O grupo financeiro Espírito Santo parece estar a viver dias complicados. A liquidez e solvabilidade do grupo já viram melhores
dias. Os problemas de liquidez nacionais de uma banca sobredimensionada
foram o resultado de um enorme endividamento externo - que permitiu
investimentos da Saúde às telecomunicações - incorrido durante os anos
que precederam a crise. Com a crise do euro, o refinanciamento privado
da dívida foi bloqueado (ninguém emprestava à banca nacional).
Entretanto, quer através da ajuda do BCE (chegou a refinanciar mais de
10% dos activos do BES), quer através de truques financeiros (os fundos de investimento geridos pelo banco compraram dívida de curto prazo das empresas do grupo), o BES pareceu uma rocha face à tempestade da crise,
sendo o único grande banco a não recorrer a fundos públicos para a sua
recapitalização.
Contudo, a maré de sorte parece ter terminado em 2013. Com o
incumprimento do crédito a aumentar, novas regras prudenciais no que
toca à gestão de fundos e avaliações de “stress” a aproximarem-se, a
real fragilidade do grupo está à vista de todos. Primeiro foram as
vendas de participações em empresas, como na ZON, depois a venda recorde de imóveis em carteira do BES, finalmente a abertura de capital de
empresas do grupo como a Espírito Santo Saúde ou a Espírito Santo Control. Tudo isto porque o negócio bancário, cuja pujança permitiu a expansão do
grupo, está prestes a anunciar prejuízos recorde (500 milhões de
euros?) com consequente descapitalização. E aqui entramos nós. Com uma imagem fragilizada, uma economia que
continua a provocar prejuízos ao seu balanço, a hipótese de o Estado
Português ter de recapitalizar o banco parece cada vez mais próxima. Continuamos assim
com uma banca privada zumbi privada liquidez pública (BCE ou instituições como o Banco
Europeu de Investimento) e capital público. Já o controlo da gestão fica
nas mãos exclusivas dos privados. É o capitalismo financeiro.
Acresce que a única razão pela qual o BES não tinha já beneficiado do apoio à banca, tinha a ver com a sua recusa em deixar entrar no banco qualquer entidade com capacidade de supervisão, mesmo sendo o próprio Estado. Vá-se lá saber porquê!!
ResponderEliminarE nomear uns administradores por parte do Estado serve a quê, para além de criar uns tachos a uns quantos boys?
ResponderEliminarSe o BPN era o que era e custou o que custou, cheira-me que os netos dos meus netos ainda andarão a pagar a destes...
ResponderEliminaristo é o capitalismo financeiro??? a mim parece-me que é o corporativismo inerente a um Estado gordo que anda de mãos dadas com a banca e as principais corporações... nada disto pode ser confundido com o livre mercado
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