terça-feira, 4 de abril de 2017

Toda a gente?


“Seria difícil de justificar perante toda a gente, diria eu, que o Estado poderia ter uma tal participação no sector financeiro”, afiançou Mourinho Félix perante a hipótese de nacionalização do Novo Banco. Quem é “toda a gente”? A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o capital financeiro estrangeiro.

Confirma-se assim que não é a nossa gente que manda, embora seja a nossa gente que paga. Será que no Ministério das Finanças acham mais fácil justificar o controlo estrangeiro directo da grande maioria do sistema bancário nacional, expondo-o às predações dos John Grayken desta desgraçada vida?

Perante isto, comunistas e bloquistas, com diagnósticos e prescrições cada mais convergentes nestas decisivas matérias europeias, têm a obrigação de trazer este assunto para o parlamento nacional, escrutinando-o e tentando travar este processo, como já declararam, cada um à sua maneira, querer fazer. Nacionalizar o assunto é imperioso e só quem já não tenha ilusões europeístas pode fazê-lo.

Quanto mais gente souber, mais claros ficarão os custos da integração realmente existente neste e noutros campos. Isto até pode ir para lá da esquerda, já que mesmo em certos sectores da direita há quem perceba muito do que está em causa no Novo Banco. Não falo obviamente dos vende-pátrias, que aceitaram uma resolução feita por uma UE que usa as periferias como cobaias das suas experiências de mercado. Falo, por exemplo, de Bagão Félix:

“O resultado sabemo-lo agora. Preço de venda: zero. Garantias do FR [Fundo de Resolução]: 3,89 MM €. Custo total: incógnito… No fim, o sector público fica com uns silenciosos 25% sem direito a participar na administração. A Europa obrigou-nos a acabar com ‘golden shares’ do Estado. Pois agora, impõe que o Estado não tenha nenhum poder com ¼ do capital. Uma espécie de ‘rusty share’ [participação accionista ferrugenta]. Notável, esta Europa!”.

Notável, a União Europeia. Definitivamente, esta não é a nossa gente.

16 comentários:

  1. Em nada somos impedidos pela UE de legislar por forma a responsabilizarmos os gestores, penhorar e liquidar bens de corruptos, decidir processos rápida e solidamente.
    Mas aí ninguém faz força, tudo são pretextos para servir ideologias e a habitual farsa de tudo tolerar menos as inevitáveis consequências.

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  2. Até ver, a maioria dos Portugueses (a nossa gente, não uma qualquer definição abstrata de Povo cuja legítima vontade só o João Rodrigues conhece) votou pela presença na UE e defende (a acreditar nas sondagens) a manutenção no Euro. A solução de venda do NB é má? Claro que é, mas vá lá arranjar 4,7 mil milhões de Euros para meter no Banco. Ah, pois, saímos do Euro e os malvados dos 'Mercados' vão logo a correr emprestar-nos dinheiro para aumentarmos pensões, recapitalizarmos o sistema bancário e sabe-se lá que mais. Acabe de uma vez com a esquizofrenia de achar que pode fazer o que quiser internamente à Economia e continuar a depender da 'bondade' e da 'largesse' dos Mercados que são uns mauzões enquanto estivermos no Euro, mas que tudo perdoarão se sairmos dele. Seja pelo menos coerente e defenda abertamente o modelo de Economia fechada, ao bom estilo de Cuba, João Rodrigues. E sim, por favor, o BE e o PCP que nos façam o favor de deitar de uma vez o Governo abaixo e provocar eleições antecipadas e depois que cada um assuma as suas responsabilidades perante o Povo (até podem fazer uma coligação muito juntinhos, que eu quero ver quanto tempo ela dura). É que francamente já não há pachorra para tanta bravata moralista...

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  3. Perante o resultado da CGD é .... que se defenda mais um banco público. As crenças são só para alguns perceberem; felizmente que é o contrario da ciência.

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  4. Este paternalismo da "coisa" representativa,

    para além de ignóbil,

    só é possível, dada a essência da "coisa"...

    ...não faltam mourinhos félixs!

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  5. Diz o Jaime Santos que "até ver, a maioria dos Portugueses (a nossa gente, não uma qualquer definição abstrata de Povo cuja legítima vontade só o João Rodrigues conhece) votou pela presença na UE e defende (a acreditar nas sondagens) a manutenção no Euro". E eu que me tinha na conta de cidadão atento, como é que não tomei nota da votação pela presença na União Europeia - que até nem se chamava assim no tempo em que o Soares e o Carlucci eram os melhores amigos do Mundo e o que mais importava era (acuda-nos Deus Nosso Senhor) livrar o país do totalitarismo, amarrando-o forte e feio ao pelotão da frente (ou seria antes ao pelotão do frete?)?
    Vá lá, tenham tino, não me obriguem a recitar de memória o "Bordel Português".

