terça-feira, 7 de julho de 2015

Na toca dos calculismos

«Sim, dirijo-me a si, caro presidente Hollande, eleito com a promessa de trazer uma visão alternativa à austeridade opressora; mas também a si, Sr. Jeroen Dijsselblöem, que imaginava, enquanto trabalhista holandês, que poderia levar ao Eurogrupo a que preside uma visão solidária; ou ainda a si, Sr. Matteo Renzi que, enquanto primeiro-ministro italiano, poderia liderar uma perspectiva alternativa no seio da União Europeia; mas também aos socialistas britânicos, espanhóis ou dinamarqueses, que perderam eleições recentes... A pergunta é: para que serve um socialista na Europa? Ou: porque continuam a afirmar-se socialistas se há anos vêm traindo a tradição socialista, social-democrata ou trabalhista de onde vieram - e, por via disso, são continuamente penalizados pelos eleitorados, que não vos vêem como alternativa? (...) Não venham, sequer, com o discurso da responsabilidade. Responsabilidade seria os líderes políticos europeus ditarem regras aos mercados financeiros. Foi isso que socialistas e democratas-cristãos nos prometeram em 2008, quando o crime de alguns (financeiros...) fez estalar esta maldita "crise" (que só é para os cidadãos e os trabalhadores, não para os donos dos "mercados" nem para os políticos). Era isso que esperávamos: que nos fosse devolvida a democracia, roubada pela finança que dita regras sem que para isso tenha sido eleita.»

António Marujo, Para que serve um socialista na Europa?

Era bom que os resultados do referendo do passado domingo, na Grécia, ajudassem os partidos socialistas europeus a sair da toca dos calculismos. Isto é, do buraco ideológico em que se meteram desde o desastre da «terceira via». Assim conseguissem finalmente captar o espírito do tempo, o alcance profundo do momento histórico que estamos a viver, com o corajoso «Não» do povo grego.

5 comentários:

  1. Alguns entretêm-se a discutir questões metafísicas (esquerda, direita, socialismos, calculismos, ...) ignorando as questões de fundo:

    http://glineq.blogspot.pt/2015/07/welfare-economics-and-greek-crisis.html

    http://oinsurgente.org/2015/06/29/grecia-revisao-da-materia-dada-onde-tudo-comecou/

    Conclusão: existem na Europa países com PIB per capita inferior ao da Grécia e não só ninguém se parece importar com eles (não vivem em "emergência social") como se espera que contribuam para pagar a crise Grega. O Euro não garante crescimento! É preciso que os países façam o seu trabalho interno e se organizem!


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  2. Oportuno ponto nos iis aos partidos ditos "socialistas"/ social-democratas/ trabalhistas.

    -Será que a reunião de hoje dos Socialistas europeus (sobre a Grécia e ...) vai fazê-los virar à esquerda social ou continuar na direita dos mercados/finança ?

    Levado para o Luminaria.

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  3. Alguns entretêm-se a discutir não questões metafísicas ( essa de tentar acantonar as discussões ideológicas e de economia politica à "metafísica" é todo um programa) e a tentarem fingir que há outras "questões".

    O motivo é simples. Começam a ver o seu mundo feito de axiomas e de vias de sentido único começar a tremer.

    Não lembra ao diabo vir plantar a propaganda dum paupérrimo neoliberal como o carlos pinto, exemplar exemplo da mediocridade "académica" da escola de chicago. Ainda há dias e em directo ficou patente a vacuidade do fulano mais as suas "teses"ao serviço da alemanha...

    Uma espécie de aldrabão de feira a lembrar as aldrabices da goldman sachs.Uma pantomina em registo de corta-fitas para tentar arranjar um bode expiatório, os gregos.Esquecendo o papel da UE, do euro, do capital e dos sabujos...da goldman sachs.

    Os alemães..eses grandes desgraçados ( alguém nos idos anos 30 do século passado dizia mais ou menos o mesmo). Uma pobreza confrangedora e manipulatória. Ao jeito da cartilha de chicago
    "A partir da criação da Zona Euro em 2002, a situação inverte-se rapidamente: o PNB alemão passa a ser superior ao PIB alemão. Só no período 2003-2015 estima-se que a riqueza criada em outros países que foi transferida para Alemanha, indo beneficiar os seus habitantes, atingiu 677.945 milhões €, ou seja, o correspondente a 3,8 vezes o PIB português.
    Na Grécia e em Portugal aconteceu precisamente Na Grécia até 2001, o PNB grego era superior ao PIB. No entanto, a partir de 2002, com a criação da Zona Euro, começa a verificar-se precisamente o contrário. Entre 2002-2015, a riqueza criada na Grécia que foi transferida para o exterior, indo beneficiar os habitantes de outros países, já atinge 48.760 milhões €."(Eugénio Rosa)
    Este tipo, o carlos pinto, forrmou-se em chicago ,com um diploma à relvas,aposto

    De

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  4. O 'espírito do tempo'!

    Onde se pode encontrar?
    Vem do éter ou é construido por corais orquestrados em reproduzir os mitos de sempre - a dívida como motor da economia, a distribuição como a alavanca do progresso, a igualdade como a mola da criatividade das massas... e a verdade imutável dos incautos - vale mais o hoje que o amanhã.

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  5. Acho que qualquer aluno mediano da instrução básica sabe o que é o "espírito do tempo".

    Claro que podemos conjecturar se tal é devido aos problemas de formação já confessados pelo das 23 e 20 que demonstra o velho problema da iliteracia que marcou Portugal nos idos tempos do fascismo. Ou também se pode especular que as companhias de cerveja também já confessadas como "estimulantes, sobretudo se com flamengos de duvidosa reputação, podem ocasionar transtornos destes.

    Porque o disparatar que continua pelo texto torna possível estas duas leituras. Ou então a cabeça que por vezes se perde perante a realidade factual. Vejamos: a realidade que vem do éter? Construída por corais orquestrados? Mitos de sempre? isso soa a non sense ou a cassete partida?

    Quanto ao motor da economia ser a dívida...essa só mesmo dum troikista em vias de desespero. O motor da economia é o trabalho e a produção nacional ( logo os troikistas que vivem dos juros estão excluídos).

    Mas francamente, lançar estes anátemas contra uma distribuição mais justa da riqueza, expelir as saraivadas de ódio contra um princípio que já vem da Revolução Francesa, a igualdade ( essa da mola da criatividade é uma treta maior que não merece mais do que uma gargalhada de comiseração) e a verdade imutável a fazer lembrar a imutável verdade do caminho único pregado até à exaustão pelos beatos troikistas, é próprio de quem tem da Humanidade uma apreciação próxima do darwinismo social.
    Ou seja da eugenia,tão amada pelas forças mais negras do mundo. E como tal a evitar por todos os Homens de bem

    De

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