quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Esta é a hora!


O país está em estado de choque. O governo preparou um Orçamento para 2014 que atinge brutalmente funcionários e ex-funcionários públicos, tanto pelo lado do emprego (“mobilidade”) como pelo lado do rendimento (salários e pensões). A partir de um limiar que entretanto já subiu, as pensões de sobrevivência também não escapam e serão cortadas numa escala inimaginável. O universo dos que lutam pela sobrevivência aumenta, como aumentam as filas dos que recorrem a uma refeição distribuída à noite, no anonimato, sem “condição de recursos”. Até agora, o rendimento das pensões constituiu para muitos uma rede solidária que minimizou os estragos desta política alucinada. Muitos filhos e netos estão parcial ou totalmente dependentes dos seus velhotes, no alojamento, no rendimento ou em ambos. Com este Orçamento, em muitas famílias a rede que os mais velhos garantiam vai rasgar-se. A situação é dramática para muitos portugueses, mas também o é para Portugal como nação. Quando a classe média é dilacerada, rompem-se os laços de solidariedade que sustentam o corpo social.

Quer o governo quer as instituições da troika sabem muito bem que esta política não reduz os défices nem sequer estabiliza a dívida. Hoje todos sabem que não há “austeridade expansionista”. Porém, a insistência nas “reformas estruturais” e a cada vez mais aberta aceitação do deslizamento das metas orçamentais são sinais de que há uma estratégia implícita na política económica que nos é imposta pelo ordoliberalismo germânico e seus agentes na periferia da zona euro. Assumida ou não, a estratégia é cada vez mais evidente: aniquilar o Estado de bem-estar que fomos construindo após o 25 de Abril. Numa sociedade cada vez mais desigual, os pobres e os estratos de baixos rendimentos serão amparados por um Estado assistencial, os restantes já estão a ser empurrados para os mercados da saúde, da educação e dos fundos de pensões.

Esta estratégia estava latente no projecto da moeda única desde Maastricht. A retórica da Europa social era apenas um véu que iludia o essencial: perda da soberania dos estados-membros nas diversas vertentes da política económica e submissão da zona euro à política económica alemã, seja na gestão da moeda e da taxa de câmbio do euro, seja na proibição de uma política orçamental activa, ou ainda na política comercial europeia de abertura à China. Acontece que sem política económica não podia haver desenvolvimento. Mas algum crescimento sustentado por crédito era possível. E os nossos bancos aproveitaram: transferiram muito dinheiro da Europa rica para sustentar o seu negócio de crédito fácil aqui. Sabemos como a euforia acabou.

E agora? Sujeitos a uma estratégia de submissão que visa fazer da periferia da zona euro um território de lazer da Europa rica, hoje virada para o comércio com a Ásia, como se vai recuperar o emprego? Como se consegue pagar a bola de neve do serviço da dívida? Como pode sobreviver Portugal enquanto comunidade? A resposta é simples: se não rompermos com o quadro institucional que nos conduziu aqui – as responsabilidades externas e internas são imbricadas, são sistémicas –, a emigração intercontinental será em massa, a dívida será parcialmente perdoada mas permanecerá um garrote, o país será gerido por marionetes nomeadas pelos interesses da finança europeia e pelos novos capitalistas angolanos. A questão da sustentabilidade do Estado social, tal como o conhecemos, já não se levantará então porque o país, enquanto polis com autonomia, terá desaparecido. As pressões que têm sido dirigidas ao Tribunal Constitucional pelas entidades credoras são reveladoras, em si mesmas, do destino que nos está reservado.

O país está em choque. Mas para reagir à ameaça letal que sobre ele se abateu precisa de adrenalina no corpo social. Precisa de tomar em mãos o seu destino. Este é o tempo em que se decide o futuro, esta é a hora!

(O meu artigo no jornal i)

5 comentários:

  1. A violência pode funcionar tanto para subjugar como para libertar


    A violência pode funcionar tanto para subjugar como para libertar. Contra a violência económica e financeira que nos tem atirado a todos para o desespero, repliquemos com a violência que for necessária para desparasitar de vez o país desta cáfila de parasitas assassinos de colarinho dourado.

