segunda-feira, 3 de agosto de 2015
DG
Mas será que a partir das tensões que existem é possível construir a verdadeira União Política que poderia transformar o euro noutra coisa? Entre as poucas coisas que parecem claras, esta é uma delas: uma tal transformação depende de um consenso, de uma quase unanimidade que não pode existir precisamente porque as tensões que o euro alimenta inviabilizam os consensos que seriam necessários para resolver as tensões do próprio euro. A cada acrescento que é feito ao edifício, alargam-se as rachas nas paredes. Compreendemos também facilmente que o edifício não é transformável por uma acumulação de mudanças políticas país a país quando cada mudança enfrenta a parede e se transforma em derrota que prejudica a emergência de alternativas noutros países. A única mudança possível, a que de facto está na forja, é a apropriação do pouco que resta de soberania dos estados membros (…) Este euro é insustentável, ou temporariamente sustentável, mas num quadro disciplinar incompatível com a democracia.
Excerto do artigo de José Castro Caldas - Há mais euro depois da Grécia? - no Público de hoje. Aproveito para relembrar a sua reflexão sobre a lógica hayekiana desta integração assimétrica, de resto reconhecida por alguns dos seus apoiantes.
União política?
ResponderEliminarTipo "como temos dificuldade em fazer uma coisa relativamente simples, vamos fazer uma cois complicada?". Ou ainda "quando não sabemos a resposta, tornnamos a pergunta mais complexa".
Se há alguma coisa que esta "crise do Euro" garantiu é que tão cedo não haverá qualquer união política, pelo menos não abragendo a totalidade zona euro.
Acho que não é assim tão difícil de compreender que muita gente na Europa não acha que uma união política seja uma boa idiea. Isto independentemente da configuração do Euro ou de qualquer assimetria (ou falta dela).
A ausência de uma união política não significa que o Euro não possa existir. Existem exemplos de uniões monetárias sem uniões políticas. O que dificilmente pode ter é países com comportamentos e escolhas económicas díspares do "core". E, no fim das contas, quem não gosta, que saia - independentemente de se sentir com "razão" ou não. E faça a sua vida de forma mais independente e como bem entender, dentro das regras de uma União Aduaneira e Área Económica Comum, não uma zona monetária comum.
Acho que uma segunda ( ou terceira leitura) faria bem a Pyros para não tresler o que lê.
ResponderEliminarFaria tão bem como uma reflexão sobre essa estória do euro e das uniões monetárias mai-los comportamentos e escolhas económicas díspares do core.
Há por aqui também vasta literatura sobre o assunto
De
Espantoso como as maiores incongruências são tratadas como pensamento a ter em conta!
ResponderEliminarComeça por enunciar o que parece ser um objectivo «construir a verdadeira União Política».
Acaba por invocar a democracia ao que nessa União Política não seria mais que um regionalismo.
O que é evidente é que o caminho para uma União Política ou para formas mais completas de integração haverá de fazer-se segundo regras e que invocar a democracia para violar regras é abuso que tem uma só saída, sair da União.
A saída do Euro implica um conjunto de soluções que não estão sequer estudadas: controlo de capitais, introdução de uma nova moeda, o que implica a sua distribuição e cunhagem (um sistema de pagamentos eletrónicos como o considerado pelos Gregos pode ajudar, mas esbarra na parte da população que não consegue operar tais sistemas), algo que não e de todo trivial, constituição de reservas de moeda forte e provavelmente o racionamento de bens essenciais como combustíveis e mesmo certo tipo de alimentos. Depois, como a desvalorização da nova moeda implicara inflação alta num prazo curto, de um ou dois anos, será provavelmente necessário aplicar nesse curto prazo uma Austeridade muito mais dura do que esta que vai sendo imposta (durante 20 anos). Um garrote financeiro como aquele aplicado a Grécia implicara igualmente que, mesmo antes da introdução da nova moeda, a economia ira contrair-se significativamente (tudo foi feito no sentido de transformar a Grécia numa ação exemplar, de modo a assustar futuros contestatários, como já Merkel tinha dito a Papandreou em tempos). Será isto que será necessário que os Portugueses entendam antes de enveredarmos por essa via. Mas será igualmente preciso, como Castro Caldas salienta, que tal solução vá sendo preparada. Porque podemos ser confrontados com algo que não podemos aceitar, como a Grécia, mas que nos será imposto, e porque em qualquer processo negocial, será necessário exibir aquilo que se chama 'credible threat'. Para aqueles que pensam que a reescrita das regras por Schaeuble que permitiria a saída da Grécia do Euro por 5 anos (solução estapafúrdia, que mostra que a Direita e e sempre será a Hipocrisia Organizada do costume) era mais do que um bluff destinado a obrigar a Grécia a capitular (Schauble e Merkel já tinham percebido pelo menos desde a semana anterior ao referendo que Varoufakis e Tsipras não dispunham de qualquer alternativa), eu lembro que alem das dividas da Grécia ao Fundo Europeu, há ainda o sistema de pagamentos TARGET2. De acordo com Hans W. Sinn, isso criaria a necessidade de recapitalizar todos os Bancos Centrais da zona Euro, em caso de default pela periferia. Por isso, o que eu gostava de ver era a Esquerda criar uma comissão para o estudo deste processo (que devera incluir peritos internacionais, de preferência de Países Chaves da EU, como a Franca e a Alemanha). A discussão tem que abandonar o plano moral e de racionalidade económica e passar para o plano político, já que já se percebeu que os Neoliberais do PPE só consideram uma coisa na sua analise, a saber, relações de força.
