quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mastodontes

1. “Duelo de monopólios (ou quase) com autoridades de concorrência a ver. E a gente a pagar.” Pedro Lains com poder de síntese. O romance da concorrência de mercado pode ficar na prateleira. O que conta neste capitalismo realmente existente é mesmo a acção dos mastodontes, Pingo Doce, de um lado, SIBS, bancos, do outro. A SIBS, presidida por um grande adepto da concorrência entre trabalhadores chamado Vítor Bento, indica como o planeamento, digamos, central, a coordenação, cria uma rede multibanco e um sistema de pagamentos moderno, eficaz, sem concorrência a atrapalhar. É claro que este caso também revela uma das especialidades do sistema bancário sem controlo político adequado: extrair taxas e comissões a quem pode. Poder é coisa que também não falta à grande distribuição, os produtores que o digam. Seja como for, o tal duelo, na ausência de controlo social e político adequado destes mastodontes incontornáveis, vai manter “a gente a pagar”.

2. Entretanto, ainda Lains sobre um governo que finge defender o interesse público face a outros inevitáveis mastodontes, mesmo que alguns estejam financeiramente fragilizados, mas que apenas revela as consequências da sua austeridade tão assimétrica: “Este deve ser um caso raro de país em que o desinvestimento tem o nome de ‘poupança’. Ou ainda nem toda a gente percebeu que é isso que está a acontecer nas PPPs e que o que fica, fica exactamente na mesma, com as tais 'rentabilidades elevadas'? Pelo meio, vão ficando as obras paradas, as obras incompletas, um país de estaleiros - e desempregados.”

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