quarta-feira, 20 de março de 2013

E que tal regressar aos bancos da escola, Vítor Bento?


Está visto que hoje é dia de recordar aos neoliberais da nossa praça a teoria neoclássica que, juntamente com a filosofia política austro-libertária e o conservadorismo social, compõem a sua matriz ideológica.

Presumo que Vítor Bento passasse na cadeira do 1º ano de António Borges. Mas chumbaria com certeza nalgumas outras. Veja-se a pergunta que coloca hoje no Diário Económico: "Pois se [os patrões] acham que se devem pagar mais salários, porque é que não os aumentam? Porque é que precisam de uma ordem do Estado?". Tudo isto para argumentar contra o aumento do SMN e em favor de uma putativa "idiossincrasia cultural" dos portugueses que nos levaria a não conseguir fazer nada sem o Estado.

Pois a resposta, caro Vítor Bento, vem em qualquer manual introdutório de Economia. É que cada empresário tem interesse em que os outros aumentem os seus salários (para que aumente a procura pelos seus bens), mas não tem interesse em aumentar ele próprio os salários que paga (pois isso implica suportar a totalidade do custo, usufruindo apenas de uma ínfima e eventual fracção do benefício). É o chamado problema do free rider - e consta que é bastante falado nas faculdades de Economia.

5 comentários:

  1. Devia evitar tratar o tipo por caro. Um tipo dos bandidos e aldrabões marca a distância.

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  2. Começo a achar dificil acreditar que eles acreditem nos próprios argumentos....

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  3. Na escola dos bancos já está ele!

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  4. Isto só demonstra que o preconceito é mais forte do que o conhecimento. Ele se calhar até sabe, mas não quer saber.

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  5. Não me parece que Vitor Bento desconheça a questão do "free rider". Ora vejamos, ao afirmar que "...[os patrões] preferem evitar os riscos da concorrência, preferindo impor, por via administrativa, a uniformidade de comportamentos, assegurando que todos fazem o mesmo, ao mesmo tempo",ainda que em tom reprovador, Bento está ciente que o que leva o patrão a não aumentar de forma espontânea o SMN prende-se com o facto deste conhecer o risco inerente a uma medida como esta.
    O que me parece interessante neste artigo é o facto de Vitor Bento criticar um dos principais axiomas da doutrina neoliberal que este tanto defende, ou seja, o indivíduo pondera e toma as suas decisões segundo um princípio de racionalidade económica. Por outras palavras, aquilo de que Vitor Bento se parece queixar, o inicialmente pouco esclarecedor "bloqueio cultural" mas que mais à frente se perceberá que corresponde a essa praga nacional denominada "aversão ao risco", trata-se, afinal, de um comportamento racional dos agentes económicos.
    Aproveitando a deixa do autor, o que abunda em demagogia (e não só) neste artigo escasseia em racionalidade.

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