    Um povo que se revolta de forma sangrenta contra a Máfia do Dinheiro, coadjuvada por políticos corruptos, legisladores venais e comentadores a soldo, e cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e o país inteiro, esse povo está a utilizar a violência de uma forma justa para se libertar.

    Ouve-se muitas vezes dizer que "a violência gera violência", que "a violência nunca consegue nada", ou que "se se usar a violência para nos defendermos daqueles que nos agridem, ficamos ao nível deles". Todas estas afirmações baseiam-se na noção errada de que toda a violência é igual. A violência pode funcionar tanto para subjugar como para libertar:

    * Se Um pai que pegue num taco para dispersar à paulada um grupo de rufias que está a espancar o seu filho, está a utilizar a violência de uma forma justa;

    * Se uma mulher crava uma lima de unhas na barriga de um energúmeno que a está a tentar violar, essa mulher está a utilizar a violência de uma forma justa;

    * Se um homem abate a tiro um assassino que lhe entrou em casa e ameaça degolar-lhe a família, esse homem está a utilizar a violência de uma forma justa;

    * Os habitantes de um bairro nova-iorquino que se juntam para aniquilar um bando mafioso (que nunca é apanhado porque tem no bolso os políticos, os juízes e os polícias locais), estão a utilizar a violência de uma forma justa;

    * Um povo está a utilizar a violência de uma forma justa quando utiliza a força, porque sonegado de todas as entidades que o deveriam defender, contra a Máfia do Dinheiro, acolitada por políticos corruptos, legisladores venais e comentadores a soldo, e cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e a economia de um país inteiro.

    ***********************************

    Modus Operandi


    Caçar paulatinamente os ladrões do povo, apanhando-os um a um e justiçá-los...


    Os criminosos são a máfia financeira, os donos e administradores de empresas que parasitam o Estado, os políticos corruptos, os legisladores a soldo, os propagandistas venais, etc. A limpeza metódica desta cáfila (que o receio tornará difícil revezar), fará inevitavelmente desabar a pirâmide que detém o poder.

    A sociedade está hoje instantaneamente ligada entre si pelas actuais tecnologias de informação e telecomunicações - Internet e telemóveis. É actualmente possível a troca rápida de informação entre muitos milhares de cidadãos sob as mais variadas formas - redes sociais, blogues, e-mails, texto, voz, fotos e vídeos.

    As populações, recorrendo a estas novas tecnologias e podendo comunicar mais rápida e directamente uns com os outros, têm a capacidade de registar a teia de ligações, de influências e as agendas dos ladrões que os estão a conduzir à ruína, bem como montar um sistema de vigilância que lhes monitorize os passos, os localize em tempo real e os elimine de facto.

    Quando sonegado de todas as entidades que o deveriam defender, um povo tem todo o direito de utilizar a violência contra a Máfia do Dinheiro, acolitada por políticos corruptos, legisladores venais e comentadores a soldo, e cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e a economia de um país inteiro.

    Num país em que os políticos, legisladores e comentadores mediáticos estão na sua esmagadora maioria a soldo do Grande Dinheiro, só existe uma solução para resolver a «Crise»... Somos 10 milhões contra algumas centenas de sanguessugas... e não há buracos suficientes para elas se esconderem...

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  2. discordo que não se tenha mencionado os 240 mil milhoes já recebidos e os pruridos certos mas hipocritas de falar em dependencia que leva ao prejuzo mas se cala a dependencia negada na responsabilidade pelos erros que nos levaram a falta de dinheiroe credito para pagar o tal maravilhoso estado social -será que vejo aqui a ideia que painatal vai pagar as reformas?

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  3. Pois é,e o povo vai continuar a aguentar até quando? porque ainda vai haver mais destas coisas.

    "Salgado beneficiava de avales públicos no valor de 4.750 milhões de euros".

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  4. "Salgado beneficiava de avales públicos no valor de 4.750 milhões de euros".

    http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/bes_e_o_banco_com_mais_divida_com_garantia_do_estado.html

    O povo que pague,Cambada!

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