sábado, 14 de janeiro de 2017
Jornalismo da crise e crise do jornalismo
Ainda a propósito do 4º Congresso dos Jornalistas, a que o João Ramos de Almeida fez referência no post anterior e que decorrerá até ao próximo domingo, vale a pena revisitar o estudo realizado pelo próprio e pelo José Castro Caldas, dedicado às «Narrativas da crise no jornalismo económico», e que foi publicado em 2016 nos Cadernos do Observatório sobre Crises e Alternativas.
Entre os diversos e mais urgentes problemas a que os profissionais do setor e restantes congressistas deveriam dedicar a sua atenção constam dois temas tratados nesse estudo e que temos recorrentemente assinalado neste blogue: o défice de pluralismo no debate político-económico (mais vincado nas televisões e que praticamente não se alterou desde o início da crise financeira de 2008), e a questão da persistência das narrativas hegemónicas sobre a crise e as formas de a superar. Isto é, as tais ideias feitas que continuam a «arrastar-se nos corredores dos media e afins», como dizia recentemente Pedro Lains.
Sobre estas questões, duas notas a reter no referido estudo do José Castro Caldas e do João Ramos de Almeida: a ideia de que as narrativas não deveriam ficar «imunes ao desenrolar dos acontecimentos, ou aos "factos"» (mesmo quando abalam «crenças prévias muito enraizadas (...) de indivíduos que desempenham, ou desempenharam, papéis cruciais na produção de narrativas e na gestão política da crise»), e a noção de que a procura de soluções «envolve necessariamente a afirmação de novas interpretações» e de «novos diagnósticos», sendo que «o primeiro passo para essa afirmação é o conhecimento, o escrutínio e a caracterização do discurso sobre a crise que predominou e ainda predomina no espaço público».
ResponderEliminarAinda sobre o jornalismo
Como pode um “congresso” ser validado se os congressistas de verdade estão cerceados e sem direitos?
Isto quer dizer que o ´branqueamento´ mais uma vez emperrou esta classe de profissionais como tem cerceado outras classes de profissionais neste período de democracia abastardada.
E´ de notar a fórmula corporativista como foi convocado este congresso onde os convidados superam em muito os afiliados do Sindicato dos Jornalista. Ate´ o Presidente da Republica teve acesso, esquecendo-se do acervo romano/cristão «a césar o que e´ de césar, a deus o que e´ deus»,
Compreende-se, o país esta´ como se sabe no Limbo!
De Adelino Silva
O prejuizo maior que noto, provocado pelos proprios, no prestigio necessãrio dos jornalistas é induzido pelos próprios quando massagem os factos, deturpando-os ou ignorando.os, passando às conclusões (que tirando os tudologos nem deveria constar como parte da peça) deixando aos leitores o papel de tirarem as conclusões que decidam Uma vergonha, que se torna tragica, na epoca das multiplas oportunidades que temos de receber os mesmos factos. Alguns médias perecem-me um desprezo amargo o que nunca deveria acontecer.
ResponderEliminarSe bem percebi o problema é não serem objecto de igual atenção as 'ideias feitas' e as 'ideias a fazer'.
ResponderEliminarEstas ultimas, ou porque estão 'em construção' ou mais comummente em 'ocultação de consequências' são as desfavorecidas, para mágoa dos seus autores, e por boas razões: menos do que invocarem soluções é sua missão propagandear os pressupostos que fundam a ideologia que lhes dá o ser e não raro o comer.
Comprei hoje o Pûblico. Cinco minutos chegaram para ler a coisa. Ainda voltei atrás para ver se havia algo que se aproveitasse. Nada! david dinis a apregoar que não há crise na imprensa, bento domingues a apregoar o universalismo do cristianismo, a lembrança de mota pinto pai, falecido hã mais de trinta anos, qualquer coisa a tentar dizer que a costa alentejana vai ficar tipo armação de pera e mais qualquer coisa de que já não me lembro. Um euro e setenta...para quê?
ResponderEliminar
ResponderEliminar«Um jornalista, Serge Halimi, escreveu um dia que desde que os jornalistas começaram a viver com os salários das classes altas, nos bairros das classes altas, a ir aos restaurantes das classes altas, começaram instintivamente a defender os interesses das classes altas, dos banqueiros, dos grandes empresários, e a ignorar os trabalhadores comuns que sobreviviam com dificuldades. Num passado remoto, o jornalista era um operário como os outros".
As Narrativas do jornalismo são o verdadeiro busílis em que o 5ºpoder tem sido pródigo na manipulação das massas sendo ele próprio objeto de manipulação do corporativismo de interesses dos grupos financeiros que o comprou, sendo que o grave já nem é o facto de o jornalismo estar a atravessar uma crise identitária ao bom estilo de Hamlet mas sim a crua verdade de que as massas já buscam alternativas de contra narrativas pois partem desde logo do principio do subliminar propósito, do obscuro objetivo e da parcialidade informativa.
ResponderEliminarA isocronia da noticia foi posta em causa pela tecnologia individual (qualquer smartphone poderá por em causa a narrativa de um repórter em direto) encontrando um nicho de ação para pseudo-narradores, também eles com concretos propósitos, que acabam por desinformar e ou deturpar a noticia em si.
Muito da culpa de jornalistas, editores e afins classe advêm do seu definhamento deontológico vs capital, abrindo-se uma ferida insanável entre a classe e o mundo com a consequente quebra de confiança entre narrador e leitor e ou espectador e ou ouvinte pois a metaficção utilizada deixou de ser credível.
Percebeu mal herr jose.
ResponderEliminarA afirmação "não serem objecto de igual atenção as 'ideias feitas' e as 'ideias a fazer'" carece de verdade.
Nuno Serra chama a atenção, entre outras, de duas coisas:o défice de pluralismo no debate político-económico e a questão da persistência das narrativas hegemónicas sobre a crise e as formas de a superar. E sobre estas duas questões avança com duas notas: as narrativas não devem ficar imunes ao desenrolar dos acontecimentos e a procura de soluções «envolve necessariamente a afirmação de novas interpretações» e de «novos diagnósticos», sendo que «o primeiro passo para essa afirmação é o conhecimento, o escrutínio e a caracterização do discurso sobre a crise que predominou e ainda predomina no espaço público».
Pode-se dizer que o entendimento de herr jose sobre o exposto e que se resume a "umas ideias feitas e umas ideias a fazer" é função directa duma iliteracia que nem as palmatórias e os castigos corporais corrigiram.
Infelizmente já o mesmo não se pode dizer quando afirma que o "problema é não serem objecto de igual atenção", já que não há nada no texto que permita tirar tal ilação.
Temos assim que neste último caso herr jose aldraba. Percebe-se depois o motivo pelo qual faz isto. Precisa de algum suporte para a série de inanidades ideológicas que despeja feito leitor de cassetes
Tal arrazoado, de iliterato e com fumos de aldrabão, não pode passar impune. Tanto mais que as tretas adornam irreversivelmente o seu discurso
E para treteiros a minha receita é uma só: confrontá-los com a sua condição.