segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Lideranças
Os editoriais do Público que alinham com o euroliberalismo não acertam uma: nem há uma crise de lideranças na Europa, nem Mario Monti é excepção ao que quer que seja. Mas que lideranças estão a imaginar lá no passado para este presente? As lideranças de Delors, Mitterrand e Kohl, por exemplo, os que assinaram Maastricht, a origem da nossa infelicidade europeia? Não há crise de lideranças, mas sim crise causada pela ideologia e pelas forças sociais que lideram o processo europeu de integração desde há muito. Monti é da mesma cepa, a da Goldman Sachs, a da classe capitalista transnacional, que Draghi e tantos outros; a que apostou tudo num euro feito à medida para destruir as conquistas do pós-guerra com toda a austeridade, todos os cortes sociais e todas as desregulamentações laborais de que as lideranças forem capazes. A diferença está na posição que os vários líderes ocupam. Desde o golpe europeu que o colocou como primeiro-ministro de Itália, Monti é obrigado a saber que a neoliberalização que lidera à escala nacional requer um enquadramento monetário e financeiro europeu com modificações na margem para não descarrilar. Apesar disso, Monti é capaz de dizer que o euro é a “torre mais perfeita” da catedral europeia. Isto num país a quem o euro não serviu, serve ou servirá. Que uma parte substancial das esquerdas italianas e europeias alinhe com tais personagens, indica-nos como o euroliberalismo ainda lidera e permite-nos antecipar as derrotas que aí vêm se o euroliberalismo continuar a vencer e se for derrotado…
Eu não sei onde é que os dois lados estão a ver o conflito. Se há algo que caracteriza o debate público europeu é a anemia. E quanto à opinião pública só há uma palavra: apatia.
ResponderEliminarComeça a dar a sensação que devem partilhar acomodações na torre de marfim.