sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Vergonha e desfaçatez no Expresso

O semanário de referência português, o Expresso, publicou ontem uma notícia em linha com o seguinte título:  "Sindicatos franceses querem transferir a produção de Cacia". Lemos o título e lamentamos a miopia dos trabalhadores franceses face aos seus camaradas portugueses. A caixa de comentários enche-se de chorrilhos anti-franceses e anti-CGTP.

Entretanto, lemos a notícia e a coisa fica mais clara. A fonte da notícia não é qualquer sindicato francês (as chamadas para França devem estar muito caras), mas sim um director de comunicação da Renault em Portugal. E, na verdade, nada é dito sobre reivindicações dos sindicatos franceses. Simplesmente a notícia é a das negociações entre Renault e sindicatos não se percebendo qual a origem da proposta sobre transferência de produção. O título é, por isso, enganador.

Fui ao sítio de Internet da CGT-Renault em França e descobri este comunicado de dia 12 de Fevereiro sobre as negociações. Relativamente à deslocalização da produção de Cacia encontramos isto: "Para Cléon, a direcção anuncia o fabrico de 60 000 caixas de velocidade J suplementares até 2016, caixas estas fabricadas actualmente na fábrica de Cacia em Portugal. Comentário da CGT: A concorrência entre localizações nunca fez nada de positivo pelo projecto industrial". 

Vergonha. Espero que a notícia seja retirada quanto antes e que os trabalhadores da Renault em Portugal não se deixem enganar.

4 comentários:

  1. Infelizmente as interpretaçoes "alternativas" do que sucede apenas vêm na onda do silenciamento de algumas vozes, como outros comentários aqui nas bicicletas já narraram.

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  2. I)- A industria automóvel em França atravessa uma grave crise devido à queda acentuada do volume de vendas , não havendo possibilidades de escoar a produção das fábricas.
    II)-Muitas vezes as notícias são defeituosas por motivos diversos.

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  3. José Luís Moreira dos Santos18 de fevereiro de 2013 às 20:28

    Qual é o espanto?
    Não é o Expresso um jornal que se gaba de fazer opinião? Então, fazer não é o mesmo que descrever, pois não?

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  4. Hoje praticamente não existe imprensa independente em Portugal.

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