sábado, 14 de março de 2015

Lembrar


Considerando a necessidade de concretizar uma política económica antimonopolista que sirva as classes trabalhadoras e as camadas mais desfavorecidas da população portuguesa, no cumprimento do Programa do Movimento das Forças Armadas; Considerando que o sistema bancário, na sua função privada, se tem caracterizado como um elemento ao serviço dos grandes grupos monopolistas, em detrimento da mobilização da poupança e da canalização do investimento em direcção à satisfação das reais necessidades da população portuguesa e ao apoio às pequenas e médias empresas; Considerando que o sistema bancário constitui a alavanca fundamental de comando da economia, e que é por meio dela que se pode dinamizar a actividade económica, em especial a criação de novos postos de trabalho; Considerando que os recentes acontecimentos de 11 de Março vieram pôr em evidência os perigos que para os superiores interesses da Revolução existem se não forem tomadas medidas imediatas no campo do controle efectivo do poder económico; Considerando a necessidade de tais medidas terem em atenção a realidade nacional e a capacidade demonstrada pelos trabalhadores da banca na fiscalização e controle do respectivo sector de actividade; Considerando, finalmente, a necessidade de salvaguardar os interesses legítimos dos depositantes...

Decreto-Lei de 14 de Março de 1975 sobre a nacionalização da banca. Faz hoje quarenta anos. Uma data a assinalar. Estou em crer que olharemos cada vez mais para este corajoso país distante como uma fonte de ensinamentos para um país que queremos próximo. Um país que depois dos Espíritos Santos desta desgraçada vida financeira terá de ter um sistema financeiro funcional, com um pólo público dominante e orientado por missões, como agora se diz em investigação económica actual sobre este tema, numa linha que tem vindo a revalorizar o papel da banca pública de investimento, parte essencial de uma estratégia de inovação e desenvolvimento que supere as negativas tendências das últimas três décadas de financeirização e da sua tradução política, a neoliberalização.

16 comentários:

  1. "uma fonte de ensinamentos para um país que queremos próximo."

    Não é só uma fonte de ensinamentos para Portugal. É uma fonte de ensinamentos para o mundo, nomeadamente o mundo "ocidental"!
    Espero que o Podemos inclua este ensinamento no próximo pacote de consultoria ao governo Venezuelano.

    ResponderEliminar
  2. Recomento, para os contentinhos com o miserável estado em que nos encontramos, após 40 anos a contra a barbárie de Abril - uma coisa que mandou os Espíritos Santos para de onde nunca deviam ter voltado.

    Apesar da crise presente - e dos seus conteúdos mais que evidenciando a falência do modelo - não faltaram por estes dias nos jornais comentários contra as nacionalizações de 1975.


    Valeu por isso a pena ver em filmagens da época emitidas pela RTP 1, um curioso cartaz onde se lia "A Banca nacionalizada, jamais será roubada".

    Mário Gonçalves, assustado com o mal que fizeram aos obres banqueiros, é só mais um cúmplice dos Salgados, dos Oliveiras e Costas, dos Nandos Ulrichs, dos Jardins Gonçalves, tudo a melhor das gentes que nos calhou em sorte, quando retrocederam as nacionalizações.

    ResponderEliminar
  3. Barbárie é hoje pagarmos a fraude e o desvio, e os escroques à solta…

    ResponderEliminar
  4. já alguém disse que recordar é viver e com razão...
    foi curto o tempo de alegria que tivemos - ano e meio - mas nesse curto espaço de tempo muita coisa foi feita.
    era então militar em Vale de Zebro. Escola de Fuzileiros.
    que bom que foi e que tanto bem queriam os militares de Abril aos portugueses...
    hoje vivo a tristeza presente que um país pode ter quando a vilanagem financeira e os políticos corrompidos ao se serviço...vá lá saber por que carga de água ....
    Adelino Silva

    ResponderEliminar
  5. Qual seria a expressão eleitoral de um partido que defendesse a nacionalização da banca?

    ResponderEliminar
  6. 14 de março de 2015 às 17:49

    anda pelos dez a doze por cento:

    www.publico.pt/economia/noticia/nacionalizacao-da-banca-comercial-e-imperativo-nacional-diz-pcp-1661245

    Mais uns cinco por cento no BE, que não se deve opôr.

    Com jeito, podia dar uns 20 por cento.

