sexta-feira, 31 de julho de 2015

Pote à frente


Ficam de facto avisados com o programa da coligação das direitas: paf é, na realidade, o acrónimo de pote à frente. Através de técnicas como o plafonamento, trata-se de aprofundar o garrote financeiro da segurança social pública, promovendo a sua privatização, ou seja, a insegurança social, sendo que esta última está dependente das mesmas variáveis económicas da primeira, mas é mais opaca, iníqua e potencialmente lucrativa para a malta da finança: economia política das pensões, de facto. Trata-se também de expandir decididamente uma espécie de PPP na esfera da provisão social. Trata-se sempre de usar as políticas públicas para abrir as portas a um certo capital na área dos bens não-transaccionáveis.

O que dá força a este programa? Num país cada vez mais periférico, são obviamente os constrangimentos externos, nomeadamente a austeridade em nome da integração europeia realmente existente. A esfera social torna-se um campo para todos experimentalismos regressivos. A retórica do chamado “investimento social” aí está nessa escala também, disfarçando mal o desemprego de massas e o ataque à contratação colectiva que enfraquecem o Estado social de pendor universal.

E as alternativas? Se só existisse o PS, bem que poderíamos dizer que Thatcher, a da TINA (there is no alternative, não há alternativa), venceu. Da agenda para mais uma década perdida até ao uso da segurança social como variável de ajustamento, passando pelo pensamento mágico europeu, estamos conversados.

Mas não há diferenças? Até que há, embora não sejam sistemicamente relevantes. O PS faz de forma furtiva e mais lenta, com alguma relutância e resistência em muitos dos seus sectores, o que as direitas fazem de forma aberta e desabrida: toda a história da segurança social no novo milénio aí está para o demonstrar. Diferenças de ritmo, mas não de trajectória regressiva. País periférico sob a alçada do euro-imperialismo.

Felizmente, existem alternativas político-eleitorais que enfrentam os tais constrangimentos. Ficam avisados.

15 comentários:

  1. "Felizmente, existem alternativas político-eleitorais que enfrentam os tais constrangimentos."

    Repito o que disse num comentário de um post mais abaixo:
    O Bloco de Esquerda já teve a oportunidade de querer ser Governo (pelo menos parte dele). Uma oportunidade real de ser alternativa. Desbaratou tudo, estilhaçou-se e agora é tarde. O BE foi a vacina que agora impede qualquer tipo de alternativa (com sucesso eleitoral) à alternância. Isto não são desejos meus, são a constatação da realidade.

    Quanto ao seu aviso: excluindo o PS/PSD/CDS, resta então dispersar os votos pelos outros 20 partidos (alternativas político-eleitorais). Digo e repito: agora é tarde e a culpa é objectivamente das elites de esquerda. Ficam avisadas.

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  2. "a constatação da realidade", diz o artista de 31 de julho de 2015 às 14:05, com os seus óculos pessoais que julga globais.

    continue a votar no PS que a gente gosta.

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  3. Quais elites de esquerda qual carapuça.

    A repetição de barbaridades sobre vacinas ou sobre estilhaços não as converte noutra coisa senão mesmo em barbaridads ...repetidas.

    Já não é o caso de sublinhar o que constitui hoje um dado adquirido:
    "Se só existisse o PS, bem que poderíamos dizer que Thatcher, a da TINA (there is no alternative, não há alternativa), venceu. Da agenda para mais uma década perdida até ao uso da segurança social como variável de ajustamento, passando pelo pensamento mágico europeu, estamos conversados.

    Mas não há diferenças? Até que há, embora não sejam sistemicamente relevantes. O PS faz de forma furtiva e mais lenta, com alguma relutância e resistência em muitos dos seus sectores, o que as direitas fazem de forma aberta e desabrida: toda a história da segurança social no novo milénio aí está para o demonstrar. Diferenças de ritmo, mas não de trajectória regressiva. País periférico sob a alçada do euro-imperialismo."

    Lapidar.

    De

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  4. 31 de julho de 2015 às 14:05 vai ter uma surpresa quando vir as votações da CDU e do BE, principalmente da CDU.

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  5. "continue a votar no PS que a gente gosta."