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  6. Ó Jaime Santos !

    "a nossa gente", NUNCA votou pela presença na UE
    - nunca faltei a nenhuma consulta ao SOBERANO e, nunca vi, colocarem essa questão.

    Não me diga que também arranjou...
    ..."uma qualquer definição abstrata", da maioria dos Portugueses ?!

    Não faltam "jaimes santos" mas,
    são poucos os...JOÃO RODRIGUES.

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  7. Vejam la´ como as coisas são, ainda não há muito tempo, o que são 40 anos na vida de um povo que já foi, de uma nação que já era ou de um império fantasmagórico? Neste mesmo tempo, dizia, já uma boa parte do povo, um Partido político, PCP, e uma Confederação Sindical, CGTP-IN, acompanhados de outros democratas, se manifestavam nas ruas contra a entrada de Portugal na CEE e seus acordos sucedâneos. Entretanto, nesse mesmo tempo outros cidadãos, agora resilientes, eram dirigentes partidários e ministros de governos que venderam ao desbarato Portugal e os portugueses.
    Bem sei que para se ser “democrata” hoje e´ necessário o Agrément de Bruxelas, mas que diabo…para que tanto politico, comentador Travesti?
    Já alguém disse que quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Não compete ao povo de esquerda envolver-se num “Bezidroglio” de todo o tamanho. de Adelino Silva

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  8. Ó Senhor Doutor António Cristóvão:
    E a sua crença no privado contra o público é crença ou ciência?
    Afinal, a CGD foi a desgraça que se viu.
    E o BPN, BPP, BANIF, BES, Montepio, são casos de boa gestão e de sucesso?
    Para não falar do BPI e do BCP, que também tiveram perdas enormes e recorreram a ajuda do Estado, embora não a fundo perdido.
    Boa parte das perdas da banca não terão que ver com a crise do capitalismo selvagem, do capitalismo de casino?
    Mas essa parte já não lhe interessa, não é?.
    Quando chegamos aí vem logo a sua deriva para os países onde experiências ditas socialistas foram tentadas e o ilustre Doutor António Cristóvão a chamar a atenção para o fracasso das mesmas.
    Como se um fracasso justificasse outro.

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  9. Muito bom post de João Rodrigues

    Com o rame-rame habitual de alguns comentários que se repetem estilo cassete.
    Que Jaime santos se junte aos joses desta terra é que admira

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  10. Um tipo pelas 23 e 07 queixa-se que :
    "Em nada somos impedidos pela UE de legislar por forma a responsabilizarmos os gestores, penhorar e liquidar bens de corruptos, decidir processos rápida e solidamente"

    A hipocrisia destas hárpias é notável. Mais a sua sem-vergonhice. E a pesporrência ideoógica

    O que dizia este mesmo tipo sobre Barroso quando foi apanhado a bandear-se para banqueiro encartado? e quando foi acusado de estar ao serviço de Goldman-Sachs aimda nas suas funções na UE?

    "Todo o caso tem a estrutura de um preconceito de base em acção: O privado é inimigo do público, e a transição público-privado é presumido ser traição, corrupção, falta de tudo o necessário para manter o campo da fidelidade e da honra.
    É claro que democrático quer dizer chefias transitórias e lugares não cativos; mas aos líderes democráticos compete após os mais altos cargos reduzirem-se à humildade democrática da sobrevivência em lugar modesto e recatado, preferentemente de serviço público se mantiverem ambições políticas".

    Reconhecem-lhe o paleio? A forma beata e piegas como defende os da sua classe?
    Depois foi o que se viu e o próprio directório se sentiu incomodqado com a pouca vergonha de barroso?

    Cheira mal? Fede mesmo

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  11. Mas há mais:

    Sobre os bordéis tributários, antro de corruptos e de sacanas,dizia o tal das 23 e 07a 11 de Abril de 2016:

    "fica clara e confirmada a utilidade dos offshores: pôr a salvo de políticos treteiros e vigaristas as poupanças de quem não quer dar para tais peditórios".
    E numa outra altura: O que não correm ( nos offshores) é risco de confisco, o que evitam são os cretinos dos impostos sobre a fortuna, o que acautelam é que a penhora decorrente de avales e outros riscos garantam a subsistência de quem corre riscos de investimento"

    A baba viscosa em defesa do crime e da corrupção?

