurso oficialista, oficioso e mediático
"Aumentar muito as exportações não deve ser um fim em si mesmo, pois não significa necessariamente reduzir muito a dívida externa, principalmente quando se trata da exportação de bens".
Pelo que "o estímulo ao investimento em capacidade produtiva deve ser altamente selectivo - e, desejavelmente, acompanhado de um maior esforço de desenvolvimento de capacidade tecnológica endógena".
O que o centro da europa tem feito para ficarmos completamente dependentes da sua tecnologia, com base numa divisão do trabalho em que somos relegados para as tarefas de serviçais duma europa senhorial
Mas há um outro dado extraordinário no que RPM apresenta:
ResponderEliminar"O consumo público – determinado essencialmente pelos gastos do Estado nos serviços públicos de saúde, educação e protecção social – tem uma componente de importações diminuta".
E "a despesa social do Estado não só contribui para aumentar a equidade e o bem-estar da população (e, a longo prazo, para aumentar a produtividade), como tem um impacto directo reduzido no agravamento da dívida externa (ao contrário que vários tipos de consumo privado)".
O desmontar de mitos, a defesa do reforço do estado social, da justificação das despesas relacionadas com este e da relação que aquela tem no bem-estar da população.
Bem interpretado e potencial alvo de calúnias, mal interpretado e alvo de calúnias, aldrabada a sua interpretação e potencial alvo de distorções, este é um texto importante, que no fundo nos convoca a assumirmos a condução dos nossos destinos
Também económicos, sociais,culturais, como Nação, claro está.
Muitos parabéns pelo post! Esta é uma das razões pela qual sou defensor da descida da taxa de IVA da restauração promovida pelo atual governo e acho que a sua subida foi uma tontice do Vítor Gaspar, foi daquelas medidas em que percebi que o tipo que tinha aquele ar sério e supostamente muito credível na altura afinal não percebia muito do que andava ali a fazer.
ResponderEliminarInfelizmente não existem muitas medidas fiscais permitidas no âmbito da legislação europeia que consigam beneficiar muito mais as empresas portuguesas do que as estrangeiras, mas esta é uma delas.
No outro dia disse à minha família que o consumo em restauração ajuda muito mais a economia portuguesa do que a compra de um automóvel e ficaram bastante espantados, pois o consumo em restauração é visto pela maioria das pessoas como algo de supérfluo e a compra de um automóvel como um consumo mais responsável
"Os avanços conseguidos no corrente ano não permitem no entanto ultrapassar os problemas estruturais que a nossa economia enfrenta e que resultaram de décadas de políticas de destruição e alienação do nosso aparelho produtivo aos interesses privados e estrangeiros.
ResponderEliminarA evolução da nossa balança de mercadorias com um agravamento de perto de 30% entre Janeiro e Outubro de 2017, comparativamente com igual período de 2016 e com reflexos na balança de bens intermédios e na balança de bens de consumo, espelha bem como a aceleração do ritmo de crescimento da nossa economia pode induzir de imediato desequilíbrios na nossa balança comercial e consequentemente problemas no seu financiamento.
Só com uma política económica que promova o investimento público, invertendo uma tendência que se arrasta há anos e anos de desinvestimento, que incentive a substituição de importações por produção nacional e que promova o crescimento de exportações de elevado valor acrescentado nacional poderá impedir que, sempre que a nossa economia cresça a um ritmo um pouco superior, o nosso país corra o risco de entrar num novo período de desequilíbrio da nossa Balança Corrente.
Este é o risco mais significativo que a nossa economia, num ano com alguns avanços conseguidos, vai ter de enfrentar nos tempos mais próximos".
(José Alberto Lourenço)