quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A questão laboral na ordem do dia


Parece que as lutas de classes ganharam uma nova dinâmica e, se assim for, o seu desfecho vai determinar o futuro do continente europeu. Nos próximos tempos, a luta social e política terá no seu centro a questão laboral.

De um lado está Bruxelas e todos os governos, partidos e organizações patronais que não querem pôr em causa o modelo de sociedade preconizado pelos Tratados da UE. Para estes, é sagrado que o trabalho é uma mercadoria como outra qualquer e o seu preço deve baixar até se tornar idêntico ao das sociedades pouco desenvolvidas de outros continentes. Daí a necessidade de "flexibilizar" tudo. Se pudessem, acabavam já com o salário mínimo porque o consideram um entrave à baixa do preço da mercadoria até ao ponto de equilíbrio entre a oferta e a procura. Sim, porque se trata de um mercado como qualquer outro.

Do outro lado, estão os sindicatos (apenas os que merecem esse nome), as comissões de trabalhadores, as organizações e movimentos sociais que desde sempre defenderam a dignidade do trabalho, a sua justa remuneração e a progressiva conquista dos direitos sociais, as políticas económicas para o pleno emprego e, muito importante, um Código do Trabalho que defenda nos tribunais os mais fracos da relação laboral.

Em França, Macron aposta tudo nas "reformas estruturais" que eliminem o que ainda impede a total flexibilização do "mercado" do trabalho. Se vencer, teremos a dupla Merkel-Macron disposta a concretizar no século XXI uma sociedade o mais próxima possível do capitalismo do século XIX. Seria a regressão ao capitalismo selvagem de que fala a Rerum Novarum do Papa Leão XIII (1891).

22 comentários:

  1. O "salvador" maquilhado Macron não está a salvar a Europa, como alguns aqui e ali defendem, Macron e outros estão a tentar salvar um capitalismo decadente, também conhecido por neoliberalismo.
    A ironia é que ao tentarem salvar neoliberalismo, Macron e outros, estão a fixar pregos no caixão do capitalismo...

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  2. Porque é que a cooperação internacional se parece limitar aos encardidos da política e à traficância de multinacionais?

    Que tal as nossas centrais sindicais fazerem um protesto de solidariedade para com a luta dos trabalhadores franceses? Conforme é referido no post, esta luta transcende os trabalhadores franceses, façamos algo também!

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  3. O que os neoliberais fazem é muito pior do que apenas considerar o trabalho uma mercadoria. Eles agem deliberadamente no sentido de o desvalotrizar e de impedir a ação do vendedor de trabalho. No mercado livre nada impede o negociante de uma mercadoria de tentar valorizar o seu produto. Vemos por exemplo as empresas petrolíferas realizarem acordos de baixa de produção para fazer subir os preços. No caso da mercadoria trabalho, a luta sindical seria o equivalente a isso. O que se passa no liberalismo em relação á mercadoria trabalho é uma conspiração de empresas e estados neoliberais para a desvalorizar. Não é mercado livre, é ainda pior. O neoliberalismo como teoria económica é uma aldrabice. Fazem tudo e o seu contrário para desvalorizar o trabalho. Tanto recorrem ao mercado livre como á intervenção estatal para "baratear" os trabalhadores, impedindo o vendedor da mercadoria trabalho de agir livremente para a valorizar, o que seria uma violação do princípio do mercado livre.
    Na prática o mercado livre não passa de uma construção de propaganda, uma quimera irrealizávell. Porque as regras do mercado reail estão viciadas.

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  4. Um excelente, um muito excelente post de Jorge Bateira.

    E a colocar o dedo na ferida: as lutas de classes como motores da história.

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    1. Se apenas a luta de classes fosse o motor da história o capitalismo já tinha sido liquidado logo no século XIX, como Marx muito bem previu.

      Onde Marx se enganou é que a luta de classes não é o único motor. Se o fosse Marx teria acertado na sua previsão do fim do capitalismo.

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  5. Quais são as classes que estão em luta nas ruas?

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    1. Bem observado. A maior parte da classe trabalhadora apoia o capitalismo e não existe luta de classes a não ser por uma minoria. O PCP e o bloco, juntos não devem chegar aos 20% e boa parte do seu eleitorado não é marxista, mas vota neles apenas para compensar os excessos do neoliberalismo.

      Ss houvesse uma verdadeira luta de classes o capitalismo seria inviável.