    Eu não voto PS. Agora adivinhe em quem voto: CDU, BE, PDR, Livre/Tempo de Avançar, MAS, PCTP/MRPP, POUS, "Nós, Cidadãos!", "Juntos Podemos", "Agir", ... ?

    É esta a realidade que me referia, que pelos vistos o Anónimo de 31 de julho de 2015 às 15:03 quer ignorar.

    Ou esta:
    "Em terceiro lugar aparece destacada a CDU com 10.2%, com o Bloco de Esquerda a grande distância com 4.8%.
    O partido de Marinho e Pinto alcança 2,5% das intenções de voto, enquanto o movimento encabeçado por Rui Tavares e Ana Drago se fica por 1,9% das intenções de voto."
    http://www.legislativas2015.pt/2015/07/11/barometro-eurosondagem-julho-2015-ps-dois-pontos-a-frente-da-coligacao-psdcds/

    É esta realidade que faz com que muitos optem pelo voto útil (porque concentrado em alternativas com dimensão) no arco PS/PSD/CDS ou simplesmente pela abstenção. É esta a realidade que me referia, que pelos vistos o Anónimo de 31 de julho de 2015 às 15:03 quer ignorar.

    O problema da alternativa político-eleitoral de esquerda foi precisamente ter ignorado a realidade e o pragmatismo, optando por se esfrangalhar. O Anónimo quer continuar no mesmo caminho.

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  6. Pois serão todos muito maus, muito socialmente injustos...
    Posto isso, a solução é...?

    Revolução...Expropriações...Mais impostos,,,Mais dívida...Mais tretas...????

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  7. A cabeça anónima de 31 de julho de 2015 às 16:31 acha que descobriu a pólvora e que os outros parvos todos não deram por ela.

    acha que os partidos ganham votos sem se votar neles e

    acha que os que já estavam têm culpa dos que passaram a existir

    acha e que os que passaram a existir só tiram votos aos que já existiam à esquerda

    acha que o esfrangalhamento é culpa dos que cá estavam

    acha que se fosse ele que estivesse nos que já estavam estes que já estavam não se tinham esfrangalhado

    Acha que se fosse ele a dar as tácticas já tinha empalmado as eleições a esse bando de brutos

    Acha que o BE não andou a pragmatizar-se com Alegres, Sás Fernandes e Ruis Tavares antes de ter o resultado que teve

    Acha que não topamos que se prepara para formar o seu próprio partido do Eu é que topei tudo e vou dar as tácticas vencedoras

    Acha que não topamos que está a apelar aos voto útil para o partido que ficar com ele, ou seja os partidos do "arco da governação", "capazes de formar governo", "responsáveis", "consequentes", "que podem ser governo".

    Acha que não topamos que vai votar exactamente num destes partidos se não conseguir assinaturas suficientes para constituir o tal partido do pessoal esperto como um alho que sabe ganhar eleições à esquerda ou se entretanto o Marinho Pinto for para o hospital, como dizia o outro.


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  8. Qual pragmatismo qual carapuça.Qual "realidade" qual carapuça

    Votar P"S" para acontecer o mesmo que aconteceu aqueles que o fizeram ao votar em Hollande?

    A esse propósito um artigo de Neil Clark sobre Alexis Tsipras e a "esquerda"da treta.

    "A única coisa surpreendente da capitulação de Alexis Tsipras à troika é toda a gente ter ficado surpreendida.
    Na Grã-Bretanha, tivemos em 1931 a nossa própria versão da “crise” grega. E, tal como hoje, foi um político nominalmente de “esquerda”, o líder do Partido Trabalhista Ramsay Macdonald, que depois alinhou com os banqueiros contra a vulgar gente trabalhadora. Aconteceu um “golpe de banqueiros” que substituiu o governo trabalhista democraticamente eleito por um novo governo nacional aprovado pelo capital, que se mexeu para introduzir cortes radicais na despesa pública e reduziu o pagamento aos desempregados. O novo governo era dominado pelos conservadores, mas tinha os vira-casacas “socialista MacDonald ao leme e outro traidor trabalhista Philip Snowden como Lord do Selo Privado.
    Os banqueiros londrinos disseram a MacDonald: “A causa do problema não foi financeira, mas política, e reside na total vontade de confiança no Governo de Sua Majestade entre os estrangeiros,” recorda o historiador A.J.P. Taylor, citando a biografia de Neville Chamberlain por Keith Feiling. Na campanha para as eleições gerais de Outubro de 1931, Philip Snowden (em breve “visconde Snowden”), dirigiu-se viciosamente contra os seus camaradas do Partido Trabalhista afirmando que o seu programa anti-austeridade era “loucura bolchevista.”
    Tal como hoje Alexis Tsipras, MacDonald e Snowden disseram ao seu povo que não havia alternativa ao programa que aceitaram executar. Mas, tal como hoje, havia uma alternativa (há sempre uma), só que os banqueiros não a aprovaram.

