segunda-feira, 7 de abril de 2014

Da negação como confissão do fracasso

No dia em que se assinala o terceiro aniversário sobre o pedido de resgate (6 de Abril de 2011), que conduziria à assinatura do Memorando de Entendimento (MdE) com a troika, Eduardo Catroga procura distanciar-se do seu papel nos acontecimentos, referindo à TSF «que só esteve numa reunião com a troika, antes de ser assinado o memorando e que gostava de ter tido mais, mas o programa foi o possível e estava em linha com as ideias fundamentais do PSD».

Sim este é, como oportunamente sublinha a Shyznogud, o mesmo Eduardo Catroga que, a 3 de Maio de 2011 (data da assinatura do memorando), afirmava que a negociação fora «essencialmente influenciada pelo PSD», o que permitira à Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional perceber a «estratégia diferenciadora do PSD» face ao PEC IV (documento que, segundo Catroga, «estava ultrapassado», sendo as medidas nele constantes «insuficientes», por não contemplarem a «necessidade de reduzir o gordo Estado paralelo, o novo Estado paralelo» ou a «necessidade de racionalizar o Estado»). Chamando a si os louros do processo de negociação com o PS (na foto, o famoso encontro com Teixeira dos Santos) e com a troika, Eduardo Catroga não se acanha, naquele início de Maio de 2011: «penso que o PSD, através da equipa que eu chefiei, deu um grande contributo para este processo. Portugal vai ter aqui uma oportunidade de fazer as reformas que se impõem, para dar esperança aos portugueses, para dar esperança à juventude». Ora nem mais: esperança aos portugueses, esperança à juventude.

Daí em diante, sabemos todos bem o que aconteceu: a austeridade em dobro produziu destruição redobrada e resultados esperados pela metade, contrariando assim a «grande vitória daqueles que defendem, como nós» - dizia Catroga em Maio de 2011 - «uma consolidação orçamental a um ritmo mais adequado do que aquele ritmo com que o Governo [PS] se tinha comprometido». Pois é, se dúvidas restassem, teríamos agora a certeza: quando são os próprios entusiastas a sentir necessidade de se demarcar da chegada da troika à Portela, é porque o processo de «ajustamento» resultou mesmo num retumbante fracasso.

10 comentários:

  1. Para memória futura.
    Fundamental
    De

    ResponderEliminar
  2. O problema é que, tal como muitos outros (ex-)políticos, Catroga nunca será confrontado pela comunicação social sobre as suas contradições. Quando muito será convidado como comentador e nessa qualidade, como se sabe, não pode ser confrontado pelo jornalista(?)/entrevistador(?)/pivot.

    ResponderEliminar
  3. O Sr. Secretário-geral do PS afirmou também que, no prazo de uma legislatura, quer acabar com os "sem-abrigo". Pois, entendo a quem se refere. Aos miseráveis como o Sr. Presidente da República, que nem casa própria tem, apesar de ser um palácio e para quem 10 mil euros mensais são insuficientes para fazer face às despesas próprias. Apaniguados como este e quejandos

    ResponderEliminar
  4. Que bando de incompetentes.

    As empresas só os contratam devido à proximidade com o poder porque de resto eles não prestam para nada.

    Ninguém quer desta gente a gerir nada.

    ResponderEliminar
  5. ...pois é, aos poucos, todos vamos concordando com josé socrates...

    ResponderEliminar
  6. O Catroga está confortável no seu canto e conta nada para os acontecimentos.
    Mas na imnpossibilidade de negar o sucesso da austeridade há que denegrir os agentes associados à sua instituição.
    Acabou o festival de promessas de facilidades!
    Trabalho e prudência, recordam um tempo em que sustentadamente cresceu a economia e a que chamam 'do fascismo',como tal as almas progressitas dizem ser um mal. Reflexos condicionados...

    ResponderEliminar
  7. Concordar com Sócrates?
    Só se for na anónima cabecinha.Que fique com ela, com o seu juizo, mas que não insulte alguns dos demais

    Catroga é um exemplar do esgoto que constitui a élite governamental e da direita troglodita
    Um exemplar paradigmático do que é um neoliberal pesporrento, caceteiro e sem princípios, amante do dinheiro e do poder, sem a mínima sombra de escrúpulos ...e cobarde como geralmente todos os que.
    Shakespeare retratou-o há séculos.
    O lixo ao lixo.Mas não basta

    De

    ResponderEliminar
  8. Jose está um primor.Elogia o seu mestre desta forma quase que obscena
    Mas tem uma vantagem tal atitude.Permite ver que o mestre de jose,o néscio e pútrido salazar, tem pontos mais do que comuns com os seus amigos governamentais.
    Por exemplo com o catroga.

    É perfeitamente abjecto que um sujeito como jose que se comporta com os judeus, perdão funcionários públicos como se comporta, exiba lá do alto da sua doutrina a meiguice face ao catroga, que repousa lá no seu canto e "conta nada para os acontecimentos" (esta foi a pedido pessoal de catroga, adivinha-se)

    Mas o melhor está para vir."O sucesso da austeridade" dirá empolgado o admirador de salazar, mostrando que há coincidência entre os admiradores do fascista, do catroga e do coelho.

    "Sucesso da austeridade"?
    Pensará jose que tal como um seu outro mestre, uma mentira mil vezes repetida se torna verdade?

    O que pode o ódio de classe dum burguês para assim se prestar a tais enormidades?

    De

    ResponderEliminar