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  6. Enquanto isso, neste nosso lindo e florido Portugal, anda o nosso queridíssimo Ministério da Educação a destruir a "escola do século XIX com professores do século XX" para, daqui a uns anos, os nossos capacitadíssimos "alunos do século XXI" serem desfeitos pelas engrenagens de um capitalismo dos inícios do... século XIX.
    Nada de novo: de X em X anos, a Europa suicida-se.
    Quanto a desejáveis protestos laborais pan-europeus, tomara a nossa única verdadeira central sindical - a CGTP - ainda conseguir mobilizar significativas massas de trabalhadores em assuntos que diretamente lhes dizem respeito... É que ainda há muita gente que ainda não entendeu uma coisa: a maior aliada da exploração desenfreada é a alienação das massas. O capital neoliberal sabe-o perfeitamente e põe os seus conglomerados mediáticos a concorrerem desenfreadamente para essa alienação geral que, infelizmente, ganhou fundas raízes entre o nosso povo. Não há lutas esclarecidas enquanto o alfa e o ómega da maioria das nossas gentes se situar entre os filhinhos de aviário do Ronaldo e as andanças lisboetas da Madonna. Ele há gente a passar fome? Pois ele há muita mais que pensa que come... E a lagosta enfarta os do costume, claro está. E quem come lagosta come-a de mansinho, tão de mansinho que até parece que se contenta com um simples e muito aguado caldo de galinha...

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  7. A ignorância deste Pedro é um espanto.

    Ó Pedro, antes de haver capitalismo ja havia luta de classes.

    Impressionante estes dislates ditos como se fossem verdades bíblicas

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  8. Sim, Vamos voltar a ter que escrever o que escreveu Leão III (Joaquim Pecci), há 126 anos: “(…) o monopólio do trabalho e dos papéis de crédito tornou-se o quinhão de um pequeno número de ricos e opulentos, que impõem assim um jugo quase servil à imensa multidão dos proletários” (Maio de 1891, A Condição dos Operários - Carta Encíclica Rerum Novarum)?
    Para onde volta o trabalho humano? https://www.publico.pt/2016/05/01/economia/noticia/para-onde-volta-o-trabalho-humano-1730650

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  9. Caro anónimo do PCP.

    Sim, existe luta de classes anterior ao capitalismo. E então ?

    Eu apenas disse que a luta de classes não é o único motor da história e que se o fosse o capitalismo já tinha sido varrido.

    Simplesmente a luta de classes muitas vezes está "suspensa" ou reduzida a um mínimo, enquanto outras forças agem.

    Existem outros motores que o vosso fanatismo não permite ver, a luta de classes não é tão central ou permanente como vocês a pintam.

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  10. De um meu comentário zurzindo a geral alienação coletiva promovida e muito louvada pelo grande capital salta o habilíssimo Sr. Pedro para a pasmosa constatação do passamento da... luta de classes.
    E qual é o antídoto que, no meu humilde entender, fará a alienada grei compreender e lutar contra as poderosa classe do 1% que pretende beber-lhe o sangue e comer-lhe a carne? Pois pasmem-se, ó gentes, é um muitíssimo leninista "Aprender, aprender, aprender sempre". E, já o sabemos à saciedade, o sapientíssimo Sr. Pedro é - e neste particular ainda o é mais - um assanhadíssimo anticomunista... assaz primário.

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    1. O senhor troll do PCP, que julga que é um grande intelectual, devia começar por aprender que a maior parte dos trabalhadores não estão empenhados na luta de classes. E que, se estivessem, as previsões dos seus gurus marxistas já se teriam realizado muito tempo atrás e já não existiria capitalismo.

      Mas em vez de pensar e já agora aprender alguma coisa com a realidade que o cerca, o senhor troll do PCP prefere mandar vir com quem comete o crime de reconhecer os factos.

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  11. " não existe luta de classes a não ser por uma minoria."

    Ahahahaha

    "Marx se enganou é que a luta de classes não é o único motor" ( quem disse que era?)

    Ahahahaha.

    "o capitalismo já tinha sido liquidado logo no século XIX, como Marx muito bem previu"
    (como?)

    Ahahahah

    "não existe luta de classes a não ser por uma minoria"

    Ahahahaha.

    "Eu apenas disse que a luta de classes não é o único motor da história e que se o fosse o capitalismo já tinha sido varrido."

    AHAHAHAHAHAHA

    "Simplesmente a luta de classes muitas vezes está "suspensa" ou reduzida a um mínimo, enquanto outras forças agem".

    Ahahahahah

    "Existem outros motores"

    Ahahahaha

    Pedro um assanhado anti-comunista e não só. Um ignorante que mete dó.


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  12. "Ss houvesse uma verdadeira luta de classes o capitalismo seria inviável."

    O Ss inicial quererá dizer alguma coisa? Ou é apenas a marca menor dum Pedro a lembrar que quando não se estuda se fica assim que nem o pedro?

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  13. Faz precisamente hoje 150 anos que surgiu à estampa "O Capital" de Karl Marx, "um inapagável marco histórico"

    Um pateta menor insultou Marx. Não pelo que disse sob o ponto de vista doutrinário (coitado do pobre) mas sob o ponto de vista da mais destrambelhada e pasmosa ignorância.

