Eis algumas contas sobre os resultados nacionais das diversas eleições autárquicas desde 2001. Valem o que valem.
Por "direita", considerou-se o PSD e o CDS, além das coligações entre esses partidos e outros, somando ainda o PNR. Por "esquerdas", o PS, a CDU e o Bloco de Esquerda, e quem tenha se coligado com o PS ou outras forças, como o MAS.
É interessante ver que não é apenas o PSD que está em crise. Toda a direita está em queda. E não conseguiu inverter a queda de 2013, após a sua governação desastrosa. Mesmo quando se observam as votações do CDS quando concorreu separadamente, a sua votação perdeu em 16 anos quase 44 mil votos face a 195 mil votos obtidos em 2001. Mais de 20%!
Lisboa é exemplar. No caso de Lisboa em 2017, tão empolado como um resultado histórico pelo CDS - e pela comunicação social que, face ao vazio da candidata do PSD, a cobriu quase duplamente - o CDS teve 52 mil votos, contra 28 mil do PSD. Ora, em 2001, separados, tiveram 156 mil votos. Em 2005, separados, tiveram 134 mil votos. Em 2009, coligados tiveram 108 mil. Em 2013, coligados - e em plena crise de confiança do povo português com a direita - tiveram 51 mil votos. Agora, separados, tiveram cerca de 80 mil. Não é propriamente uma festa nem um resultado histórico, pois não?
É igualmente interessante ver que é sobretudo a direita que é prejudicada pelas candidaturas de grupos de cidadãos, crescentemente apoiadas. Resta saber se esta é uma linha de fundo ou circunstancial. E se o PSD não será fustigado pela tenaz dos "independentes" e do CDS. Veremos.
À esquerda, e olhando para a longa linha do passado, parece não ter havido alterações de monta.
Mas isso não deve omitir o que se passou em 15 anos. Nesse período, se a direita perdeu 464 mil votos, o PS ganhou em termos acumulados 228 mil votos, o Bloco de Esquerda ganhou 108 mil votos sem ascensão desde 2001 - recorde-se que em 2001 teve 62 mil votos - mas muito aquém da sua votação para o Parlamento, enquanto que a CDU - com os seus 557 mil votos em 2001 - perdeu desde aí, em 16 anos, uns 68 mil votos. Ou seja, uns 12%, e muito possivelmente não definitivamente.
O PS - primeiro beneficiário de o PSD ter virado muito à direita - continua a ser o partido receptáculo da opinião média nacional quando o ciclo político vira à esquerda e quando a conjuntura aparenta facilitar o sentimento geral. Pedro Nuno Santos relativizou - em entrevista à RTP3 - o êxito do PS ao dizer que é normal que capitalize o sucesso da solução governativa - é o PS quem está no Governo. Mas esta afirmação apenas pode ter uma mensagem para os seus parceiros: participem no Governo e crescerão. Será mesmo isso que o PS quer?
A subida do PS, a par da melhoria da conjuntura económica, deve-se
também à radicalização do PSD que, por sua vez, afunda o PSD. Em
declarações sobre o novo PSD que se perfila, Ana Catarina Mendes dizia
que "os portugueses querem paz social. Não querem um PSD azedo, zangado
com os portugueses". E esta escolha de palavras, se normal num
discurso de vencedor, é sintomática da ideia que têm para o país. E há
já um PSD que quer responder a esta chamada. Marques Mendes já fala de
"recentragem", Pacheco Pereira critica o facto de o PSD ter matado as
suas origens, Ferreira Leite vinga-se lentamente de Passos Coelho.
O PCP, como força mais poderosa da esquerda à esquerda do PS, têm na verdade um desafio importante pela frente. Se estes valores autárquicos significam alguma coisa do contexto nacional, a condição do PCP obriga-o a ganhar espaço de autonomia de pensamento estratégico - não se prender na espuma das negociações - , e de ser capaz de mostrar que a visão do Governo - ou a sua falta de visão - e que a curta estratégia económica e social - ou a sua ausência - contribui para consolidar o legado estratégico da direita liberal, com consequências desastrosas para o país e para a felicidade das pessoas.
