Para quem tem acompanhado a trajectória de Arnaud Montebourg desde as últimas primárias do PSF para decidir o candidato à Presidência, onde apresentou uma interessante plataforma favorável à desglobalização, o seu afastamento do governo francês de Jean-Baptiste Say só causa admiração por ser tão tardio. Montebourg já andava a fazer um pouco figura de idiota cada vez menos útil há algum tempo. Fartaram-se e fartou-se.
Consolidam-se duas clarificadoras derrotas: os que não desafiam as regras da integração europeia acabam a praticar as políticas neoliberais que nela estão inscritas e, num exemplo de como as preferências políticas podem ser adaptativas, a achar que isso é o melhor que há a fazer; os que, como foi o caso de Montebourg até agora, colocam na “Europa” o peso da construção de uma alternativa desglobalizadora, que não autárcica, claro, estão condenados à impotência, já que a globalização neoliberal é o outro nome da construção europeia. As coisas são como são feitas, como as estruturas são feitas.
A França mostra a Portugal o seu futuro político e de forma diluída, já que ainda está longe da violência da austeridade periférica. Por aqui, o destino político parece então certo enquanto não houver sinais de qualquer possibilidade ou vontade em desafiar as estruturas com escala europeia. A mensagem para a esquerda que não desiste não pode ser mais clara em França ou em Portugal: só a unidade em torno de uma plataforma política que, entre outras dimensões, mobilize e dê densidade programática a um saudavelmente realista eurocepticismo, de resto crescentemente popular, pode a prazo construir uma alternativa com peso e que pese na vida das classes populares. O resto é adaptação e impotência, ou seja, a mesma história que já parece de sempre.
A massa crítica face à UE, a esta UE neoliberal e profundamente antidemocrática, de facto aumenta e como diz João Rodrigues é "crescentemente popular.
ResponderEliminarA cegueira ou o enfileirar consciente e submisso espanta pela dimensão e pelo carácter quase que acéfalo.
Ou talvez não
De
E a pergunta que se impõe é em que (tele)jornal essa esquerda vai ver as suas propostas passarem?
ResponderEliminarPorque da última vez que vi uma sondagem, mais de metade dos portugueses pretendia confiar o seu voto a quem não se revê nessa proposta. Torna-se pois urgente é saber qual o órgão de comunicação social que ajudará essa ideia a passar...
A crise de derrapagem ideológica dos partidos da Internacional Socialista tambem já chegou ao Prtido Socialista Francês.
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