domingo, 5 de julho de 2015

Em Atenas celebra-se a vitória do Não. E agora?


Esta noite, os gregos celebram uma vitória histórica para a democracia grega e para a democracia na Europa. Evidentemente, é muito mais que uma vitória sobre a chantagem a que foram sujeitos nos últimos dias. De facto, não sendo legalmente possível ter perguntado se queriam sair do euro, nem sendo essa a pergunta que o governo quereria fazer, muitos gregos tinham consciência de que a resposta à pergunta do referendo implicava uma escolha entre a submissão humilhante e a audácia da ruptura. Demonstrando enorme coragem, escolheram a ruptura com a austeridade. E agora?

Acompanhando as reportagens dos vários canais, fiquei com a sensação de que o Grexit está iminente. Talvez não ande muito longe do cenário que descrevi num texto publicado há dias noutro blogue. Oxalá seja assim.

13 comentários:

  1. (Por isso, hoje não me apetece falar da "pasokização" do PS)

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  2. Eu não sei com exactidão qual vai ser a reacção do EuroGrupo, mas pelo que já escutei a algumas figuras representativas do Poder Europeu e pareceram-me de afronta embora velada. Mesmo aparentemente mansinhos, mas com a arrogância de quem tem todo o Poder nas mãos. Acho que a saída poderá passar pela opção do Dracma e pela rejeição das imposições do BCE que já vai falando em transferir para os titulares de depósitos gregos a responsabilidade da criação de liquidez e eventualmente da Dívida da Grécia. E isso é inaceitável.
    Acho também que esta situação vai ajudar à clarificação dos acordos humilhantes a que muitos Países foram sendo sujeitos desde 2010.

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  3. A vitória do NÃO na Grécia poderá ser favorável à Europa do Sul embora o Governo portugues não tenha mostrado qualquer entusiasmo,antes pelo contrário.
    Ouvindo as primeiras declarações dos altos responsáveis da União Europeia verificamos que elas são de antagonismo em relação ao resultado do referendo e que nos dias que o antecederam houve uma clara atitude de parcialidade e ingerência. Os próximos dias irão ser decisivos . Se chegámos a esta situação de grande instabilidade na Zona Euro deve-se às políticas seguidas pelas suas forças dsominantes.A Zona Euro está a entrar num ciclo de crise profundíssima.O futuro é imprevísivel, mas tudo indica ser bastante sombrio.

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  4. Que a democracia, na sua expressão mais genuína, saiu reforçada pela decisão do povo grego, não constitui novidade.Contudo , dois outros factos, podem ser retirados como conclusão.
    A primeira é que o envolvimento directo, dos altos responsáveis das instâncias europeias, na propaganda do sentido de voto que pretendiam, torna estas eleições a ra ctificação da recusa de aceitação da maioria de um povo, na política de austeridade delineada por instâncias supranacionais e abala a convicção num modelo que esgota qualquer futuro dos povos europeus.
    A segunda, é que aquelas mesmas instâncias não podem impôr qualquer vontade, mesmo que travestida de lição de democracia, a nenhum povo dos países europeus, sem esperarem uma resposta, como a que foi dada pelo povo grego.

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  5. A hipocrisia destas "bestas instaladas" não pára.

    Enchem a boca com democracia mas...desprezam o POVO.

    O POVO GREGO FALOU.

    Os outros POVOS

    - os ( 19-1 ), na linguagem do de "boliqueime" ! -

    estão com dono....que fala por eles!

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  6. A democracia da Grécia é soberana para definir o seu futuro, não para definir o futuro de outros.
    As promessas de Varofakis foram-se com ele.
    O chico-esperto do Tsypras anuncia que vai telefonar ao Putin.
    ...
    OXIS=RUA

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  7. Não pode estar bom da cabeça alguém que prega coisas como " a democracia da Grécia não pode definir o futuro dos outros?
    Que outros?