É o caso do campo laboral, parte essencial da vida dos portugueses, onde tudo está na mesma - com os salários a cair apesar da recuperação - e onde o PS nada quer mexer por receio da Europa, ou por uma questão de concentração de esforços ou, quem sabe?, mesmo em nome de uma "paz social" com o patronato. E é o caso ainda da estratégia de desenvolvimento do país em que o PS surfa preguiçosamente a onda fácil do turismo e da formação profissional financiada por fundos da UE, colando-se a um hipotético papel reformador da UE por parte de um Macron de direita liberal.
Se a ideia que passou foi a do PS ter domesticado a sua esquerda, a ideia que convinha passar é a de que o PS sem a sua esquerda vira à direita, uma direita antes ocupada pelo PSD. E parafraseando algo parecido ao que disse António Costa, quem se comporta como a direita, um dia acorda na sua cama.
Vamos a caminho do socialismo?
ResponderEliminarPois, Herr José, não confundir tão desejável trajeto com o irmos a caminho... do nacional-socialismo, está bem? Bem sei que o PNR concorreu a algumas - pouquíssimas, diga-se - autarquias do país, mas não faça a festa já, pois falta à minhoca muitíssima nutrição para que em jiboia se torne.
ResponderEliminarCaro José,
ResponderEliminarAcho que para a esmagadora maioria das pessoas que são contratadas desde 2013, acho bem que deverão sonhar com alguma coisa: chame-lhe socialismo, pós-capitalismo ou simplesmente uma vida feliz. Com certeza que me entende.
Não, não vamos ainda caminho do socialismo, o que é pena.
ResponderEliminarVamos sim a caminho de ensinar aquele génio de nome Passos Coelho a usar uma enxada
https://www.youtube.com/watch?v=vBM2r6xlyvs
Esta é uma das sua imagens de marca. Mas há mais. E algumas são imitadas até à suspeição por alguns dos seus.
Não é mesmo herr jose?
Emprego e progresso económico são seguramente ambições capitalistas. Melhor, são dados essenciais do capitalismo: sem emprego não há exploração, sem rendimento não há consumo; só o progresso económico acresce lucros.
ResponderEliminarQuando a esquerda não vai a caminho do socialismo, vai a caminho de quê?
A suspeita maior é que queira montar-se no Estado para parasitar o capitalismo e os desgraçados que que não cabendo no Estado o tenham que sustentar.
Agradeço ao das 00:27 o exemplo do verdadeiro espírito da direita: pouca treta e mais trabalho.
ResponderEliminar(Montar montava há tempos o Jose ufanando-se da sua pileca).
ResponderEliminar"Emprego e progresso económico são seguramente ambições capitalistas"
Um disparate enorme.Do tamanho do desespero de um moinante com toda a certeza à procura do espaço vital perdido.
E vão três
Quem andou a pedir mais desemprego foi este jose. Quem andou a aplaudir o ir mais além que a troika foi aquele génio de nome Passos Coelho. E também o jose.
Se quiser que se pespeguem as suas odes berradas e gratuitas, prenhes de "progresso económico" para os banqueiros e para os que se apropriam do trabalho alheio...é só dizer
Um parasita define-se como?
ResponderEliminarTambém pela exploração do trabalho alheio
"sem emprego não há exploração"...adivinha-se o salivar...
(e com um desemprego galopante, a exploração ainda é maior, não é mesmo?)
"O progresso económico" é sobretudo o progresso dos agiotas, dos credores e do grande patronato.
Esse é o "progresso económico" sempre defendido por este tipo.
Agora vem fazer este choradinho porquê? Para nos lembrarmos da teoria do "coitadinho" de Passos Coelho, mais a sua ramelice em torno dos "desgraçados" que fogem das suas obrigações fiscais ao colocarem o seu dinheiro nos offshores, vulgo bordéis tributários?
Lembrar-se-á este Jose do que andou a defender? Precisará de ajuda?
Agradecido e inquieto, Jose reforça o verdadeiro espírito da direita...
ResponderEliminarJá sabíamos.
