quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Poder?
Tal como Rui Tavares no Público de hoje, também aposto aqui que Vítor Constâncio tem uma “amplitude intelectual” muito acima da média dos chamados líderes europeus, que nem lideram, nem são europeus, sendo provavelmente o “português mais poderoso do mundo”. O que é que isso muda? Nada, claro. O conveniente e “anti-democrático conformismo” de Constâncio é bem assinalado por Tavares, mas aposto que nada mudaria se Constâncio fosse politicamente inconformado, até porque não teria chegado onde chegou. Ainda sobre a amplitude intelectual de Constâncio leiam a introdução que ele escreveu e onde no fundo considera irrelevante a maior parte da investigação teórica, mas com implicações bem práticas, que se faz no Banco que não é de Portugal, pouco antes de ter saltado para Frankfurt. Sobre o poder, basta pensar no BCE, a mais poderosa e anti-democrática instituição europeia, desenhada para todas as chantagens sobre os Estados sem soberania por construção desigual, para todas as desmontagens dos modelos sociais, sendo aí que estão as origens monetárias da emergente pós-democracia europeia. Pensemos ainda nos estatutos do BCE, tão enviesados quanto absolutamente blindados, na cultura monetária entranhada e no poder político do capital financeiro associado à “independência” deste banco tão distante quanto politicamente central, pelo menos enquanto esta experiência monetária durar. Se ficarmos por aqui, resta-nos então o conforto espiritual de saber que Constâncio lê e cita economistas heterodoxos, ao mesmo tempo que tem o topete de falar de “legitimidade de resultados” e de “governo para o povo” no meio desta paisagem fracturada pelo desemprego de massas e de exigir as famosas e regressivas “reformas” contra as quais estiveram, estão e certamente estarão todas as tradições críticas na economia que tanto gosta de estudar e de invocar. Definitivamente, isto não vai lá com voluntarismos de elites centrais nada fiáveis.
vê e divulga amigo
ResponderEliminarhttp://youtu.be/lI9nw_hdklA