quinta-feira, 18 de julho de 2013

Interesses que não são nacionais


Se Daniel Bessa e Nuno Fernandes Thomaz passam por “personalidades de vários quadrantes”, então também passam por “empresários”. Os quadrantes do último abaixo-assinado resumem-se a um: Cavaco, a sua tropa-fandanga e o seu esforço para tirar irrevogavelmente o S ao PS. De resto, não sabia que passar de Secretário de Estado do mar para a CGD, com umas actividades numa dita boutique financeira pelo meio, ou que dirigir uma parceria público-privada que organiza umas jantaradas e umas conferências-almoçaradas sobre inovação e tal qualifica alguém como empresário. Mas certamente que os qualifica como Pessoas Muito Sérias, muito empenhadas na salvação nacional, na competitividade e noutras fraudes. Estão qualificados desde que deram as boas-vindas à troika, a melhor coisa que nos tinha acontecido, diziam, a melhor coisa que lhes aconteceu, sabemo-lo desde sempre.

Agora falam com pungência do desemprego, os hipócritas, mas acham que os cortes já feitos ainda não chegam. Dizem que é para recuperar a soberania, como se este conceito fizesse algum sentido num enquadramento europeu que é o seu melhor aliado externo. É claro que teria sido tudo diferente, dizem ainda, se o governo tivesse começado pela “reforma do Estado”. O governo não andou a fazer outra coisa: tratou-se sempre de fragilizar, de despedir e de privatizar, de facilitar negócios com benefícios privados e custos públicos. Os efeitos depressivos são evidentes, mas pouco lhes importam. Eles estão protegidos pelo seu instinto, que não é empresarial, mas sim de classe. Se o PS assinar o tal acordo, e espero mesmo que não o faça, dou-lhes os parabéns. Ganhariam essa batalha. Para que possamos vencer a guerra, alguém terá de cuidar do S.

PS. Estou mesmo a precisar de umas férias, pelo menos uma semana sem escrever sobre esta nossa viciosa economia política. Não irei para as selvagens, mas andarei por perto. Boas férias e boas leituras, sem fraudes, por aqui ou por outros lugares.

2 comentários:

  1. Bom descanso e cuidado com os cagarros que eles andam aí!

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  2. O meu aplauso de pouco servirá, mas ainda assim aplaudo. Muito oportuno. Muito bem escrito. Muito bom.

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