    Os partidos socialistas francês e espanhol seguiram também idêntica trajectória nos anos 80. Em 1981, havia um enorme optimismo depois da eleição de François Miterrand como primeiro presidente socialista da V República. Os socialistas arrancaram realmente bem, lançando um grande programa de nacionalizações e aumentos de benefícios e pensões para a terceira-idade. Mas, em 1983, houve uma reviravolta e os socialistas franceses enterraram o socialismo e abraçaram a austeridade e a “modernização.” Aconteceu o mesmo abandono em Espanha, depois da eleição de Felipe Gonzalez em 1982 e na Alemanha, depois da eleição do SPD em 1998. Neste caso, o ministro das Finanças genuinamente socialista Oskar “Vermelho” Lafontaine foi demitido após menos de cinco meses no governo, para acalmar os poderosos poderes financeiros"

    De

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  9. "Na Grã- Bretanha, sabemos demasiado bem o que aconteceu após a eleição de Tony Blair e do “New Labour” em 1997, depois de 18 anos de governo conservador. Os “progressistas” do “New Labour” meteram o país numa guerra ilegal contra o Iraque ao lado dos neoconservadores hardcore americanos (assim como numa guerra ilegal contra a Jugoslávia socialista em 1999), enquanto internamente faltaram à renacionalização dos caminhos-de-ferro (uma promessa de Tony Blair quando na oposição) e prosseguiram políticas económicas neoliberais que a gente de dinheiro da City, de Wall Street e de Berlim e o bilionário magnata dos media Rupert Murdoch alegremente apoiaram.
    De facto, podemos dizer que a história dos governos “esquerdistas” ou “progressistas” no poder na Europa dos últimos trinta anos tem sido a história de uma traição atrás da outra. O último revés, na Grécia, é mais uma prova de que devemos ter extremo cuidado com os rótulos. Ironicamente, têm sido por vezes políticos conservadores, que não se reclamam de ser de esquerda, quem tem defendido a soberania nacional e os interesses dos trabalhadores, melhor do que aqueles que dizem estar do lado “progressista”.
    Charles de Gaulle, presidente da França entre 1959-69, é um caso desses. Sempre desconfiado do poder do dinheiro e do fundamentalismo de mercado, introduziu uma economia mista e um Estado-providência e presidiu à maior subida do nível de vida para as pessoas vulgares na história da França. “Era um homem que não se interessava pelos que tinham riqueza, desprezava o burguês e odiava o capitalismo”, foi este o veredicto do biógrafo de De Gaulle, Jean Lacouture.
    De Gaulle não apenas não se interessava pelos que tinham riqueza, ele próprio não se interessava muito pela riqueza. Apesar de ocupar a mais alta posição do Estado durante dez anos, morreu na penúria – em vez de aceitar a pensão a que tinha direito como presidente na reforma e general, ficou apenas com a de coronel. O contraste entre De Gaulle e os políticos de carreira de hoje, obcecados com o dinheiro, não podia ser maior.
    Lembremos que De Gaulle, o homem que “desprezava o burguês e odiava o capitalismo”, era chamado “conservador”, não “esquerdista radical”. De facto, os chamados “esquerdistas radicais” protestavam contra ele em 1968 com figuras dirigentes dessa “rebelião” que se tornaram entusiastas “intervencionistas liberais” pró-NATO nos anos 90 e 2000".

