segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Como é que se se diz democracia em grego?


Confirma-se: a Grécia vai ter eleições legislativas no final de Janeiro. Os gregos vão estar agora ainda mais sujeitos a todas as chantagens. Quem vai ceder?

O povo grego, face à pressão dos especuladores e das instituições europeias, vota maioritariamente nas forças do status quo, apesar da destruição que estas, e a troika, geraram, receando a alternativa num contexto de convocação relativamente impopular de eleições antecipadas?

O Syriza assume, ainda antes das eleições, um qualquer compromisso com as instituições europeias e com as suas políticas ou faz o mesmo depois da vitória, sem contrapartidas visíveis, alinhando, por exemplo, num governo dito de “salvação nacional”, cedendo para manter a Grécia neste euro com os mesmos custos sociais, mais coisa, menos coisa, de sempre?

Perante um governo liderado pelo Syriza, as instituições europeias, e a Alemanha que as comanda, aceitam começar a rever os termos austeritários construídos nas últimas décadas e reforçados nos últimos anos, abrindo um precedente, em nome de uma hegemonia agora benigna, que recompensa a desobediência democrática e europeísta, uma espécie de Plano Marshall, com perdão a sério de dívida e tudo, mas agora sem o equivalente a tanques soviéticos em Berlim ou rebeldes comunistas na Grécia?

O euro cede lugar a uma nova moeda na Grécia, já que uma moeda sem Estado não resiste à desobediência democrática de um Estado realmente existente e dos que querem reformar o que não foi feito para ser reformado, preferindo os poderes europeus na prática expulsar a Grécia para colocar na linha outros eventuais recalcitrantes, sendo que os mecanismos reais e combinados, não intencionais e intencionais, para isto são muitos, da fuga maciça de capitais à situação dos bancos gregos, passando pela decisão do BCE à maneira da que ditou a resolução do BES, ou seja, negando o acesso  do sistema bancário periclitante à liquidez do banco central?

Em 2015, a democracia na escala onde esta ainda pode existir vai ser testada e os poderes pós-democráticos com escala europeia também. Em caso de vitória do Syriza, eu apostaria em dois cenários, dado que a reforma progressista das instituições europeias não está disponível (quais os mecanismos?): a cooptação do Syriza ou a saída do euro. Se isto for verdade, os europeístas de esquerda ficarão, por cá, sem programa em caso de vitória do igualmente europeísta Syriza, confirmando que no euro não há espaço para alternativas ao serviço do povo. Seja como for, o mais importante por agora é a solidariedade com o povo grego e com a sua soberania democrática.

16 comentários:

  1. Quando ouço falar em soberania democrática logo me ocorre o Tudo a todos e haja quem pague» como a sua expressão mais proclamada.
    A crise democrática reduz-se à demissão das élites políticas em conformarem-se ao possível e assumirem-se como treteiros cuja única ambição é parasitarem o Estado.

    ResponderEliminar
  2. Quando ouve falar em soberania democrática parece que jose se lembra de tudo e mais alguma coisa.

    Nós lembramo-nos de algo bem mais grave

    Dizia ele aqui neste mesmo Ladrões e cito:

    "Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"

    naquela linguagem ameaçadora de quem não tem peias no seu convite aos deutschland uber alles.

    Por isso se torna obsceno o uso da palavra "democrática" vinda de quem vem

    Quanto à soberania isto é algo que irrita sobremaneira a nossa direita extrema.
    Enterraram Camões que tanto jeito deu aos cadáveres do antigo regime e usa-se agora o breviário em dólares ou euros. Pelo meio tiram uma folgazita para paparem uma missa em nome do espírito de Natal.

    Não,a única ambição de quem assim se expressa e espelha os seus valores não é apenas o parasitar o estado.É mais fundo e muito mais sinistro.

    E só não vê quem de facto não quer ver

    Solidariedade com o povo grego e a sua soberania.Por mais engulhos que isso cause aos germanófilos do eixo

    De

    ResponderEliminar
  3. Bons tempos em que os comunas como DE ousavam invocar a ditadura do proletariado e não se abrigavam sob a capa democrática!
    Lobos desdentados, línguas de pau...

    ResponderEliminar
  4. Talvez uma das maneiras de manter a "solidariedade" com o povo grego passe como Tsipras diz por desmontar "as narrativas do terror" das quais este post é um bom exemplo. Cf. http://www.publico.es/internacional/tsipras-pide-acabar-relatos-terror.html

    msp

    ResponderEliminar
  5. O que surpreende,
    é a lata de "eruditos" ditos democratas,

    reivindicarem legitimidade á opinião da "representação",

    em detrimento da opinião SOBERANA,

    dos "seus representados".

    Porque será?!

