Posso estar enganado, mas parece-me que é bem mais complicada a verdadeira razão do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho para não ter pago as contribuições à Segurança Social.
E por duas ordens de razões. Primeiro, recorde-se que, segundo o Público e ao contrário do que afirmou o porta-voz do PSD, quando tudo aconteceu não havia qualquer confusão com a possível acumulação de remunerações, como assalariado e independente.
"Entre o dia em que terminou o seu mandato de deputado, em Outubro de 1999, e Setembro de 2004, data em que recomeçou a descontar como trabalhador por contra de outrém, no grupo Fomentinvest, o então consultor da Tecnoforma não pagou quaisquer contribuições para a Segurança Social. Nesse período, além da Tecnoforma, onde era responsável pela área da formação profissional nas autarquias e auferia 2500 euros por mês mediante a emissão de recibos verdes, trabalhava também, sujeito ao mesmo regime, na empresa LDN e na associação URBE. Nos dois primeiros anos em questão foi igualmente dirigente do Centro Português para a Cooperação, organização não-governamental financiada pela Tecnoforma. Foi esta organização que esteve, em Outubro passado, no centro de uma controvérsia sobre o carácter remunerado ou não das funções que Passos Coelho aí exerceu, e sobre uma fraude fiscal que então teria praticado no caso de ter sido remunerado, como alegavam as denúncias então surgidas e por si desmentidas."
Ou seja, Pedro Passos Coelho recebia algo que sempre considerou ser, não remunerações, mas "despesas de representação" - "Não se trata de rendimentos", disse no Parlamento sobre a sua situação como deputado em exclusividade - e que, pelos vistos teria continuado a receber quando deixou o lugar de deputado. Por outras palavras, o que se trata é de algo um pouco pior do que não saber se eram devidas contribuições sociais. Tudo indicia ser, pois, uma ocultação de rendimentos. Por que foi então que, desta vez, não alegou o primeiro-ministro que não se tratava de remunerações, mas de ajudas de custo, despesas de representação?
Segundo, e na minha opinião, até mais grave para o cargo que quer ocupar. Faça-se tábua rasa com a questão anterior e assuma-se que, benignamente, Passos Coelho não sabia que devia pagar à Segurança Social. Nesse caso, o primeiro-ministro tem uma estranha noção de Segurança Social. Será que, mesmo considerando ser remunerações, o primeiro-ministro acharia que não devia fazer descontos? Qual o raciocínio subjacente? A Segurança Social deve ser facultativa para certo tipo de remunerações independentes, pagando apenas quem quer e no montante que quiser, não havendo regras gerais e universais? O que lhe terá verdadeiramente passado pela cabeça? Onde estava Pedro Passos Coelho quando, por diversas vezes no seu mandato, o Parlamento deve ter abordado as questões da Segurança Social?
No fundo, o que se passou - segundo Edmundo Martinho, ex-presidente do Instituto da Segurança Social (ISS) entre 2005 e 2011, a situação em que o primeiro-ministro confirmou encontrar-se entre 1999 e 2004 "corresponde aquilo que tecnicamente se chama, e é assim que é definida internacionalmente, uma situação continuada de evasão contributiva".
Tudo muito estranho.
coitado do 1º ministro!
ResponderEliminarsó prova que ele se esforça por bem governar...
foram criadas circunstancias ou as circunstancias geraram tais condições pra que tal ---
até se esquece dos seus deveres primários...moral da istória - a demissão aqui ajustava-se que nem ginjas. por ADELINO sILVA
Primeiro estranha-se e depois entranha-se já dizia o outro,ás vezes até dá a sensação(lendo certos posts e artigos) que não estamos num sistema político corrupto e disfuncional do ponto de vista de tudo o que é decente,como ainda estranhar então este tipo de coisas?
ResponderEliminarEle sabia que tinha que pagar ,mas não sabia que tinha que pagar a esquecida divida que foi esquecida por ele por esquecimento .........
ResponderEliminarhttps://a.disquscdn.com/uploads/mediaembed/images/1794/1090/original.jpg
Afinal o Mister X só pagou o que estava em dívida a partir de 2002...Os seus problemas de consciência, são problemas de consciência limitada, no tempo e no valor...A pagar!
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