quinta-feira, 13 de junho de 2013

A casa ganha sempre


O pós-crise financeira de 2008 tem sido profícuo em escândalos envolvendo a grande banca internacional. Primeiro foi a manipulação da principal taxa de juro de referência dos mercados financeiros (a Libor), depois as acusações de lavagem de dinheiro. Talvez devido à complexidade do que está em causa (distante do dia-a-dia do cidadão comum) e, certamente, devido ao poder destes agentes financeiros, estes escândalos não saem das páginas da imprensa financeira e são resolvidos através de umas chorudas multas, facilmente suportadas pela banca. De resto, tirando o despedimento de alguma da arraia-miúda, ninguém é responsabilizado e nada muda. O cálculo da Libor continua a ser feito da mesma maneira, não?

O último caso é ilustrativo da cortina de silêncio que se abate quando algo emerge. A Bloomberg, numa extensa investigação, denunciou a forma como a grande banca internacional manipula as taxas de referência de câmbios (indexantes para activos financeiros no valor de 4,7 biliões (trillions) de dólares) em seu proveito, através de ordens concertadas de compra e venda de moeda durante a curta janela de tempo utilizada pela Reuters (rival da Bloomberg) no cálculo destas taxas. Este novo escândalo, além de ilustrativo da ficção dos mercados financeiros concorrenciais, realmente dominados por quem tem poder, mostra, mais uma vez, que o problema do sector financeiro não são uns quantos funcionários mal-intencionados. O problema está na arquitectura desta “economia de casino” onde a casa ganha sempre. A manipulação e consequente transferência de riqueza para o sector financeiro são o "novo normal" dos nossos dias. 

Entretanto, fico à espera de ler algo sobre o assunto na imprensa portuguesa.

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