    A 26 de Janeiro de 2017, mudando de táctica, mas mantendo como alvo a beatificação dos ditos offshores o tal das 23 e 07 prosseguia :

    "A cena do paraíso fiscal é matéria um tanto ridícula...
    Ora o dinheiro não vai estagiar - feito vinho de boa colheita - nos paraísos fiscais e tarde ou cedo acaba por movimentar a economia algures ( ou mais prosaicamente financia governos compradores de votos).
    Por outro lado, é completamente seguro que a manutenção de sociedades como as europeias - envelhecidas e confortadas a níveis que não poderão ser indefinidamente crescentes - dependem em absoluto do crescimento em outras paragens".

    Eis a defesa inqualificável do crime.

    Repare-se. A justificação para que os patifes ponham o dinheiro nos offshores - e o sujeito em causa defende tal prática - é apresentada como "benéfica" para a economia.

    A justificação do crime é agora apresentada em função do lucro que pode mover. Já não interessa a origem do produto do roubo.A patifaria está perdoada porque vai beneficiar a economia.

    Ouviram na altura qualquer ruminação piedosa sobre os corruptos e sobre a celeridade nos processos e sobre justiças rápidas e sobre a penhora do dinheiro destes crápulas dos offshores?




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  12. Sobre a penalização dos "gestores" referida aí em cima pelo das 23 e 07 com requebros de pseudo-virgem ofendida:

    O dito sujeito reagiu de forma histérica, assim que se soube do cheiro que emanava da governança de Nuncio/Albuquerque/Coelho:
    Completamente fora de si referindo-se a José Azevedo Pereira:
    "TODOS os indicadores de um lambe-botas, serventuário de quem chega, coirão maior de acobardado funcionário público.
    Ou talvez mais provavelmente, coirão prudente..."

    (Ódio em estado puro e canalha sobre os funcionários públicos, o passar das culpas, o assumir-se como alguém que profere enormidades, como outrora outros as proferiam face aos judeus.)

    Núncio foi desmentido pelo tal "funcionário". Com tal classe e com tal acertividade, com factos e com dados que obrigou o advogado do PP a confessar o seu equívoco. Fora ele, Núncio, o responsável por ter impedido a publicação das listas.Núncio não teve outro remédio senão "isentar", no vocabulário peculiar de herr jose, aquele que lhe estragara os segredos dos seus arranjinhos.

    Viram o tal sujeitinho pedir a responsabilização do "gestor" , Paulo Núncio? A da ex-ministra Maria Luís Albuquerque? A do gestor máximo, Passos Coelho?



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  13. Já percebemos que ideologia suporta herr Jose

    E o que tolera. E o que não tolera.

    E as"inevitáveis consequências" com que o Capital ameaça quem lhe faz frente , ocultando as consequências inevitáveis de prosseguir o rumo da submissão abjecta protagonizado pelo próprio herr jose.

    E registe-se o silêncio típico de quem se cala e consente este escândalo denunciado neste post.

    Um " habilidoso" a fazer jogo de cintura e a aldrabar para ver se passa

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  14. Cristovão.

    Por favor não seja desonesto.

    Vá ver aí atrás quem dirigiu a CGD e as relaçoes mais do que promiscuas com a banca e os banqueiros privados.

    Depois por favor nao insulte s nossa inteligência. Quer que se esfregue diante de si os números escandalosos do rombo provocado pela banca privada?

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  15. Ó Cuco, não encontraste nos arquivos nada sobre o artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, ou não te conveio a citação, seu grande trafulha treteiro!

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  16. Mais uma vez o cuco a assonbrar as noites deste tal jose..

    Mais uma vez o tom um pouco reles a lenbrar as tentativas de engate do bas fond frequentado pelo sujeito.

    Mais uma vez o silêncio sobre o denunciado e as cumplicidades desse rsl jose com os corruptos, os gestores r os donos disto tudo.

    Mais uma vez o silêncio sobre a sua outrora defesa dos bordéis tributários.

    " Esquecidos" Barroso, offshores, comparsas ideológicos corruptos, Nuncios, Albuquerques e Coelhos, o que resta ao sujeito?

    Em desespero de causa um artigozito dum código. Por acaso removido pelo seu muito estimado Cavaco de que sobram tantas das suas odes ao ex-PR.

    Ja lá iremos, desmontando também aqui a desonestidade intrinseca de quem defende os bordéis tributários mas que vem pregar tretas moralistas falsas para alemão vender.

    A realidade é uma coisa tramada. E o pior que pode scontecer a este tipo é colocarem-lhe um espelho em frente com as suas próprias palavras.

    E fica assim neste estado degradante, furibundo e exaltado.

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