sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Recapitulando


Do meu artigo de hoje no Diário Económico:

Os problemas principais da economia portuguesa são a desigualdade, a pertença a uma zona monetária disfuncional, o padrão de especialização produtiva, o desemprego, os desequilíbrios externos e o endividamento privado e público. A ordem em que enuncio estes fatores não é arbitrária: os primeiros são causas profundas, os últimos são sobretudo consequências. A estratégia atual tem alegadamente por objetivo corrigir o último destes fatores, mas, ao ignorar ou agravar os restantes, revela-se necessariamente contraproducente e nefasta.

Qual é então a alternativa? É necessário, em primeiro lugar, cessar a espiral do endividamento e libertar recursos para o relançamento do emprego. Chegados a este ponto, isso implica renegociar o memorando de entendimento com a 'troika' e declarar uma moratória ao serviço da dívida, mas esses são apenas os primeiros passos indispensáveis. Urge atuar mais profundamente, com uma estratégia que dê prioridade ao emprego e penalize os setores e atividades rentistas. É necessário tornar a nossa fiscalidade mais simples, mais justa e mais progressiva, a fim de reduzir a desigualdade e, por essa via, estimular o mercado interno. É também necessário que o Estado oriente ativamente a concessão de crédito no sentido da criação de emprego e do estímulo ao investimento produtivo.

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