    Deixemos a boçalidade de alguns comentários:

    "A economia que mata", a que se refere o Papa, é o que estamos assistindo ao vivo, direto de Bruxelas. É um espetáculo humilhante. Não corta pescoços, não cheira a sangue, a pólvora ou carne queimada. Atua em salas refrigeradas e corredores acarpetados, mas a ferocidade sem pudor é a mesma de uma guerra. A pior das guerras: aquela declarada pelos ricos da globalização aos pobres dos países mais vulneráveis. Eis em que consiste a influente metafísica dos dirigentes da União Europeia, do BCE e, sobretudo, do FMI: demonstrar, de todas as formas possíveis, que quem está embaixo nunca poderá ser ouvido a respeito das pseudo-receitas fadadas ao fracasso.

    As "negociações sobre a Grécia" das últimas semanas já tinham passado dos limites de uma confrontação diplomática, certamente difícil, mas normal, e se transformado num teste de resistência. Uma espécie de julgamento divino ao contrário. As etapas anteriores já haviam se desviado do que se entende tradicionalmente por "democracia ocidental", com a insistência dos líderes da União Europeia em substituir o caráter totalmente político do voto grego e do mandato popular confiado a este governo, pela lógica contábil dos lucros e das perdas financeiras, como se não se tratasse de Estados, mas de empresas ou corporações.

    (Cont.)

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  8. "Jürgen Habermas tem razão em denunciar a transformação – por si só devastadora – de um confronto entre representantes do povo, no âmbito de um verdadeiro exercício de cidadania, em um confronto entre credores e devedores, num contexto quase privado de um processo de falência. Descreditar Alexis Tsipras e Yannis Varoufakis enquanto interlocutores políticos para transformá-los em "devedores" já era, por si só, um sinal de apocalipse cultural, por colocá-los numa situação de desigualdade diante de "credores" todo-poderosos. Depois, no entanto, a situação mudou de rumo. Christine Lagarde acelerou o processo de desmascaramento. Não se trata mais apenas de espoliar o outro, mas de humilhá-lo. Não se trata mais só da dialética, inteiramente econômica, "credor- devedor", mas de uma muito mais dramática, "amigo-inimigo", que marca a volta da política em sua forma mais essencial e mais dura: a política do polemos (guerra em grego antigo).

    De facto, nunca tínhamos visto um credor, por mais estúpido que fosse, tentar matar o próprio devedor, como o FMI está fazendo com os gregos. Algo mais parece estar em jogo: a construção científica do "inimigo" e a vontade de um sacrifício exemplar

    Uma fogueira como nos tempos da Inquisição, de modo a que ninguém mais fique tentado pelo charme da heresia."

    (Cont)

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  9. "Leia com atenção o último documento com as propostas gregas e as correções em vermelho do grupo de Bruxelas, publicado (com uma ponta de sadismo) pelo Wall Street Journal: é um exemplo burocrático de pedagogia da desumanidade.

    A caneta vermelha fez estragos ao longo do texto, procurando, com uma precisão maníaca, qualquer referência aos "mais necessitados" (most in the need) para realçá-la, com um traço. A caneta negou a possibilidade de manter uma TVA (imposto sobre consumo) mais baixa (13%) para os produtos alimentares básicos, e a 6% para os medicamentos (!). Assim como, no extremo oposto, riscou qualquer possibilidade de tributar um pouco mais os lucros mais altos (acima de 500 mil euros), em homenagem à teoria sinistra do trickle down, segundo a qual enriquecer os mais ricos beneficia a todos!

    A caneta, finalmente, manchou de vermelho o parágrafo sobre as aposentadorias, impondo uma pressão maior, e imediata, sobre uma categoria já massacrada pelos Memorandos de 2010 e 2012.

    Tudo isso baseado na falsa ideia, repetida ad nauseam, sobre a idade "escandalosamente baixa" (53, 57 anos...) de aposentadoria para os gregos. Para justificar a gravidade dessas exigências, o diretor de comunicação da Troika, Gerry Rice, numa conferência de imprensa, chegou ao ponto de declarar que "a aposentadoria média, na Grécia, é como na Alemanha, mas se para de trabalhar seis anos antes...".

    Uma (dupla) mentira inconsciente, desmentida pelas estatísticas oficiais da União Europeia: a Eurostat aponta, desde 2005, que a idade média de aposentadoria entre os cidadãos gregos é de 61,7 anos (quase um ano a mais que a média europeia, na Alemanha sendo de 61,3 e na Itália, 59,7).

