segunda-feira, 23 de julho de 2012
Por quanto tempo mais?
A fractura na Zona Euro expressa, por exemplo, pelo diferencial entre as taxas de juro dos títulos de dívida pública alemães e espanhóis a dez anos, não cessa de se acentuar. A Espanha está no mesmo círculo vicioso de austeridade rumo a uma insustentável intervenção externa, destinada a tentar minorar as perdas dos credores, com a repetição do mesmo tipo de mentiras. E o desemprego já atinge um quarto da população activa. É claro que há dinheiro a captar por via de uma fiscalidade progressiva e se isto não chegar, e não chega, há que começar por fazer escolhas simples, mas difíceis politicamente: contrato social ou contratos financeiros? Esta é também a escolha grega e portuguesa para responder às ameaças permanentes do centro. Isto também quer dizer suspensão do serviço da dívida e início da sua reestruturação por iniciativa política dos devedores. É a única arma das periferias para voltarem a ter, na escala certa, o que muitos economistas, sobretudo keynesianos, desde o início desta desventura monetária, na década de noventa, consideram insensato terem perdido: a ligação entre o banco central e o tesouro, traduzida, entre outras coisas, na possibilidade de se recorrer ao financiamento monetário de um défice que é tão necessário quanto inevitável em recessão, o que faz com que um Estado que se endivida na sua moeda não seja compelido a comportar-se como se fosse uma família em crise, com o cortejo de cortes e de insolvência. E mesmo quando existem problemas na balança de pagamentos, a desvalorização da moeda ajuda e muito. Temos tido recentemente um cheirinho disso com a desvalorização do euro (e temos todos os exemplos históricos em que possamos pensar...). Tudo isto tem efeitos tranquilizadores, já identificados, em “mercados” que, na realidade, precisam de ser sedados. A perda desta ligação, a dificuldade, alguns dirão mesmo a impossibilidade, institucional e política da sua reconstituição à escala do euro, dada a cultura económica que o moldou, expõe continuamente as democracias aos especuladores, aos fanáticos senhores vestidos de negro e a quem internamente trabalha para eles. Isto significa austeridade e empobrecimento permanentes. Por quanto tempo mais?
Até haver revoltas em vários pontos do globo, para além daquelas já em curso. Não estou a ver as elites políticas comprometidas a darem o passo para a restituição da dignidade minimamente razoável. Penso que a escolha entre a revolução, e a solução pacífica (embora sempre difícil, e muito arriscada) foi já tomada por Deus, pelo Cosmos ou seja lá o que quiserem acreditar.
ResponderEliminarO grande problema do Euro, no meu modesto entender, é que os Estados são obrigados a comportar-se como utilizadores de moeda e não como emissores. A "escola" austríaca é mesmo assim... Estúpida! Ao contrário dos outros bancos centrais (FED, BoE, BoJ, etc) o BCE só pode trocar bens com outros bancos e não compra directamente títulos da dívida publica DOS SEUS ACCIONISTAS. Ou seja, os estados participantes são meros utilizadores da massa monetária criada para o sistema financeiro e pagam por isso um prémio (juros) e a banca privada gosta muito que assim seja. Os bancos privados têm assim uma posição de hegemonia total. Chamar-lhe divida soberana é uma curiosa hipocrisia.
ResponderEliminarUm qualquer banco financia-se no BCE a 0,75% e vai ao "mercado" comprar títulos da divida espanhola a 7,5 %. A margem de "lucro" é apenas agiotagem à conta do sofrimento do povo espanhol e uma gigantesca operação de transferência de riqueza do povo espanhol para uns quantos banqueiros. Mas o que é mais ridículo é que o estado espanhol É DONO DO BCE que se recusa a financiá-lo e que obriga o povo espanhol a ser ROUBADO
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