Para lá dos números esmagadores de adesão (entre 85 e 100%, segundo os sindicatos), a greve dos médicos que hoje termina ficará marcada por sinais claros de compreensão e solidariedade por parte dos utentes do SNS, como demonstram os testemunhos que foram sendo recolhidos pelas televisões em hospitais e centros de saúde.
Num país que tem tendência para lidar mal com paralisações dos trabalhadores do Estado (professores, profissionais de empresas de transporte, funcionários públicos em geral), e onde os médicos são frequentemente encarados como uma classe privilegiada em termos salariais e de estatuto (à semelhança dos juízes), este dado assume uma enorme relevância e significado. Não, não se trata da defesa egoísta de meros interesses corporativos em tempos de crise, como ontem sugeria António Barreto na SIC Notícias.
Por que é que Passos Coelho e Paulo Portas não se deixam de sofismas e relembram que o PSD e o CDS votaram contra o SNS.
ResponderEliminarSerá que podemos afirmar com alguma segurança que se não estivessem em causa as remunerações e as carreiras dos médicos a adesão a esta greve teria sido na mesma proporção? Quanta da indignação estará realmente associada à degradação dos cuidados de saúde públicos? Não lhe parece irónico que numa altura em que os médicos sentem a sua individualidade ameaçada assumam o interesse comum como prioridade? Será que reconhecer o direito à expressão significa exactamente o mesmo que estar de acordo com o manifesto?
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