De acordo com o
The Guardian, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, decidiu há momentos, de uma forma inqualificavelmente sórdida, ameaçar o povo grego: «
Não devem cometer suicídio por estarem com medo da morte». Sim, o mesmo Jean-Claude Junker que dizia, há apenas
cinco meses atrás: «
pecámos contra a dignidade dos povos, especialmente na Grécia, em Portugal e também na Irlanda», para acrescentar - nessa altura - que era necessário «
retirar lições da história e não repetir os erros». Como se vê. A falta de escrúpulos e de credibilidade desta gente é total.
De facto, o carácter inqualificável e repugnante destas declarações é óbvio e clarificador da verdadeira natureza do processo de integração capitalista europeia. Infelizmente os gregos elegeram um governo de substância social-democrata e palavreado trotskista, que lhes foi oferecido como alternante ao poder instituído do PS/PSD lá do sítio, ou seja, do PASOK/ND. Depois de eleitos e durante meses, não elaboraram qualquer plano "B" que lhes permitisse cumprir o mandato popular - que foi claramente de ruptura frontal e clara com as políticas de direita, nacionais e da UE - e preferiram dançar ao som da música de Bruxelas. Andaram em torno da semântica e da gravata e arranjaram um ministro das finanças que será a réplica grega do Francisco Louçã, que com aquele ar "negligé" que leva horas a preparar todos os dias, lá foi repetindo sem cessar a mesma cantilena: medidas de austeridade? Só mais esta!..E cada uma das que conciliaram com os carrascos do povo que os elegeu, passou a ser a última depois da anterior. Nas ruas, o clamor das pessoas é por mudança, mas o medo do desconhecido é paralisante. Deste modo, lavando as mãos das suas próprias responsabilidade e autor de um discurso esquizofrénico (basta pensar nas últimas declarações do Varoufakis de que o referendo não é sobre a permanência da Grécia no Euro, para perceber todas as contradições que estão naquelas cabeças...) o Syriza arrisca-se a ser o coveiro da esperança que nele foi depositada. E bem podem lembrar agora as declarações do Tsipras de que o Povo deve dizer "não". A falta de clareza do caminho, a falta de direcção das massas (pois é, lá vem a vida demostrar a validade de certas proposições...) traduz-se num acto de traição popular de que os gregos apenas sairão por força de um desfecho imponderável, que possa resultar do eventual descontrole da encenação que está montada para a tragédia dos próximos dias.
ResponderEliminarO melhor que o Povo Europeu tem para oferecer:
ResponderEliminarCrowdFunding a bailout fund for Greece. By the people, for the people.
https://www.indiegogo.com/projects/greek-bailout-fund#/story
Um disparate pegado essa de " o melhor que o Povo Europeu tem para oferecer"
ResponderEliminarConfundir iniciativas quase que caritativas ( por mais louváveis que sejam) com soluções para a situação a que assistimos é de bradar aos céus.
Nem dá pistas para perceber o presente, nem dá saídas válidas para o buraco em que nos encontramos. Nem questiona este modelo de sociedade,antes anestesia a luta por alternativas.
De facto asssemelha-se a um modelo Jonet, que como se sabe mais não faz que caridadezinha, mantendo tudo exactamente na mesma ( embora no caso da Jonet, o discurso caritativo ainda seja bem pior)
De