    Alguém dizer que "o capitalismo já tinha sido liquidado logo no século XIX, como Marx muito bem previu" e escrevinhar que "Marx se enganou já que a luta de classes não é o único motor" é um insulto à inteligência e à mais banal realidade dos factos.

    A pergunta impõe-se. "Isto" é mesmo a sério ou aqui há comportamentos aditivos? Ou provocatórios?

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  14. Ahahahah

    Simplesmente delicioso.

    O crime de ahahah reconhecer ahahah os factos.




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  15. Pronto, está explicado: ficámos todos a saber que o Sr. Pedro vive uma muito singular e portátil "realidade" que humildemente pretende ver transformada, urbi et orbi, em "realidade" desse nada que é a restante raça humana.
    Convenhamos que nisto de "realidades" elas são mais ao menos - perdoem-me o pouco fino coloquialismo - como as nalgas: cada um tem as suas. Só nesse sentido pode o Sr. Pedro cotejar - levando ele a palma, claro está - a realidade de Karl Marx ou as dos circunstantes comentadores aqui do LdB com a sua "realidade". Se deixarmos cair esse único critério favorável de aferição da bondade da "realidade" do Sr. Pedro, ficaremos com a coisa disforme que são os dislates surrealistas da criatura: leituras da "realidade" tão inteligentemente exatas quanto as perceções do real de um esquizofrénico ou de alguém que surfa uma eterna "trip" de LSD.

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  16. Pode um sujeito de nickname Pedro indicar com precisão e sem tergiversações, onde, em que obra e quando Marx previu a liquidação do capitalismo logo no século XIX.

    E qual a data da liquidação,mesmo que mais ou menos aproximada.

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  17. "(...) Após quase cem sessões de negociação, em que foram feitas emendas, a maior força sindical, a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), e a Força Operária (FO), não rejeitam a reforma e não se associarão aos protestos.
    A CFDT apenas se declara “decepcionada” com o texto final da reforma. Politicamente, não poderia dizer o contrário (...).

    (...) Escreveu em Julho o economista Charles Wyplosz:
    “Começou a música lancinante. Os autarcas, os sindicatos, os magistrados e todos os grupos de pressão começam a queixar-se das intenções de mudança de Macron.
    A soma dos interesses particulares não constitui o interesse geral, nunca foi o caso, mas o ruído aumenta. [...]
    Perante uma pressão em crescendo, Macron vai ter de afrontar o grande desafio que todos os reformadores conheceram um dia ou outro.”
    ....
    (...) A frente sindical está dividida. O sindicalismo francês, outrora poderoso, está debilitado, com uma das mais baixas taxas de sindicalização na Europa — 7,7%, contra 17,5 em Espanha, 20,7 na Alemanha, 36,9 na Itália ou 67,7 na Suécia.
    .....
    (...) O que está em jogo não será tanto a reforma do código como a “refundação” da esquerda: a CGT, o Partido Comunista (PCF), a esquerda do PS e a França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, preparam o terreno para liderar a recomposição da esquerda. Mélenchon agendou uma jornada própria contra o “golpe de estado social” para dia 23: quer ser líder da oposição na Assembleia mas também na rua.
    São tensas as suas relações com a CGT e o PCF."

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  18. Unabomber agora está armado em coscuvilheiro politico.

    Em vez de ir à substância da questão, fala assim deste modo de refundações e outras fundações.

    E chama um ruidoso amante dos interesses de classe do financeiro Macron. Que faz o ruido próprio de quem é. Começando por invocar o ruido que a canalha detesta, que são os protestos e a luta de quem sabe que o patronato nao se veda. E quer senpre mais

    Já conhecemos o método

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  19. Pede-se desculpa mas mais uma vez Unabomber cita, ocultando quem cita.

    Mas agora faz pior. Dá a entender que quem cita é um, quando afinal é outro que vai citar.

    O texto é de Jorge Almeida Fernandes, um jornalista do Público, que não esconde aqui o seu receio pela eventual contestação à política da alta finança representada por Macron

    Charles Wyplosz é assim apenas "responsável por meia dúzia de linhas.

    Um comentário a este trabalho de JAF será muito mais caro e objectivo:

    "Macron cairá por todas as razões a começar pelos pés de barro em que se suporta. A maioria absolutíssima recolheu apenas menos de 8 milhões dos cerca de 48 milhões disponíveis. O golpe que protagonizou às forças políticas tradicionais agradou aos franceses cansados de Socialistas e Republicanos a enganar toda a gente há décadas, mas um golpista é sempre golpista e esse pecado original marcará a desconfiança da França em Macron. Se Trump se comporta como pato bravo em estaleiro de obras, Macron comporta-se como banqueiro em gabinete fechado. A política não se faz assim. Política é a gestão amistosa das emoções na sua componente subjetiva e a instalação do bem-estar na sua componente objetiva. Macron é um autocrata a milhas desta alma de político. Sairá pela porta pequena como merece"

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