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  10. Lembrando os que não se “venderam”
    Um dirigente socialista que decididamente não traiu o seu povo foi Bruno Kreisky, chanceler da Áustria entre 1970-83. Kreisky tornou claro que não estava interessado em coligações com outros partidos que diluíssem a sua política socialista e foi recompensado com uma maioria clara nas três eleições. Kreisky pôs sempre o interesse da gente trabalhadora primeiro. Durante a campanha para as eleições de 1979, afirmou que preferia ter o governo com um défice do que as pessoas perderem os empregos. “Centenas de milhares de desempregados são mais importantes do que uns milhares de milhões de xelins de dívida,” declarou o grande socialista.
    Outro “esquerdista” que pôs o seu povo em primeiro lugar foi o falecido Hugo Chávez. Ao contrário da maior parte dos dirigentes “progressistas” europeus, que começaram como radicais, mas se deslocaram inexoravelmente para posições neoconservadoras/neoliberais, o falecido presidente da Venezuela tornou-se mais socialista à medida que os anos passaram. Em 2009, disse “Cada fábrica deve ser uma escola para educar, como Che Guevara disse, para produzir não apenas tijolos, aço e alumínio, mas também acima de tudo o novo homem e mulher, a nova sociedade, a sociedade socialista.”
    ...
    Salvador Allende, o presidente marxista do Chile democraticamente eleito pagou com a vida. Foi derrubado num golpe que levou ao poder o general Pinochet, que iniciou a reestruturação da economia do Chile em benefício do capital ocidental com a ajuda de economistas neoliberais da Universidade de Chicago.
    Os “esquerdistas” que não se venderam eram todos homens de princípios, com profundo empenho no socialismo. Bruno Kreisky, por exemplo, passou tempo na prisão na Áustria nos anos 30 devido às suas convicções. Compare-se o seu firme empenhamento na causa socialista com as posições oportunistas de François Miterrand. Miterrand, de acordo com o seu biógrafo Philip Short, virou-se para o socialismo “menos por convicção do que por um processo de eliminação.” Trata-se de um homem que, ao fim e ao cabo, tinha trabalhado tanto para a França de Vichy, como para a Resistência e que tinha descrito os comunistas como “um sofrimento”. Foi fácil para Miterrand enterrar o socialismo em 1983, visto que não lhe tinha qualquer ligação ideológica forte"

    Há mais...Pode-se ler aqui:
    http://www.odiario.info/?p=3721

    De

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  11. São mesmo cabeças duras!! Com tantos avisos e nem ligam!!

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  12. é como o antonio cristovao. por mais que o avisem vai sempre de encontro ao muro. de certeza que apesar de gostar já há-de ter saído prejudicado.

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  13. É a mesma lógica do Tempo de Avançar, agora dominado pelo Rui Tavares do Livre. Vale tudo por um lugarzinho no Conselho de Ministros, disse Tavares. É só pote, só tacho. E a Ana Drago e o Daniel Oliveira, mais a sua meia dúzia de velhinhos alinham no diapasão da ausência de ideias, como aquele "Movimento Esquerda Livre" que até malta do PSD e do PP assinavam, tão redondo era o texto. Agora fingem que já não é isso. Exigem coisas ao PS, como se realmente os quisessem mal. Mas o mal já está feito. É mais fácil um pessegueiro começar a dar sardinhas em lata do que o Livre ter um deputado no Parlamento (o que seria totalmente inútil também, mais valia deixarem a cadeira vazia e transferirem diretamente os votos para o PS).

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  14. Parafraseando Leonard Boff
    “Junto com aquilo que de facto somos, existe também aquilo que potencialmente podemos ser. O potencial pertence também ao real, quem sabe, a nossa melhor parte.”
    Torna-se questionavel a peroraçao diaria sobre as “malidecencias” governamentais, das instituiçoes democraticas das pessoas em si, sem ir ao amago
    daquilo que lhe da´ origem – O Sistema Politico e Social Vigente--!
    Urge a reorganizaçao do proletariado, dos intelectuais e quadros tecnicos, com os trabalhadores em geral.
    Urge um reordenamento politico/sindical positivo, de classe, porque do que se trata e´ da Luta de Classes!
    Há um potencial enorme para estudar/concretrizar!
    Livremo-nos deste processo sistemico enquanto e´ tempo…. De o “Catraio” com respeito


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