Ainda sobre a referência, no post anterior, à redução no apoio a doutoramentos no estrangeiro. Perante a notícia, a Fundação para a Ciência e Tecnologia defendeu que a alteração (corte de 60% nas verbas destinadas ao pagamento das propinas) «não terá qualquer espécie de impacto na mobilidade dos bolseiros», atendendo a que a «esmagadora maioria das propinas referentes a instituições estrangeiras» não ultrapassa os 5.000 euros anuais, pelo que a FCT considera o valor «apropriado» (citação na notícia do Público).
Ora, caso os 12.500 euros anuais de propinas pagos até aqui, pela FCT, por cada estudante português a frequentar um doutoramento «lá fora» (e que com esta decisão ficam reduzidos a 5.000 euros anuais), sejam integralmente recebidos pela instituição de acolhimento (independentemente do valor da propina), com o novo Regulamento de Bolsas, os candidatos portugueses a programas de doutoramento passam a ser - do ponto de vista financeiro - opções menos interessantes para as universidades estrangeiras. A mobilidade internacional de bolseiros (com todos os benefícios que daí advém) fica, nesses termos, afectada.
Nota: Fui alertado por uma leitora (a quem agradeço), que no caso dos doutoramentos realizados no estrangeiro o pagamento de propinas é feito através do estudante e não, como sucede em Portugal, por transferência directa e integral para a instituição universitária de acolhimento. O impacto desta alteração far-se-á portanto sentir, sobretudo, em doutoramentos realizados nos EUA (cujos valores de propina superam na maioria dos casos os 5 mil euros). Acresce, ainda, que há situações em que, para além do valor da propina, se verificam encargos com os designados «bench fees» (despesas extra relativas a gastos laboratoriais, por exemplo), que passam com as novas regras a ser suportados pelos alunos.
Nao sei se podera ajudar a esclarecer a adenda publicada, mas: quando diz que a instituicao estrangeira recebe integralmente os 12.500 euros independentemente do valor da propina, qual e' a fonte que confirme isto? Eu peco desculpa por nao referir dados acessiveis a todos, mas posso relatar isto: sou bolseira no estrangeiro ha 2 anos, na mesma instituicao onde existem outros bolseiros portugueses e todos nos sempre recebemos da FCT o valor exacto da propina anual para pagarmos directamente a' instituicao (abaixo dos 5000 euros). O mesmo para todos os doutorandos que conheco a frequentar universidades dentro UE. Nao creio pois que a adenda publicada possa caracterizar o pagamento integral de 12.500 euros como sendo o procedimento unico ou mesmo geral da FCT. Obrigada (tb por este blog!)
ResponderEliminarPois está a dar razão à FCT. Porque é que temos que estar a pagar a instituições estrangeiras 12.500€/ano para receberem os nossos estudantes? Já têm o privilégio de ter acesso à nossa elite académica, que trabalha de borla para eles, e ainda querem receber por cima? Ainda por cima é uma situação injusta, pois as instituições portuguesas não recebem nada parecido (maximo 2750€/ano). Esta medida peca é por tardia!! E se ser de esquerda significa justiça e solidariedade, devia ter sido a esquerda a reclamar esta medida há já muito tempo!
ResponderEliminarA FCT pagava propinas ATÉ €12.500 por ano, sendo que o valor exacto era pago se a propina anual fosse inferior a este valor.
ResponderEliminarDeixemo-nos de tretas!!
ResponderEliminarPorque carga de água é que os nossos alunos têm de ir para o estrangeiro, e ainda para mais nas condições actuais do país, quando já há um número mais que suficiente de doutorados nas nossa universidades para os acompanhar. Revertam é essas bolsas todas para nacionais e deixem-se de andar a passear!!
"Porque é que temos que estar a pagar a instituições estrangeiras 12.500€/ano para receberem os nossos estudantes"
ResponderEliminarnem sempre são 12500 EUR, mas se não pagarmos o que eles cobram a todos os alunos, simplesmente não aceitam aos "nossos estudantes". o resultado disso é termos o nosso meio científico a funcionar em circuito fechado, o que é uma sentença de morte..
"já têm o privilégio de ter acesso à nossa elite académica, que trabalha de borla para eles, e ainda querem receber por cima"
os gastos não são apenas as bolsas dos alunos. há também materiais e equipamentos, cujo custo de utilização supera muitas vezes o valor das bolsas.
"Ainda por cima é uma situação injusta, pois as instituições portuguesas não recebem nada parecido (maximo 2750€/ano)"
comparar as instituições portuguesas com as universidades de topo (as que cobram mais de 5000 EUR/ano) é esticar demasiado a corda. a minha experiência é que o que é pago às univ. portuguesas perde-se entre a secretaria e reitoria e o que é pago às univ. estrangeiras chega aos grupos de trabalho, que podem utilizar esse dinheiro na investigação.