terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Água na fervura

São vários os motivos avançados para a recente descida das taxas de juro da dívida soberana portuguesa: aparente estabilização da economia, contágio do "sucesso" irlandês, fuga de capitais dos países emergentes para a zona euro, etc. Sem desmerecer os motivos avançados e a diminuição da diferença face à dívida alemã, parece-me estranho é não ter lido nada sobre a relação entre a taxa de inflação e a taxa de juro. Se a taxa de inflação cai, os juros nominais deveriam cair de forma a manter a taxa de juro real, ceteris paribus.  Num momento em que os receios de deflação na zona euro durante um longo período se adensam, parece-me natural que os juros nominais diminuam. Claro está que, se tal descida for acompanhada por uma equivalente diminuição da inflação, o esforço real de mobilização de recursos continua a ser o mesmo.

Adenda: Afinal, o facto de não ter lido nada sobre o assunto deve-se simplesmente à minha falta de atenção. O Pedro Nuno Santos já tinha elaborado sobre o tema. Obrigatório ler.

2 comentários:

  1. ...ou isso, ou a KfW está a comprar dívida Portuguesa em larga escala até Maio. Os Alemães também não querem mais "segundos resgates" (ou melhor: programas com essa designação).
    Talvez, para já, se contentem em empurrar o problema com a barriga da KfW para a frente.

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  2. Umas horas tinha escrito algo semelhante aqui http://esquerda-republicana.blogspot.pt/2014/01/juros-da-divida-publica-estao-bem-longe.html.

    Discordo contudo desta frase
    "Se a taxa de inflação cai, os juros nominais deveriam cair de forma a manter a taxa de juro real, ceteris paribus"

    A relação do juro nominal com o juro real depende não da inflação momentânea, mas da expectativa sobre a inflação enquanto durar o crédito. Daí eu sublinhar que o BCE tem repetido que a inflação vai continuar bem baixa.

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