quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Que força é esta?
O chamado “guião da reforma do Estado” confirma claramente como a política neoliberal de reconfiguração das funções do Estado ao serviço de interesses privados, a tal ida ao pote, se sustenta presentemente numa grande fraude já várias vezes desmontada – o que chamam de “despesismo” teria estado na origem da crise –, à qual Paulo Portas junta outra da sua lavra – os recessivos e regressivos cortes na despesa seriam afinal um meio para recuperar a soberania perdida. Como o documento indica logo a abrir – de resto, o tamanho da letra para levar a redacção acima das sempre simbólicas cem páginas é toda uma pobre encenação –, a austeridade permanente está inscrita no “ser euro”, “ser euro”, reparem bem, no tratado orçamental e em toda a restante tralha a que querem dar dignidade constitucional, o que retira em permanência toda a margem de manobra no campo política pública de que é feita a soberania, a condição necessária da democracia. Neste colete-de-forças europeu, a direita ganha e ganhará sempre, sempre. Nem precisa de se esforçar muito. Este documento fraquinho e particularmente esticado é paradoxalmente uma demonstração da sua força, da força das estruturas.
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