ResponderEliminarDa-se que só De é que percebeu do que se falava. Não hão-de os Josés queixar-se. A Educação formal não lhes serviu de nada para a leitura.
ResponderEliminarA pergunta deveria ser: há mais Grécia depois do Syrisa?
ResponderEliminar“A única mudança possível, a que de facto está na forja, é a apropriação do pouco que resta de soberania dos estados membros (…)”
ResponderEliminarAs elites governamentais europeias entregaram-se e entregaram de mão beijada ao grande capital ainda antes da II grande guerra.
Já Cristo falava na seita “Milenaria” a` qual pertencia, da união universal dos povos e por mil anos.
Fazem-se novos mapas, a geografia demográfica passa a ter novos recortes, o que hoje e´ um estado soberano amanha e´ uma colonia de qualquer potência também ela segura de que terá paz por mais mil anos.
“Uma União Politica tem de ser antecipada de fortes vontades e de um forte e único exército militar se quiser subsistir” doutra forma brincamos aos jogos imperiais medievais – uma UE para ti, uma EU para mim e etc.
Me parece que os Europeus gostam muito de brincar com o fogo, parecem “crianças birrentas” há espera de um qualquer Plano Marshall…E´ tao boa, a moeda americana em troca do Padrão Ouro… Brétton Woods..,Maynard keines.
Ao correr da pena ..Sabem como morreu este senhor Keines,… eu também não! De Adelino Silva
Ora a UE não tomou conta da Grécia e deixou-a asneirar à vontade, ora a UE ofende a dignidade da uma Grécia orgulhosa das suas vigarices.
ResponderEliminarDe qualquer modo sempre a culpa fica para a UE.
Aos gregos sempre a syrísica inocência dos irresponsáveis!
Chegadas as vestais ao poder o passado é NADA...é o nascimento de uma nova nação, aos outros compete trazer presentes e entoar as loas que são de uso.
A partir daqui, o discurso tem leituras que só os iniciados alcançam!
"Ensinar o povo português a ler e escrever, para tomar conhecimento das doutrinas corrosivas de panfletários sem escrúpulos ou das facécias malcheirosas que no seu beco escuro vomita todos os dias qualquer garoto da vida airada, ou das mentiras criminosas dos foliculários políticos - é inadmissível. Logo, concluo eu: para a péssima educação que possui e para a natureza de instrução que lhe vão dar, o povo português já sabe de mais (…) Um dos factores principais da criminalidade é a instrução". Assim escreve no jornal "A Voz", em 1932 alfredo pimenta, salazarista dos quatro custados.
ResponderEliminarO processo educativo no fascismo defendido por quem anda a ler os discursos de salazar, o mesmo que não consegue interpretar um simples texto tem destas coisas. O exemplo concreto e gritante está aí em cima plasmado com uma força não passível de desmentido e nem as pieguices lamurientas sobre os "iniciados" conseguem ocultar esta miséria intelectual. Resta-lhe depois a propaganda mais desbragada ao imperialismo da UE e as frases de ódio puro e duro contra a Grécia e os gregos. Repetindo ad nauseam o já por ele dito e redito como se travestido dum grito saído duma máquina de propaganda género risco discado.
De
Para ver se passa. para ver se dá
Como é possível dar tempo de antena a um aldrabão mimado como esse ex ministro? Deixou a Grécia muito pior do que estava. A única lição seria: não me (ex minitro) imitem!
ResponderEliminarUm comentário deveras enigmático este surgido aí pelas 20 e 22. A sugerir que de nada serve quando são enviados para fazer o serviço aldrabões mimados como este que se arvora em ministro ou ex-ministro para tentar dar lições rascas sobre o que se deve ou nao deve fazer
ResponderEliminarMas francamente é a mediocridade mediática que faz surgir tais rebentos ou isto tem outra origem?
De
É por demais evidente que não possível a partir das tensões actuais modificar o "status quo", quanto mais a UE. Só uma decisão política, e esta tem que passar forçosamente pela constituição da UE. Assembleia Constituinte, de eleição europeia, onde os seus eleitos sejam responsáveis perante a UE, e não perante cada um dos seus países membros. Uma soma de democracias não constitui uma democracia melhor ou sequer igual às do somatório.
ResponderEliminarHá aqui qualquer coisa que não cola.
ResponderEliminarConstituição da UE? O que é isto?
Responsáveis perante a UE? Qual UE?
Mas o que vem a ser isto?
É ver aqui neste post do Vitor Dias em que ele escavaqueia a trafulhice jurídico-política de paulo rangel
http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2015/08/paulo-rangel-ou.html#links
De