O gráfico aqui ao lado foi ontem publicado pelo Jornal de Negócios (que cita como fonte o Ministério de Álvaro Santos Pereira). Representa a estimativa dos supostos impactos que as principais alterações à lei laboral terão no emprego e diz-nos, essencialmente, que esses impactos serão diminutos no «curto prazo» (dentro de um ano) e mais relevantes (passe a força de expressão) no «longo prazo».
Mas há no gráfico um detalhe que causa estranheza: a manifesta discrepância entre o rigor cirúrgico dos cálculos efectuados (apresentados até à segunda casa décimal) e a aparente incapacidade para fixar uma previsão temporal concreta. Se no «curto prazo» (em que os impactos são praticamente nulos) se estima «um ano», o «longo prazo» fica no vazio do tempo: o Ministério da Economia e do Emprego parece não se querer comprometer com nenhuma data.
O que é que esta «discrepância de rigor» poderá significar? Que a diferença de valores se baseia num mero exercício de fé quanto ao comportamento desejado das variáveis (próprio da Economia de «folha de excel», na feliz expressão de Nicolau Santos)? Ou simplesmente o receio fundado de um ministro em se comprometer com o futuro, depois de ter sentenciado que 2012 «certamente [iria] marcar o fim da crise e [seria] o ano da retoma para o crescimento de 2013 e 2014», que todos já sabem não irá acontecer?
Certamente que sim... Entretanto vamos em Agosto.
ResponderEliminarNo prob ainda temos 4 meses e qualquer coisa para dar a volta a isto!
o longo prazo é um buraco negro, onde "Deus Criacionista" do célebre romancista Álvaro Santos Pereira resolve todas as contraridades cósmicas...
ResponderEliminarabraços
não percebo a duvida, há um eixo do tempo no gráfico. O tempo está quantificado
ResponderEliminarCaro Manuel Palma,
ResponderEliminarAgradeço-lhe o alerta para a existência de valores na base do gráfico que, supostamente, permitiriam quantificar as estimativas temporais do governo (o «curto» e o «longo» prazo).
Convencido de que me tinha escapado essa informação, cheguei a escrever uma adenda ao post, a assinalar a minha análise incompleta do gráfico.
Contudo, comecei a achar estranha a opção por uma escala temporal que não recorre a unidades de tempo inteiras, mas sim a valores de uma unidade e meia. Isto é, se a estivermos a falar de anos, a escala é construída de ano em ano e meio.
Inclino-me por isso a pensar que o eixo do gráfico não é um eixo de tempo mas sim o eixo que permite dimensionar as barras dos valores que se encontram no gráfico. A reforçar esta ideia encontram-se os gráficos que o jornal Público produziu (edição de 1 de Agosto) e que se referem apenas a «curto» e «longo» prazo, sem qualquer eixo que pudesse sugerir uma escala temporal.
Parece-me portanto evidente que a informação disponibilizada pelo Ministério da Economia apenas apontava para escalas temporais «qualitativas» (se assim se pode dizer). Os jornais ficaram portanto sujeitos a ilustrar graficamente a informação sem poder recorrer a uma escala temporal decente, tendo o Jornal de Negócios produzido um gráfico que é, de facto, enganador.
O que significam as percentagens? As abcissas do gráfico não me parecem ser anos.
ResponderEliminarJá agora, uma pequena correção: devia ser "excel".
Caro PJF,
ResponderEliminarObrigado pela correcção em «excel».
As percentagens significam o suposto impacto de cada medida na criação de emprego (daí me parecer que o eixo do gráfico as mede - e não, de facto, o número de anos).