quarta-feira, 8 de maio de 2013
É sempre a mesma cantiga
Em mais uma espalhafatosa operação de propaganda (e num momento em que o apodrecimento do governo conheceu uma nova etapa, com as palhaçadas do fim de semana passado), o truque de ilusionismo volta a repetir-se: a ida de Portugal aos mercados para emitir dívida a dez anos, nesta terça-feira, ter-se-ia saldado, segundo o inefável Gaspar, num «enorme sucesso».
O João Rodrigues já aqui explicou porque é que este «enorme sucesso» nada tem que ver com uma suposta recuperação da confiança na economia portuguesa, mas antes com o papel assumido pelo BCE a troco de permanecermos «submetidos à condicionalidade austeritária europeia».
Ou seja, é uma vez mais do efeito Mário Draghi que se trata, como mostram os gráficos ali em cima. De facto, a redução dos juros das dívidas soberanas, a partir de 2012, não é uma originalidade portuguesa, verificando-se em todos os países considerados (até na Grécia, vejam lá). Contudo, parece que não há maneira de essa descida dos juros se reflectir na economia real destes países, como revela a tendência para o aumento consecutivo das taxas de desemprego. Querem melhor evidência do fracasso da austeridade?
No que a "curvas de juros" diz respeito, eu gosto peculiarmente de como a dos países, chamemos-lhes directamente intervencionados (PT, IRL, GR) nada tem a ver com a do país indirectamente intervencionado. Just noticing...
ResponderEliminarCaro Nuno, bom dia, pergunto-lhe qual a fonte dos graficos. Cheers, R
ResponderEliminarNos gráficos a escala x é constante (2008 - 2012) mas na do y (juros) varia:
ResponderEliminar- Portugal: 2 a 18
- Grécia: 0 a 50
- Irlanda: 2 a 16
- Espanha: 0 a 30
o que não permite uma leitura directa e clara entre os países. À primeira vista, a Grécia parece estar melhor do que os restantes países.
Nos tempos que correm, onde a manipulação de números através de gráficos é frequente, este tipo de "descuido" cria desconfiança ao texto em vez de o sustentar.
Cpts, P
Caro R,
ResponderEliminarA fonte de informação dos gráficos está «linkada» no post, na palavra «gráficos» (mas realmente talvez pouco perceptível). Os ditos são construídos com informação do site «Trading Economics» (http://www.tradingeconomics.com/)
Caro Anónimo,
ResponderEliminarNão é de facto um descuido a opção de utilizar escalas diferentes nos quatro gráficos. De outro modo, alguns deles ficariam praticamente ilegíveis.
O critério foi o de encontrar escalas que permitissem comparar - em cada caso - as taxas de desemprego com as taxas de juro.
Seja como for, as tendências são claras e comuns aos quatro países considerados (descida das taxas de juro a partir de 2012 e aumento continuo do desemprego). E as escalas estão indicadas em cada gráfico.
Cumprimentos
E as diferentes escalas em nada alteram o meu primeiro comentário...
ResponderEliminarmeus caríssimos amigos
ResponderEliminarse algo me incomoda nesta conversa toda de financiamento através dos mercados é a minha incredulidade perante o simples facto de um país(qualquer, para o caso pouco importa)não produzir riqueza, bens, valores??!?!!É que se governar é pedir dinheiro emprestado com juros então eu também me sinto apto para governar!! e ainda fazemos uma festa quando os agiotas baixam um pouco a margem pornográfica de lucros que estão despostos a aceitar