    A Eurostat afirma ainda que, em 2012, a despesa grega per capita para o pagamento das aposentadorias representava aproximadamente metade da de países como Áustria e França, e um quarto em comparação com a Alemanha.

    Ambrose Evans-Pritchard – um comentarista conservador, mas não cego pelo ódio – escreveu no Telegraph que "os credores querem ver esses rebeldes Klepht (os gregos que, no século 16, se opuseram ao domínio otomano) enforcados nas colunas do Parthenon, como bandidos", pois não suportam ser desmentidos por testemunhas de seu próprio fracasso. Ele acrescentou que "se quisermos marcar o momento em que a ordem liberal perdeu sua autoridade no Atlântico – e o momento em que o projeto europeu deixou de ser uma força histórica capaz de criar motivação – este momento poderia ser este que vivemos hoje". É difícil discordar dele".
    Marco Revelli - Libération

    (De)

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  10. Já tenho saudade do inexistente..! A demanda dos Gregos assim obriga.
    E´ que esta situação grega vai dar em nada para os próximos 30 anos... Pronto, la´ arrisquei um palpite!
    O mesmo povo grego que ontem apoiou o Alexis Tsipras e´ o mesmo povo que durante anos e anos apoiaram os Papandreou. E estarão prontos a votar ao contrário daqui a uns meses!
    Fazem lembrar um certo povo que dava vivas a Salazar e Caetano, que vibrou com o MFA para mais tarde aceitar os neoliberais reacionários como Coelho e Portas…
    Como alguém disse – «o povo tem aquilo que merece»
    Sei que vou em contramão. Burro velho não endireita as orelhas…De Adelino Silva com respeito



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  11. Bateira, O link que deixa está inutilizado

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  12. dado que está inutilizado, não o quer transcrever aqui?

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  13. E agora? E agora, ou muito me engano ou vai continuar a inexorável caminhada da UE para a mais completa catástrofe. Os líderes europeus -basta olhar para a História- sempre intermitentemente se dedicaram a lançar os seus países uns contra os outros consumando, com breves hiatos temporais, um canibalismo horrendo entre gémeos siameses. A coisa esteve mais ou menos controlada enquanto o freio externo ( dos EUA e da URSS)pôs alguma água na fervura. Quando o Muro se desmoronou, foi o que se viu: imediatamente se fomentou uma guerra no mesmíssimo sítio onde havia nascido a I Grande Guerra, com a consequente criação de Estados completamente falhados na periferia da UE; os novíssimos países europeus resolveram baptizar a sua novíssima liberdade levando entusiasticamente o conceito de "instauração da democracia pela bomba" ao Iraque e ao Afeganistão de mãos dadas com os "neocons" do Novo Mundo; as velhíssimas e muito decrépitas potências pós-coloniais do Velho Continente resolveram matar (literalmente) saudades das velhas empreitadas genocidas de além-mar reduzindo a escombros a Líbia e fomentando a destruição total da Síria apoiando e multiplicando islamistas assassinos travestidos de democratas. Resultado? O resultado de tudo isso foi uma UE sitiada por fogos de todos os lados. Sentindo-se ainda um pouco friorentos, os nossos queridos e sapientes líderes europeus acharam que a fogueira no seu umbigo grego era acanhada e, vai daí, resolveram ir deitando gasolina na coisa. E não é que a coisa espevitou? Espevitou tanto que eu desconfio (desejo sinceramente que me engane redondamente) que, não tarda nada, o umbigo e o resto do corpo serão totalmente carbonizados por um fogo sem controlo possível.
    Terá sido tudo isto descuido? Não creio: isto é o resultado de os povos europeus elegerem anõezinhos tecnocratas e ignorantes para seus representantes. Esses anõezinhos já assassinaram a Democracia e o próximo passo será o de esquartejarem o corpo já meio putrefacto daquilo que foi, outrora, a UE.
    Podemos perguntar-nos por quem dobram os sinos da grei grega e a resposta, a única resposta sincera que nos podemos dar, será: eles dobram por nós. Eles dobram por todos nós.

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