quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Está na hora?
Tomando como pretexto a decisão favorável, por maioria de sete contra seis, do Tribunal Constitucional (TC), em relação ao absolutamente perverso aumento do horário de trabalho na função pública, Elisabete Miranda e Catarina Pereira do
Negócios fizeram ontem umas contas bem úteis, jornalismo citado pelos melhores, e concluíram que o TC deixou passar 82% da austeridade em valor, obrigando o governo a rever 18% dos seus destrutivos planos, concentrados em 2013, minorando ainda assim este ano os efeitos destrutivos, o que até acabou por ajudar ao suposto milagre da recuperação. Segundo Reis Novais, se alguma crítica se pode fazer ao TC é a de não levar os direitos sociais suficientemente a sério. A correlação de forças, no plano socioeconómico, é a que é. Para usar uma metáfora perigosa: a infraestrutura tem muita força. Daí que a guerra de posição tenha de ter várias trincheiras, sendo a esfera constitucional apenas uma delas, sem bem que muito importante. Suspeito que o
governo da troika terá de encontrar rapidamente outro bode expiatório superestrutural...
Perante as suas afirmasções, parece que se o Papa Francisco fizesse parte do TC não seriam viabilizados 82% das medidas de austeridade.
ResponderEliminarTalvez o PP que anda sempre armado em defensor da doutrina social da igreja precise de fazer um tirocínio em Roma com o Papa Francisco para o rapaz aprender a a não ser mentiroso. E já agora que leve também o Coelho e que fiquem por lá muitos e bons anos.
"deixou passar 82% da austeridade em valor, obrigando o governo a rever 18% dos seus destrutivos planos, concentrados em 2013, minorando ainda assim este ano os efeitos destrutivos, o que até acabou por ajudar ao suposto milagre da recuperação"
ResponderEliminarFactos:
- deixou passar 82% da austeridade em valor;
- obrigando o governo a rever 18%;
- suposto milagre da recuperação.
Duas conclusões possíveis:
- o suposto milagre da recuperação deveu-se aos 82% de austeridade, pelo que o suposto milagre da recuperação poderia até ter sido maior caso o TC não tivesse vetado os outros 18%;
- foi o veto aos 18% que acabou por ajudar ao suposto milagre da recuperação, pelo que o veto dos 82% ajudaria a uma recuperação mais vigorosa.
Não há nenhuma análise empírica que possa justificar a escolha de uma ou outra interpretação, simplesmente porque não é possível conhecer realidades alternativas (com o mesmo contexto, ponto de partida, ...).
Como penso ter dito noutros comentários a outros defensores do que se tem vivido, apesar de usar outras palavras: de facto de não se pode pegar numa solução igual para uma situação igual, não quer dizer que não tenham ocorrido situações em que as bases da coisa foram as mesmas. Nomeadamente, o crash de 1929. Isto é tão dos livros de história (e dos do ciclo!) que me admiro como gente adulta ainda o ignora...
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