sexta-feira, 24 de outubro de 2014
«Lugar aos novos»... mas quais novos?
A Assembleia da República debateu, na passada quarta-feira, a petição promovida pelo Manifesto dos 74, «Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente», tendo sido igualmente debatidos os Projectos de Resolução apresentados pelo PCP, BE e PS.
O Manifesto que daria origem à petição, promovido por personalidades dos mais distintos quadrantes políticos e sociais e oriundas de diferentes universos da nossa vida colectiva, constituiu um sobressalto cívico da maior relevância, denunciando já na altura aquilo que hoje se sabe de uma forma ainda mais cristalina: a austeridade e o empobrecimento não pagam a dívida e a sua reestruturação torna-se, a cada dia que passa, cada vez mais incontornável.
As reacções ao surgimento desta iniciativa, por parte do governo, presidência e de outros situacionistas, não se fizeram esperar. E pautaram-se em regra, com diferentes matizes, pela exasperação e fúria, próprias de quem é apanhado sem chão, em plena dissimulação da realidade. Entre essas reacções, recordo-me particularmente da de José Gomes Ferreira, que decidiu então escrever a sua famosa «Carta a uma Geração errada».
Nessa carta, Gomes Ferreira propunha o seguinte aos subscritores do Manifesto: «Que tal deixarem para a geração seguinte a tarefa de resolver os problemas gravíssimos que vocês lhes deixaram? É que as vossas propostas já não resolvem, só agravam os problemas. Que tal darem lugar aos mais novos?» Perante esta menção à «geração seguinte» e aos «mais novos», ficou sempre uma dúvida: de quem estaria a falar José Gomes Ferreira? De Cavaco Silva, Eduardo Catroga, Braga de Macedo, Ângelo Correia e Paulo Portas, entre outros... Ou de jovens, com ideias velhas e ultrapassadas, como Carlos Moedas, Álvaro Santos Pereira, Bruno Maçães, Vítor Gaspar e o próprio Passos Coelho?
Meu Caro
ResponderEliminarQuando vi o titulo, julguei que ias falar sobre os deputados socialistas signatários do documento e que se abstiveram na votação.Que oportunidade perdida...
"Ou de jovens (com ideias que o tempo confirmou serem velhas e ultrapassadas) como Carlos Moedas, Álvaro Santos Pereira, Bruno Maçães, Vítor Gaspar e o próprio Passos Coelho?"
ResponderEliminarNem era preciso perguntar: toda a gente sabe que só os jovens de esquerda têm ideias verdadeiramente novas (e verdadeiramente progressistas, acrescentaria eu).
Sou contra todos os ladrões
ResponderEliminarmas estimo os que roubam aos ricos
Ruído ...
ResponderEliminarPor favor não denunciem a horda neoliberal porque ainda se arriscam a serem acusados de estarem a fazer "ruído" e assim acordarem a malta
ResponderEliminarah...porque será que tudo o que não agrada à clique governamental/empresarial tem que ser sistematicamente apodado de algo que permita "apagar" a denúncia dos joses ferreira da nossa praça?
Estes ruídos que são precisos emitir para tapar o cheiro fétido da governança da direita pesporrenta/ neoliberal e dos seus medíocres sequazes.
De
E o PS que não votou a favor dos projetos do PCP e do BE. Bela convergência de esquerdas! Enquanto isso, o Partido Livre (já à venda?) e o Forum Manifesto (os poucos que saíram do BE), fingem que o PS quer convergir com as esquerdas: são os mais sectários, na verdade. E em breve estarão querendo trocar o nome PS como se está a fazer em França.
ResponderEliminarEstou convencido de que Camilo Lourenço e Gomes Ferreira são pagaos para dizer o que dizem.
ResponderEliminarDificilmente se podem continuar a dizer jornalistas com a dimensão dos broches que fazem, broches diários, massivos, omnipresentes, sem lugar a um instante de contraditório, de dúvidas, de distanciamento.
E não assino. Se pensasse igual não estava desempregado dos mesmos OCS que lhes pagam a eles.
O comentário do anónimo de 25 de Outubro de 2014 às 11:00 diz muito.
ResponderEliminarE uma das coisas que diz, diz respeito aos motivos pelos quais há quem ache estas coisas que se dizem aqui como ruído.
De