A força do povo “intimidou”, para usar expressão de um articulista descontente do Financial Times, o governo, impondo-lhe uma derrota na batalha ideológica da TSU. Teremos mais demonstrações de força no dia 29. A soberania democrática e a força do trabalho organizado ainda se fazem sentir em tempos financeiros, mas a guerra da austeridade está muito longe de estar ganha. Noto entretanto que são cada vez mais as vozes, como a de Pedro Santos Guerreiro, que mudam, e fazem bem, de posição sobre o assunto mais importante da economia política e da política económica actuais. Um assunto que de resto nunca deixou de ser sobre valores, sobre ideologia, e sobre factos, que os dois estão sempre entrelaçados. O projecto ideológico da economia política da austeridade é cada vez mais claro e os seus mecanismos reais também: trata-se de destruir o Estado social e a força do trabalho organizado através do desemprego de massas permanente gerado pela austeridade recessiva, forçando assim uma redistribuição de cima para baixo, quer dos trabalhadores da base para a minoria do topo, quer do trabalho para certas, friso o certas, fracções do capital. Friso porque a aliança para derrotar a austeridade terá de incluir as outras fracções. O projecto da economia política da austeridade não foi abandonado, se bem que uma das suas expressões de política mais extremas e transparentes tenha sido derrotada. É que as estruturas de constrangimento externas criadas por este euro, com pesados efeitos internos, permanecem. Mas sobre isto deixo-vos o princípio e o fim do artigo de João Pinto e Castro, aconselhando vivamente o que está no meio, até porque refere Hayek, um dos economistas políticos que vale a pena ler no campo neoliberal:
“Concordo com Vítor Bento quando ele afirma que, embora os portugueses declarem querer o euro, não é seguro que queiram fazer o que é preciso para que possamos permanecer nele. Mas acrescentarei que, se de facto entendessem plenamente as implicações dessa escolha, prontamente reveriam a sua opinião (…) O que nos espera no final desta crise financeira? A salvífica união fiscal que agora se anuncia apenas acentua a deriva plutocrática que estamos a viver. Esta desgraça não é defeito, é feitio: temo-nos até agora limitado a seguir mansamente o guião escrito por anónima mão invisível. Urge decifrá-lo e rejeitá-lo."
Houve uma derrota ideológica, em apenas uma batalha, na TSU. Em consequência, houve um recuo estratégico do poder vigente, um ganho de tempo. Absolutamente mais nada!
ResponderEliminarPara eles, a pressão decisiva do povo tinha que ser convenientemente ofuscada por uma outra narrativa, a que deram o nome de “crise política da coligação”. Adiante.
Hoje ninguém sabe ainda o que está a ser cozinhado “em substituição” da TSU. Alguém sabe, ao certo?
O projecto da economia política da austeridade não foi abandonado, a cartilha neo-liberal é ainda a mesma. Temos que continuar a pensar em Alternativas, em chamar todos para o carreiro, mesmo as tais fracções que começam a sentir o rolo compressor. Parece-me que há cada vez mais pessoas desenganadas…
Concordo plenamente com D.H.
ResponderEliminarPor outro lado, há que não desarmar.
É preciso é que as pessoas não deixem de se manifestar, de preferência várias vezes por semana.Vejam o que está a acontecer em Espanha. Manifestar de noite e de dia, é preciso.!.