    ResponderEliminar
  7. "Qual seria a expressão eleitoral de um partido que defendesse a nacionalização da banca?"

    Seguramente inferior à que teve Hitler em 1932.

    ResponderEliminar
  8. Considerando a cretinice dominante à época,
    Considerando que os nacionalizadores não souberam que fazer com as nacionalizações,
    Considerando a resiliência da aludida cretinice ao longo das últimas décadas,
    Considerando que os privatizadores não souberam como regular as privatizações,
    Considerando os reconhecidos males da financeirização da economia,
    Decreta-se que:
    - seja extinta a suspensão que desde a sua nascença impende sobre o artigo 35º do Código das Sociedades,
    - que sobre os juros pagos pelas empresas aos seus financiadores por qualquer título (obrigações, suprimentos,etc.) seja aplicada a taxa liberatória aplicável aos depósitos a prazo.

    Lá se iam os 'banqueiros maravilha' e os 'gestores públicos de merda'!

    ResponderEliminar
  9. Tinha 6 dias de peluda.
    Mas Março para mim é o do dia 16!...E Vivam os generosos e ingénuos lutadores desse dia, que à negra lista dos esquecidos passaram!

    ResponderEliminar
  10. Últimas páginas
    Salda-se aqui,nas derradeiras páginas,o trágico balanço da penúltima revolução ocorrida em Portugal,a de Abril de 1974.
    Quanto a nós,para além dos crimes desse cadáver político do Gonçalvismo,e da passividade colaborante do Costagomismo,para além da pelintra vergonha de empenharmos o ouro para sobreviver,do País em saldo,da miséria esmolante de andarem os responsáveis do Governo a estender a mão à caridade internacional,o saldo negativo cifra-se numa formula conclusiva,simples e desanimadora: a Falência da Revolução.
    Acordem,pois,os portugueses de Portugal.Ou implantamos,no mais curto prazo de tempo,uma Democracia a funcionar,ou viveremos o resto das nossas vidas na tristeza ruminante do remorso de suportarmos outra vil Ditadura qualquer.---Manuel de Portugal nas Crónicas e Cartas de Manuel de Portugal(livro de 1976)---O autor dessas crónicas escrevia sob esse pseudónimo para o jornal "Tempo" em 1975/6.

    ResponderEliminar
  11. Estiveram 40 anos para destruir o que o 11 de março lhes deu para a mão e ainda dizem mal os zés

    ResponderEliminar
  12. e nem faltam os arautos do Tempo, esse farol da direita trauliteira e afascistada que pôs coelhos, portas e relvas no Governo.

    admira pouco que seja numa altura em que cabeças lustrosas como a de duarte marques lhes chefiem as jotas.

    ResponderEliminar
  13. Como andam aí uns distraídos quanto a desígnios nacionalizadores:

    http://ocastendo.blogs.sapo.pt/sectores-estrategicos-e-nacionalizacoes-1873022

    ResponderEliminar
  14. Quando a Banca juntamente com as empresas seguradoras foram nacionalizadas em 1975 ( apenas foi nacionalizado o capital Nacional , deixando de fora o estrangeiro ), todo o sistema bancario em Portugal encontrava-se num estado economico e financeiro bastante mau.Houve uma fuga muito grande de capitais que começou muito antes do 25 de Abril de 1974.
    Presentia-se que o Estado Novo estava a chegar ao fim devido à situação do país,nomeadamente com uma guerra em tês frentes que estava a esgotar os recursos materiais e humanos da nação.
    A recuperação foi feita em termos relativamente rápidos.
    Podemos dizer que Os tempos eram outros. Naquele tempo era possível fazer uma política cambial e orçamental , o monetarismo moderno ainda não se tinha iniciado na Europa , e foi possível fazer uma política expansionista, aquilo a que a Sra. Ministra das Finanças chama hoje de "Facilitismo."
    Mais tarde resolveu-se proceder à privatização da Banca. Esta privatização foi feita por motivos ideológicos e de forma contrária ao intersse Ncional.
    Depois da privatização já se registaram quatro falências de bancos : começou primeiro com um pequeno banco açoreano. depois o PPN , PPP E a agora o BES. O que é comfrangedor é que todas estas falêncis se registaram de uma forma em que as diversas entidades supervisoras revelaram uma complacência ssustadora.
    O presidente do BPI fez recentemente declarações prestimosas que vieram esclarecer bastante o que se pasou com o caso BES .

    ResponderEliminar