Na audição parlamentar do ministro Vieira da Silva sobre o caso da IPSS Raríssimas, o CDS protagonizou um episódio próprio de um grupo liceal de meninos-bem (1h31). Portou-se de tal forma que foi o próprio ministro a deixar no ar o
que poderia ter sido interpretado como "empolar este caso pode ter consequências graves para o terceiro
sector", um sector de quem o CDS se diz protector...
Aquele que supostamente deveria ter sido - pelo menos a julgar pela pressão mediática na semana anterior - o momento decisivo contra o governo, tornou-se num desbaratamento de forças em duas horas: o ministro do Trabalho entrou - como ele próprio admitiu - sensibilizado pela sua ligação institucional à IPSS e saiu reforçado como um ministro adulto, consciente dos seus deveres, e leal ao Estado.
Para quem não viu a sessão, o PSD - através de um dos poucos deputados que não detém qualquer cargo social (Clara Marques Mendes) - acusou o ministtro de actuar tardiamente, depois de tantas denúncias sobre "irregularidades".
O CDS -através de um deputado que não detém qualquer cargo social (António Carlos Monteiro) - fez o número do dia: foi mostrando, um a um, os diversos ofícios de denúncia do tesoureiro da IPSS (igualmente na mão da TVI), para concluir que o ministro actuou mais rapidamente após a reportagem da TVI do que com as denúncias do tesoureiro. Poderia ter sido eficaz, mas foi infantil. A intervenção da secretária de Estado da Segurança Social (2h41) colocou em perspectiva o que se passara: as denúncias tinham sido lacónicas, genéricas, formais, e todas tinham sido remetidas para a fiscalização dos serviços, que abrira uma investigação em Julho de 2017. As denúncias de gestão danosa tinham sido remetidas para o Ministério Público, com prevalência legal sobre outras investigações sectorais.
Segundo ataque do CDS: o ministro que assinou um protocolo em nome do Estado em que a IPSS se afirmava uma fundação, que não o era, e que acabou por nunca o ser, porque os serviços tutelados pelo ministro o negaram. Vieira da Silva negou ter assinado o protocolo, prometeu remeter cópia. Frisou a diferença entre a intenção política de se criar uma instituição fundacional e a determinação se teria condições para tal (revelando que o ministro estaria a favor da criação da fundação). E aproveitou a discrepância para dizer que, afinal, os serviços teriam ido contra o ministro, o que mostrava não ter havido favorecimento!
No final, o que é que restou? A jornalista Ana Leal - que se mostrou em plena sintonia argumentativa com o CDS - sublinhou-o a seguir à sessão: 1) Uma relação entre o ministro e a presidente da IPSS a ponto de a ter chamado ao seu gabinete; 2) o facto de a investigação dos serviços tutelados pelo ministro não ter ainda resultado em nada, o que deveria forçar a que rolassem cabeças. Já não a do ministro, mas a dos seus subordinados. Risível!
Na verdade, houve questões que o ministro deixou no ar:
1)"Eu estarei aqui, senhores deputados, para vos garantir que DESTA VEZ não haverá nenhum relatório da inspecção que fique por homologar"(2h58). Que relatório a que instituição terá ficado por homologar? E por que ministro?
2) E outra mais importante que ficou por responder, por duas vezes - a perguntas do Bloco e do PCP e que talvez tenha a ver com a demora verificada nos serviços da Segurança Social - foi a de saber quantas pessoas estão nos serviços do Ministério que fazem inspecção. Por que foi que o ministro não o disse, por duas vezes?
Recordo-me, em 2001, de ter entrevistado o então secretário de Estado da Segurança Social Simões de Almeida e de lhe ter feito a mesma pergunta. Ele olhou para mim e disse-me que se recusava a responder-me. Porquê? Porque se respondesse, daria informação às diversas entidades de que a inspecção da Segurança Social era completamente ineficaz!
Mistério.
Dos meninos botox do Paulinho, que esperar? Agora meninos bem? Nunca na minha vida considerei esses meninos "bem", quanto mais, bem apresentados de quem os paisinhos se livravam mandando-os para colégios internos e que de vez em quando serviam para fazer um negociozito para salvar a família da bancarrota casando-os com um patego qualquer cheio de massa, agrário do Alentejo ou pato bravo da construção civil cujos pais poderiam manter a estudar em Coimbra ou Lisboa, caso contrário eram obrigados a casar dentro do coio.
ResponderEliminarPor algum lado se deve começar para mandar este assunto para a marginalidade que lhe corresponde. talvez o João possa dar o exemplo.
ResponderEliminarCaro José,
ResponderEliminarTem toda a razão, mas a direita no nosso parlamento insiste em torná-lo um tema nacional. Ainda hoje no debate quinzenal, lá voltou a repegar no assunto, até de uma forma bem mais atabalhoada e menos concretizada, como teria de ser para o tempo que tinham. É a vida. É assim que se reduz o valor médio do debate político.
Talvez o José pudesse falar com quem partilha mais as suas ideias e pudéssemos todos discutir o essencial e não marginalidades como forma de evitar o essencial, para o qual aparentemente não parecem ter qualquer ideia.
A marginalidade que merece este assunto é contrariada de facto pela acção continuada da direita e da extrema-direita, quer no parlamento, quer nos blogs onde pontifica, quer em múltiplos comentários nas caixas de blogs.
ResponderEliminarO próprio jose, que agora assim se lastima, queixava-se irritado, com a sua tradicional figura de estilo, contra o desmontar das atoardas insultuosas no parlamento:
"Que sabujice aqui vai a branquear tudo que é geringonço..."
Parece que o debate e a discussão da situação lhes deu cabo do argumentário em torno deste caso que envolve as IPSS....e mais não resta do que partir para outra "marginalidade".
Entretanto que se discuta mesmo o chamado terceiro sector, a transferência de verbas, a sua fiscalização e a identificação dos negócios"escuros" que constituíram uma "novidade" absoluta para alguns "distraídos" do ramo
Como diz o João, discutir estas questões essenciais:
ResponderEliminar"Tudo corre mal ao PSD e CDS e Maria Luis & Albuquerque emudeceu
O PIB subiu e teria subido muito menos se não fosse o aumento do consumo interno em consequência da devolução de rendimentos . E a devolução de rendimentos teria sido muito menor se os partidos à esquerda do PS e designadamente o PCP não tivessem " forçado "o governo e António Costa a avançar nessa direcção . A subida do consumo interno ajudou também a aumentar o investimento e ambos impulsionaram também a criação de empregos e do PIB. Como o défice é medido em relação ao PIB , o aumento deste conduz à redução relativa do défice o que permite hoje António Costa dizer o que se cita em baixo :
"O défice público medido em percentagem do produto interno bruto deverá ficar abaixo da meta de 1,4% este ano, anunciou o primeiro-ministro, esta terça-feira. Em 2017, Portugal terá assim o décimo défice mais baixo da Europa, justapondo com os dados recentes divulgados pela Comissão Europeia. Citado pela Lusa, António Costa disse que “Portugal saiu este ano do Procedimento por Défice Excessivo [na União Europeia], duas agências de ‘rating’ tiraram o país do nível de lixo, temos melhores condições de financiamento [nos mercados], o investimento privado bateu recordes, o desemprego continua a descer e o défice será este ano mais baixo do que o valor inicialmente estimado pelo Governo, que era de 1,5%. Depois a meta passou para 1,4%, mas o défice vai ficar abaixo de 1,4 "
Até as agências de Rating deles dão nota positiva..."
(Pena Preta)