sexta-feira, 13 de julho de 2012

O sistema de ensino não é um jogo da playstation

Foi através do Sérgio Lavos que cheguei a mais uma escrita patusca do João Miranda. Com o título pomposo de «Licenciaturas e liberdade de ensino», o João considera que «o único sistema de atribuição de licenciaturas consistente com a liberdade académica é aquele em que a licenciatura é atribuida exclusivamente por critérios definidos pela instituição que a atribui». Nestes termos, a vantagem «essencial [deste sistema] é que as pessoas e as instituições são livres e consequentemente responsabilizáveis pelas suas acções. As universidades são responsáveis pelos seus critérios e quem as frequenta é responsável pela escolha que faz e todos serão julgados pelas suas escolhas». Isto é, «há licenciaturas que valem mais que outras precisamente porque universidades e estudantes fazem escolhas livres».

Percebem-se bem as razões circunstanciais que suscitam esta reflexão. Como se vislumbra sem dificuldade o quadro conceptual que a ilumina. A liberdade absoluta, das instituições de ensino superior e dos estudantes, exercida na posse - por todos - de plena informação, não é senão o mercado a funcionar em todo o seu esplendor. Como num jogo de playstation, as más universidades deixam de ser escolhidas e os alunos que nelas apostaram têm a merecida sanção no mundo do trabalho. As primeiras fecham e os segundos vão à (sua) vida. O mundo torna-se perfeito: basta que se deixe decantar gradualmente por esse mecanismo racional e purificador que é o mercado, impedindo qualquer estorvo que o Estado lhe queira impor.

Não se percebe, aliás, porque razão o Instituto de Segurança Social teima em fiscalizar lares de idosos. Se se permitir que funcionem como muito bem entenderem, algumas mortes e maus tratos farão descer a procura dos lares que os permitiram e as famílias deixarão de os escolher. É simples. É como nas farmácias: porque razão se há-de impedir que um curioso em substâncias medicinais abra uma, se basta deixar que a sua impreparação e irresponsabilidade produzam resultados visíveis aos olhos de todos?

Aqui há uns tempos, o João Miranda também via vantagens no aumento dos transportes públicos decretados pela troika. Segundo o João, com esses aumentos, as pessoas passariam a escolher melhor o local para residir e trabalhar, as empresas passariam a localizar-se nesses locais e a criar aí emprego e os desequilíbrios territoriais ver-se-iam francamente esbatidos, em favor da descompressão e desanuviamento social das áreas metropolitanas (que se veriam poupadas à presença de gente incapaz de pagar as novas tarifas). Isto foi há cerca de um ano. Será que o João Miranda já pode partilhar connosco a demonstração dos resultados no ordenamento do território e no emprego que a sua imaculada teoria deixava antever?

4 comentários:

  1. O João Miranda é parvo todos os dias. Podia ao menos fazer fins de semana ou férias, mas não, trabalha na parvoíce a tempo inteiro. Tanta dedicação é de louvar...

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  2. Nuno Serra, seja simpático para o João Miranda, um ano não chega,
    Dê-lhe dois, dê-lhe vinte, dê-lhe duzentos. Pode ser que ele...

    A.M.

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  3. Mas ainda continuam a dar trela a esse imbecil?

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  4. O J.M aqui há uns tempos defendia a liberdade de exercício da actividade de médico. Qualquer um o poderia fazer, e bastaria o mercado e um sistema legal robusto para afastar os incompetentes. Pois.

    Também era o mesmo que dizia que mesmo que o "liberalismo" deixasse toda a gente na miséria, ainda seria o melhor sistema porque se baseava no valor supremo da liberdade. Ou coisa que o valha.

    O que me fez confusão recentemente, é que descobri que Paulo Morais que tanto gostei de ouvir no "Negócios da semana" que por aí circula, é companheiro de blogue desta, à falta de melhor definição, pessoa. É um mundo estranho este da blogosfera.

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