terça-feira, 19 de junho de 2012

Indigno


[V]árias das suas concretas medidas não cumprem os desígnios constitucionais, infringindo vários dos seus princípios e normas, designadamente, entre outros, o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio do direito ao trabalho e à estabilidade no trabalho, o princípio da conciliação da vida profissional com a vida familiar, o princípio da liberdade sindical, o princípio da autonomia coletiva. 

Manifesto Por um trabalho digno para todos

Sem surpresa, Cavaco Silva promulgou ontem as alterações ao código de trabalho. Uma decisão alinhada com a história da economia política e moral do cavaquismo, com as forças sociais que sempre o apoiaram, com a troika e o seu governo, com o tipo de economistas que sempre promoveu e com a habitual hipocrisia à mistura. Afinal de contas, Cavaco tem andado armado em progressista, dizendo que é contra a estratégia de transferir cada vez mais custos para os trabalhadores, sob a forma de salários cada vez mais baixos e condições de trabalho cada vez mais degradadas. Ontem ainda disse que espera que o investimento e o emprego recuperem. O hipócrita pensamento mágico no seu melhor. Acontece que este código é precisamente um importante acto de uma peça indigna: despedimentos mais fáceis e baratos, mais dias de trabalho, horários mais longos e mais baralhados, contratação colectiva mais frágil são alguns dos mecanismos pensados para um patronato que assim dispõe de opções cada vez mais medíocres, baseadas no medo e no ajustamento salarial regressivo. Entretanto, o desemprego, graças à compressão da procura agregada, continuará a aumentar. Mais de uma década de estagnação e recessão e várias revisões liberais do código de trabalho depois, a taxa de desemprego terá quadruplicado muito em breve. Para esta gente a política não é uma questão de validade, mas apenas de poder…

8 comentários:

  1. O mais interessante foi a declaração dele afirmando que -qualquer coisa como isto- "é preciso estabilidade na legislação"...Ora o que ele fez foi dar mais um contributo e enorme para "essa estabilidade"...
    -O que pode a hipocrisia fazer sem provocar rubor na face das Marias desta terra.

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  2. Quem lhe mandasse com uma fisgada no rabo!

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  3. "Para esta gente a política não é uma questão de validade, mas apenas de poder…"

    A minha pergunta:

    Se esta frase não foi escrita com ligeireza e/ou em jeito de desabafo, eu subscrevo-a e fico ainda mais preocupado. Se se trata de uma mera questão de poder, porque é que a Esquerda insiste em debate, análise e conferências para explicar as conclusões dos debates e análises???

    Sempre aprendi e a minha experiência veio confirmar que quem cede poder são os fracos, por outro lado que o poder corrompe os Homens. Parece que estamos presos num impasse: entre a fraqueza e a corrupção. Sobretudo por causa do medo de assumir o poder que andamos a ceder aos indignos e por outro lado por causa da culpa que sentimos em antecipação, por eventuais corrupções que o poder nos induza.

    Entretanto a direita dos interesses, não sente medo e depois não sente culpa nenhuma em assumir o poder do Capital.

    Falta-nos.... como dizer.... TOMATES!!!

    ...isso e Líderes!

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  4. Uma boa análise sobre poder de um social-democrata

    http://cortex-frontal.blogspot.pt/2012/06/grecia-no-euro-franca-mais-esquerda.html

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  5. A direita saudosista, retrogada,reacionária e fascista, há muito estabeleceu que os portugueses tinham de pagar, mais tarde ou mais cedo, a afronta que para eles foi o 25 de Abril.
    Cavaco Silva, que não é nen nunca foi o presidente de todos os portugueses antes um dos cangalheiros da maioria, fazendo o que faz limita-se a levar a cabo aquilo com que sempre sonhou: voltar ao 24 de Abril.
    É pena que uma parte dos portugueses tenham acreditado em tanta hipocrisia e lhe tenham dado o 2º mandato.
    Agora temos de o gramar e ouvir as suas possidonias tiradas.

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  6. Pertencemos a um país indecente, ou dito de forma acertada, povoado por gente indecente, hipócrita e videirinha.

    Cavaco Silva é que está sempre no sítio certo e à hora certa: não vai ficar sujeito aos cortes dos subsídios, na qualidade de pensionista do Banco de Portugal.Isso será mais importante que a promulgação da lei laboral.
    (Enquanto a atmosfera vai tomando um cheiro demasiado pestilento para se poder respirar...)

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  7. "A direita saudosista, retrogada,reacionária e fascista, há muito estabeleceu que os portugueses tinham de pagar, mais tarde ou mais cedo, a afronta que para eles foi o 25 de Abril."
    Sem dúvida. Tudo isto não é mais que um ajuste de contas com o 25 de Abril.

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  8. ihihi, é tão parolo, o gajo, não acham?, cavaco, porra !

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