    ResponderEliminar
  6. Curioso o "comentário" de jose

    Talvez a irritação da resposta surja em consequência da sua momentânea falta de confiança nos trauliteiros que comandam Portugal e a UE.De que as eleições na Grécia, com tudo o que dai possa irradiar, tenha sido o gatilho para tão manifesta demonstração de pesporrência ditatorial. A resposta sentida e "vivida" para os entraves ao seu ideário de direita extrema

    Infelizmente para este sujeito, as odes que entoa carecem de confirmação objectiva.

    Já os seus impropérios contra as bestas,que afinal somos todos nós,estão documentados e assinados

    De

    ResponderEliminar
  7. Assumir as próprias responsabilidades vai ser o mais difícil para os governantes gregos se saírem do euro.
    Depois deixa de haver o argumento de que a culpa é da Merkl.
    Mas entretanto como a cotação da moeda deve desvalorizar 40% no mesmo dia só se afigura um caminho: subir.

    ResponderEliminar
  8. As movimentações de Berlim e Frankfurt para salvar o euro, já de si ameaçadoras por incitarem à exclusão da Grécia levam ao paroxismo um clima de ameaça generalizado sobre todos os cidadãos europeus - ao vilipendiarem um acto eleitoral com tentativas provocatórias de influenciar o voto- dizendo-lhes onde devem votar e prometendo a asfixia financeira se não o fizerem como se para salvar o euro houvesse que enterrar a democracia - um dilema que a qualquer cidadão repugna e é por isso que o voto no Syriza é tão importante.

    ResponderEliminar
  9. Inteiramente de acordo, AGD — contanto que não se tire do seu comentário a ilação de que basta romper com o euro para salvar o que de "democrático" — e é bem pouco — existe no regime da UE.

    msp

    ResponderEliminar
  10. O voto no Syrisa é da maior importância para a Europa.
    O fim do ciclo da treta só pode consolidar-se com treteiros colocados a enfrentar a realidade.

    ResponderEliminar
  11. Resta sempre saber o que é que "o fim do ciclo da treta" significa para quem apostrofa de Bestas quem não segue os passos de merkel (desculpabilizada aqui de forma no mínimo estranha por alguém)os passos dos passos,os passos dos portas, os passos dos que seguem os passos dos que tentam asfixiar qualquer veleidade soberana dos povos.

    Porque esta resposta não sabemos.
    Embora saibamos o destino que jose defende para quem não cumprir as ordens dos seus amigos ou seja o exercício da "força bruta".

    Isto faz lembrar algo profundamente terrível.
    E o à vontade com que se dizem coisas terríveis é um bom prenuncio para as coisas terríveis a esperar de coisas assim ...

    De

    ResponderEliminar
  12. A terrível vulgaridade de cada povo viver com o que produz, aterra DE!
    E seguramente identificará como manifestação de uma vontade soberana ao que em tempos se designou por fossado.
    Só que, neste novo tempo da treta, o saque deve ser servido ao domicílio e com hinos de louvor e graças!

    ResponderEliminar
  13. Breve interlúdio:

    Não confundir um acontecimento "terrível" , com o "aterrar" alguém.

    Não se sabe se tal deriva de ignorância ou de simples mistificação

    O que é terrível é quem ameaça outros da forma como ameaçavam outrora os ...

    Deste jeito prenhe de...

    "Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"

    Palavras de jose anunciadoras terríveis dum novo saque que repete saques sentidos no século passado pela Alemanha, Itália, Espanha,Portugal...

    De

    ResponderEliminar
  14. DE, os seus sentimentos e fidelidades pessoais não devem levá-lo à universalização das bestas.
    As bestas são sempre uma minoria, e como bestas que são só reconhecem a força bruta; lembro o caso dos nazis, comunistas, agentes soviéticos e outras bestas mais recentes como talibãs e califados.

    ResponderEliminar
  15. A falta de coragem para se assumir o que se diz é "muito má". Característica dum modo de ser e dum modo de estar.

    Associar a tal uma tentativa de manipulação grosseira permite completar um quadro já de si lastimável

    Esta frase foi postada por jose:

    "Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"

    e foi colocada por jose no contexto deste post de João Rodrigues:

    "Se te mexes morres":

    ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/12/se-te-mexes-morres.html?m=1

    As "bestas" referidas por jose mudaram bastante de sítio

    Um retrato feio

    De

    ResponderEliminar
  16. (Infelizmente para todos nós há para aí frases de jose em que este elogia a tortura e os torturadores.

    E em que defende o "dever do torturador". Entrando naquele espaço estreito e sufocante da defesa de quem é carrasco, seja um agente da CIA, um reles pide,um talibã, um decapitador de cabeças ,um fascista islâmico tout court.
    Tal pode ser documentado.

    Infelizmente.)

    De

    ResponderEliminar