O choque fiscal deixou o
CDS-PP tão atordoado que o melhor que arranjou para dizer foi que para reduzir
os impostos era preciso cortar na despesa. Isso é espantoso e injusto para o
Ministro Vitor Gaspar. O governo tem cortado na despesa e nada pouco. Cortou no
subsídio de desemprego, cortou nos transportes, cortou no RSI, cortou na educação,
cortou na saúde, cortou no investimento… É verdade que não cortou noutras coisas. Não
cortou nas PPP, não cortou nas prebendas fiscais às SGPS, não cortou no
financiamento da banca, não cortou no serviço da dívida… Mas, fartou-se de
cortar na despesa. O problema é que cortando na despesa, cortou involuntariamente
na receita.
A conversa do corte da
despesa é um embuste. Os cortes na despesa custam-nos tanto como os aumentos de
impostos. No outro dia, na TV, um dos economistas das inevitabilidades distraiu-se
e disse que “toda a redução da despesa do Estado é redução da receita de alguém”.
Aí está. É precisamente por isso que toda a redução da despesa em contexto
recessivo tem um efeito ainda mais recessivo, como aliás todo o aumento de
impostos dirigido ao que vivem do seu trabalho. O que é estupido (desculpem,
não tem outro nome) é reduzir a despesa e aumentar impostos sobre o rendimento
do trabalho em contexto recessivo.
Quer isto dizer que não
há despesa que devia ser reduzida? Claro que há, a começar pelas rendas das PPP
e de empresas monopolistas e a continuar no serviço da dívida. Devia ser
reduzida esta despesa, mas para investir a poupança resultante e criar emprego,
e distribuir rendimento, e estimular a procura, e obter a receita do estado que
reduzisse o défice. Tudo ao contrário do que eles fazem aqui e na Europa toda.
Acompanho-o no raciocinio. Mas gostava que alguém um destes dias fosse capaz de explicar preto no branco que tipo de cortes concretos é que devem ser feitos nas tão badaladas PPP's e o que isso representa efectivamente nas contas publicas.
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