terça-feira, 18 de julho de 2017

Dispensados de exame


O debate do Estado da Nação constitui um momento de balanço da situação económica e social do país, permitindo a avaliação das políticas levadas a cabo, ao longo do ano, pelo Governo em funções. É natural, portanto, que o executivo esteja no centro do debate.

Dito isto, não parece contudo haver justificação para o sossego em que é deixada a oposição de direita pela comunicação social em geral. Não é de agora, já vem de há muito. Talvez nem seja exagero dizer que é preciso recuar até à campanha eleitoral de 2015 para encontrar sinais substantivos de interesse mediático pelas ideias que o PSD e o CDS-PP têm para o país. Desde então, a curiosidade parece ser nula: que medidas concretas teriam prosseguido estes partidos se tivessem obtido maioria para formar Governo? O que entendem deveria ter sido feito em cada área de governação e que o atual Governo não fez? De que medidas, alternativas às que foram tomadas, resultaria a redução do défice, o crescimento da economia, a criação de emprego ou a melhoria dos rendimentos? Não sabemos. Não sabemos e parece não haver quem queira, nas múltiplas entrevistas, reações e conferências de imprensa destes partidos, colocar estas e outras questões.

Poderá argumentar-se que a identificação das propostas da direita para o país é desnecessária, uma vez que as mesmas estão vertidas, no essencial, em dois documentos: o famigerado «Guião para a Reforma do Estado» (aprovado pelo Conselho de Ministros em outubro de 2013), e o «Programa de Estabilidade 2015-2019», entregue em Bruxelas pelo anterior Governo, em abril de 2015. Mas, nesse caso, como conciliar as orientações políticas que estão, em ampla medida, refletidas nesses documentos (tendentes, por exemplo, a aprofundar o desmantelamento dos serviços públicos e do Estado Social e a reforçar e tornar permanentes os cortes nos salários e nas pensões), com o atual discurso da direita em torno de um suposto colapso do Estado e dos serviços públicos? Será que nem essa contradição suscita curiosidade, continuando a dispensar-se a direita de ir, também ela, a exame?

11 comentários:

  1. Muito bem!
    Só faltava mesmo dar aos geringonços a oportunidade de se entreterem a criticar as propostas da oposição em vez de demonstrarem a bondade das suas acções!
    E digo acções, porque de propostas só temos exemplos de tretas de planos económicos miraculosos e variáveis económicas fantasmagóricas.
    A única variável que funciona é o juro do capital ser tão miserável.
    Tudo o mais só leva a recear o que aí virá, mais cedo ou mais tarde.

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  2. Oportuna análise! A alternativa que a direita tinha (e tem) está escondida, mas a esmagadora maioria das pessoas sabe bem qual é (as sondagens não enganam…).

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  3. ...acham que o dr. paulo portas, grande mentor desta classe de jornalistas, está parado?!?

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  4. Fica aqui também o registo , pelo escrito do das 8 e 07, da má fé comprovada da comunicação social deste país.
    Não é de todo por acaso que tal CS assim procede, tal como denunciado no post

    É de forma organizada e propositada. Esconde ao que vem e o que quer. Não há muito Passos Coelho fez propaganda eleitoral e depois entreteve-se a não cumprir o que prometeu.

    Agora esta gente (inadvertidamente?) confirma que a transparência de pensamento e de acção é algo que lhe dá náuseas e a põe inquieta.

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  5. Preferem agir pela calada e pela trafulhice

    Os que outrora diziam que só havia um caminho e que não havia alternativa, os TINA fundamentalistas e trauliteiros, fogem agora pelos caminhos esconsos da trafulhice e do silêncio

    Escondem a sua opção de " aprofundar o desmantelamento dos serviços públicos e do Estado Social.". Ocultam os seus planos "para reforçar e tornar permanentes os cortes nos salários e nas pensões"

    Escondem e fogem. Sem coragem. Mas preparados para o assalto e para o inferno se lhes dermos oportunidade

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  6. Só faltava mesmo dar aos geringonços a oportunidade de se entreterem a criticar as propostas da oposição em vez de demonstrarem a bondade das suas acções!

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  7. Já percebemos herr jose.

    As propostas dos troikistas são para esconder. Esconder que querem o desmantelamento dos serviços públicos e do Estado Social. Ocultar que querem reforçar e tornar permanentes os cortes nos salários e nas pensões".

    Não falar do corte de 600 milhões na segurança social.

    Abafar por exemplo este grito raivoso a favor dos despedimentos feito em Abril de 2013 por herr jose:

    "aguardo ansiosamente o dia em que os Estado tem salários em atraso, ou corte 30% nos salários, ou faça uns despedimentos colectivos.
    Essa espera é que me dá azia"

    Esconder tudo isto. Porque no segredo é que está o negócio . A preparação para o assalto tem que ser feita às escondidas e de forma opaca.

    Porque senão a Besta não tem hipóteses

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  8. A cobardia dos pafistas só se justifica porque têm medo que as suas alternativas mostrem que afinal o que nos querem impingir é mais do mesmo: mais austeridade, mais desemprego, mais cortes, mais miséria.

    Nos tempos de chumbo da governança de Passos, nunca a esquerda deixou de apontar outros caminhos e outros rumos.

    Mas a esquerda consequente ( e esta pode ser plural) tem-los no sítio. Não é cobardolas nem tenta vender gato por lebre. Nem se esconde debaixo do medo da crítica das suas propostas.

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  9. Hoje em dia, conta-se pelos dedos jornalistas que sejam isentos na sua opinião ou não fosse o grande capital detentor dos seus salários ... nada de novo e mais do mesmo.

    Agora o que me faz mais confusão é como é que um Passos Coelho que prima pela incompetência tem tanta força de apoio entre as suas hostes capaz de ofuscar um Rui Rio?!

    Como a partida não nego uma ciência que desconheço parto do principio de que nada é por acaso e que cada encontro de jovens sd ou encontro de ciclistas sd ou até lavadeiras sd servem o propósito de dar tempo de antena a um discurso promenitorio e catastrofico contando sempre com velhinhas no coro a derramarem rios de lagrimas com a suposta vinda do demo mas vazio de propostas e ou ideias.

    Nada de novo, portanto, mas com um estilo mui sui generis na arte do combate politico, convenhamos.

    Contudo, falta muita coisa às esquerdas por concretizar e assim sendo o caminho faz se caminhando portanto o governo que não se olvide do seu propósito governativo nem do caminho que escolheu para trilhar com os seus compagnons de route e que não confunda silencios com passividade ...

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