Mais uma sua identificação com aquele génio de nome Passos Coelho. Apenas mais uma. A treta e a moinice de quem gosta de ver os outros trabalhar para lhe aumentar o pecúlio e o produto do saque.
ResponderEliminarCoelho...um pequeno bandalho, com tiques de prima-dona a arrotar postas de pescado,pensando que falávamos já em alemão
"Parasitar o capitalismo"??????
ResponderEliminarAhahahahah.
Esta só de alguém em desespero, com ou sem montada
Exatamente, Herr José, "pouca treta e mais trabalho" sempre de enxada nas mãos e do nascer ao pôr do sol, cantando alegremente o "Cara al Sol" ou "Deutschland Uber Alles".
ResponderEliminarEsse mimetismo de Jose face a Passos é notável. Um a imitar o outro. Um feito tramontano canalha a perguntar pela enxada. O outro a invocar o espírito da direita e a querer ser o capataz.E ainda se mostra agradecido pela figura que faz
ResponderEliminarQuando a esquerda não vai a caminho do socialismo, vai a caminho de quê?
ResponderEliminarA suspeita maior é que queira montar-se no Estado para parasitar o capitalismo e os desgraçados que não cabendo no Estado o tenham que sustentar.
Jose insiste, insiste, flecte, flecte.
ResponderEliminarAtente-se no silêncio:
_ no silêncio maior, enorme, trovejante sobre o denunciado no post - a crise na direita.
- No ainda silêncio sobre a enxada mais a solidariedade com o crapulazito do Senhor Don Passos, apanhado na contra-curva na sua postura pesporrenta e trauliteira.
- Ainda mais uma vez o silêncio agora sobre o seu próprio disparate idiota, que nem mesmo já serve como propaganda ao Capital. O seu "Emprego e progresso económico são seguramente ambições capitalistas" caiu, com a denuncia serena que quem andou a pedir mais desemprego foi este jose. E que quem andou a aplaudir o ir mais além que a troika foi aquele génio de nome Passos Coelho. E também o jose.
- Sempre o silêncio. Agora em torno daquele seu estupendo ( porque revelador) "sem emprego não há exploração"...
Adivinha-se o salivar. A exploração está-lhes no ventre, o saque nas garras.
- Sobre o reforço do verdadeiro espírito da direita...aí não é preciso silêncio. Um facto. Mais uma sua identificação com aquele génio de nome Passos Coelho. Apenas mais uma. Agora à sombra da enxada Passista
E então ao que Jose retorna?
A uns dois paupérrimos períodos a que ficou reduzida a sua vulgata
"Quando a esquerda não vai a caminho do socialismo, vai a caminho de quê?"
ResponderEliminarEsta dúvida inquietante, inquieta sobremaneira Jose.
Eis a preocupação de um assumido saudosista da época em que Salazar tinha razão, um agora assumido votante naquele traste de nome Passos Coelho, um conhecido direitista (eufemismo) dos 4 costados.
(Até onde vai a deriva desta gente?)
JRA já lhe deu uma resposta. "deverão sonhar com alguma coisa: chame-lhe socialismo, pós-capitalismo ou simplesmente uma vida feliz"
E não gostou. Debitou tretas sobre o "emprego " e o "progresso económico". Para a sua classe. De parasitas.
Ainda não vamos a caminho do socialismo. Mas há um objectivo concreto que se quer comum a toda a esquerda. Quer-se uma mudança radical desta sociedade de trampa em que o homem é o lobo do Homem.
Uma sociedade em que o Capital e as empresas e os empreendedores não sejam os donos do mundo.
Marx parece que afinal tinha razão
Tem Jose todavia uma suspeita, uma suspeita ainda por cima maior.
ResponderEliminarE fala em "querer montar o estado".
Aqui salta logo a imagem do próprio Jose, a vangloriar-se de montar a sua própria montada, coisa que parece ( segundo as suas próprias palavras ) dar-lhe muito prazer.
Mas deixando de lado tais brejeirices de Jose, assuma-se que para um apologista da doutrina económica de Salazar e do seu capitalsimo monopolista de estado, parece um pouco desbocado vir agora falar na montada do estado.
