segunda-feira, 16 de março de 2015
Optimismo e o novo Memorando
"Quando até os nossos adversários olham para o futuro com mais esperança é porque de certeza Portugal é hoje um país mais livre, mais confiante e mais optimista no futuro do que aquele que nos legaram em 2011".
Palavras de Pedro Passos Coelho - ontem à noite em Oliveira de Azeméis - que são sinal de uma reconstrução da História, que já começa a aparecer em alguma comunicação social.
Tópicos da nova releitura da História:
1) O programa de ajustamento não foi feito para reformar a economia, mas sim para endireitar as finanças públicas;
2) O programa de ajustamento não foi delineado para criar emprego, nem criar um novo paradigma económico que tornasse Portugal mais competitivo; mas sim para tornar o Estado saudável, para que a economia possa respirar e, assim, crescer. E isso acontecerá quando as empresas quiserem, porque o Estado não deve ter uma palavra sobre isso, nem interferir nos assuntos privados.
3) As empresas é que criam emprego, não o Estado.
Já nem refuto nenhuma dessas premissas com vídeos com membros do Governo em 2011. Nem digo que o desemprego não desce porque são os estágios e os empregos apoiados que sobem. Nem comento a 3) quando é o Estado quem está a criar metade do emprego surgido recentemente!
Basta olhar para o desemprego oficial (gráfico acima) para perceber que o OPTIMISMO nunca deveria passar pela cabeça de alguém. Só os políticos que expurgam o emprego e o desemprego da equação podem sentir-se assim. Porque a doença de Portugal é o desastre completo que o programa de ajustamento criou no emprego, em que desempregados de longa duração estão em ascensão. Ainda. E em que a taxa de desemprego lato ultrapassa os 20%, já sem contar com a emigração jovem!
"Não queremos olhar para o futuro de uma forma imprevidente, de uma maneira que pudesse colocar em causa os sacrifícios que fizemos e os equilíbrios que tanto nos custou alcançar.".
Como se os sacrifícios tivessem passado e os desequilíbrios não estejam aí e nem passarão tão cedo.
"Nos últimos anos gastámos muito dinheiro em Portugal sem qualquer retorno. Se tivéssemos de fazer uma avaliação do que representou o investimento em Portugal, a despesa suportada por financiamento público e financiamento europeu, chegaríamos à conclusão que o resultado é não só frustrante como capaz de gerar indignação".
Pois, estamos muito melhor agora. Sobretudo quando pouco foi feito nas PPPs, quando a procura foi apertada e o financiamento das empresas fechado por força da aplicação do Memorando.
A pergunta é simples: Quando se espera que o emprego e o investimento atinjam o nível de 2011? E esperem-se engasganços...
Relativamente ao primeiro tópico da nova releitura da História, é isto que se discute hoje (repito, hoje) acerca da Grécia:
ResponderEliminar"Atenas nega ter falta de dinheiro para pagar os salários e pensões"
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4455133
"A Grécia enfrenta grandes problemas de liquidez, que o Governo grego não especificou ..." http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4456333
Ainda sobre o tópico 1 da nova releitura da História.
ResponderEliminar"Bancos gregos terão perdido 21 mil milhões de euros em dois meses" http://www.dinheirovivo.pt/Economia/interior.aspx?content_id=4384253
A discussão sobre políticas de criação de emprego, promoção do investimento (público e privado), mudanças estruturais qualitativas do sector productivo, ... são extremamente importantes. Mas perdem qualquer sentido em momentos de emergência financeira como os que se vivem na Grécia. E que se viveram em Portugal a partir de 2011.
O governo PSD/CDS descredibiliza-se aos olhos da opinião pública se, para além da estabilidade financeira conseguida, reclamar sucessos nas áreas que enumera.
Mas a oposição também se descredibiliza se não for capaz sequer de reconhecer que a estabilidade financeira foi alcançada (até quando, não sabemos). E subestima o impacto das notícias constantes dos problemas financeiros gregos nos eleitores. Suspeito que sem a garantia de que a estabilidade financeira alcançada não será posta em causa, o PS não conseguirá convencer um sector importante do eleitorado. Aliás, no que diz respeito a promessas eleitorais, António Costa já tratou de afirmar: "Estratégia nacional não pode ignorar negociações na Europa"
http://visao.sapo.pt/estrategia-nacional-nao-pode-ignorar-negociacoes-na-europa-antonio-costa=f811145#ixzz3UZCc5Qv0
Só ganhou com isso.
Quando se espera que o emprego e o investimento atinjam o nível de 2011? E esperem-se engas ganços...
ResponderEliminarNunca...
Quando o país é desgovernado por troca-tintas!
nunca!
quando em um país o arco da desgovernação PS e PSD7CDS não é capaz de criar novos quadros e novas posturas politicas e sociais, nunca!
quabdo o índice de aprovações escolares é vergonhosamente baixo.
nunca!
quando em um país os níveis de conhecimento das populações é aida pior. nunca!
uma revolução cultural sim nem que fosse uma ditadurazinha á Manuela Ferreira Leite (seis meses)!
o país inteiro já se apercebeu da sua impotência belicista...Então se a mexida não vem de baixo há que puxar os cordelinhos do meio.......
Adelino Silva
Investimento público, seguramente não vai crescer significativamente.
ResponderEliminarE o que se fizer não será muito reprodutivo - as principais exigências vão para criar vultuosos meios que assegurem o dever constitucional de fazer durar a despesa com uma população envelhecida.
Quanto ao privado, dependerá da remuneração do capital - as mais sonoras exigências são no sentido de que não se dê tréguas aos exploradores.
Brincamos ao dever ser; ignorar o ter de ser é de regra.
Todo o discurso do Governo não passa de mera retórica de propaganda política mediucre.
ResponderEliminarCaro anónimo,
ResponderEliminar"A oposição também se descredibiliza se não for capaz sequer de reconhecer que a estabilidade financeira foi alcançada".
Esse objectivo seria conseguido matando metade da população e, no entanto, ninguém acha esta ideia razoável. A estabilidade financeira não é um objectivo em si próprio. E mesmo assim, se se discutir a sustentabilidade da dívida pública - e privada - se chegará à conclusão que pouco foi consguido.
Em que ficamos?
Ajuda, se as fontes dos gráficos foram expressas como tem sido hábito neste blog
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