Tanto mais que sabemos, oh se sabemos, que durante anos a fio, montados no estado tivemos ( e temos) toda uma coorte de patrões e de empreendedores, boys e girls, funcionando em via directa para os seus interesses privados.
E foi ver o desfile de lugares governamentais serem ocupados por futuros administradores de empresas privatizadas... envolvidos aquando das suas funções no estado no processo de privatização dessas mesmas empresas.
E foi ver os perdões fiscais sucessivos atribuídos a quem procurava montar no estado
E foi ver as negociatas estranhas e não esclarecidas dos grandes patrões e dos governantes que montam no estado com os offshores
E é ver a desregulação do mundo do trabalho e o aumento do poder patronal face a quem trabalha. Precisamente montados no poder do estado, servido por zelotas servidores governamentais, ao serviço dos tais grandes empreendedores.
E é lembrar o que o próprio Jose defendia com os contratos de associação de colégios privados . A pura e completa montada do Estado ao serviço de meia-dúzia de donos de colégios privados, ávidos montadores do que é de todos.
A gargalhada vem todavia com a afirmação repetida do Jose ( quem disse que uma mentira mil vezes repetida se torna verdade?) sobre a "parasitagem" do capitalismo.
ResponderEliminarO capitalismo é por definição um sistema económico e uma ideologia baseados na propriedade privada dos meios de produção e na sua operação com o objectivo de obter lucro. Ao lucro se sacrifica tudo.
O processo notavelmente rápido de concentração da produção em empresas cada vez maiores, da elevação do nível de aperfeiçoamento técnico e do que aí decorre de aumento da produtividade do trabalho, de redução dos custos unitários de trabalho e do aumento da taxa de exploração é algo que hoje é inquestionável. Do que isso significa de ganho sobre outros capitalistas no livre jogo da concorrência, de anexação de capitais de menor rentabilidade e apropriação das mais-valias geradas pela força de trabalho que "comandam" é claro para (quase) toda a gente.
O que se passa é que o capitalismo é por definição predador. Assume o papel de rolo compressor das forças produtivas (de que o enorme exército de desempregados é exemplo) e pugna pela intensificação da exploração do trabalho.
Ou seja, o capitalismo é por definição, parasita. E parasita tudo ou quase tudo
Só mesmo uma sonora gargalhada pode pontuar a afirmação descabelada de Jose
"os desgraçados que não cabendo no Estado o tenham que sustentar" é o estertor final duma tentativa de retorno ao discurso oficial e oficioso de quem quer acabar com o Estado social e com as funções sociais do Estado.
ResponderEliminarO Estado é um bom estado quando serve os grandes interesses. Quando serve os desígnios securitários necessários e as necessárias guerras. Quando promove a descida do IRC e quando oferece perdões fiscais. Quando legisla no sentido da protecção do patronato e quando fragiliza sindicatos e trabalhadores. Quando rouba salários e pensões. Quando rouba dias de férias e feriados. Quando compromete o ensino público e um SNS.
Foi isso que o governo de Passos Coelho fez a um grau que colocou todos os envolvidos no processo de parasitagem a salivar e a pedir por mais.
E que agora se proclamam como seus justos viúvos.
Quanto ao sustento do estado...
Provavelmente jose está a fazer um acto de malabarismo. Quando aqui defendeu a fuga aos impostos por parte do Capital e dos grandes empresários estava a defender a pilhagem do estado.
Estava a defender os "desgraçados" da sua classe.
Porque os outros "desgraçados", os que trabalham e vivem à custa do seu trabalho...para estes há bastas afirmações de Jose a manifestar o que pensa deles e do que pensa da igualdade e da cidadania
...chamem-lhe alguma coisa, pelo menos deem-lhe um nome.
ResponderEliminarJose pede um nome?
ResponderEliminarUm nome para quê?
Para a crise na direita?
Para o verdadeiro espírito da direita consubstanciado na enxada mal enjorcada daquele traste do Passos Coelho?
Ou apenas o nome solicitado por Jose é apenas fado, é apenas treta?