sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nota de homicídio


Via Real World Economics Review, a tradução da nota deixada por Dimitris Christolas, de 77 anos, que deu um tiro na cabeça à frente do parlamento grego na passada 4ª feira:

"O governo de ocupação de Tsolakoglou* retirou-me o meu último meio de sobrevivência – uma pensão de reforma inteiramente financiada por mim (sem qualquer apoio do Estado) ao longo de 35 anos.
  
Uma vez que a minha idade não me permite recorrer à força (ainda que, se algum compatriota pegasse numa Kalashnikov, eu seria o primeiro a juntar-me a ele), não encontro outra solução que não seja procurar um fim digno, antes de me ver forçado a vasculhar no lixo em busca de comida.

Acredito que, um dia, a nossa juventude sem futuro pegará em armas e pendurará os traidores desta nação de cabeça para baixo na Praça Syntagma, como os italianos fizeram em 1945 com Mussolini (na Piazza Loreto, em Milão)."

* Referência ao governo actual liderado por Papademos, equiparado ao governo colaboracionista liderado por Georgios Tsolakoglou aquando da ocupação nazi da Grécia (1941-42).


4 comentários:

  1. Não tenho palavras dignas de poder corroborar este Homem!
    -Suicidou-se para evitar o sofrimento na miséria, provocado por este sistema absolutamente injusto!...
    Não, não creio que eu faça o mesmo, por Relvas e por gente como esse grupo de ladrões laranjas, eu não me suicido, poderia suicidar-me por Amor mas por esta amontoado de porcaria não!...Portanto de mim, eles não se livram assim tão fácilmente.

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  2. Também por aqui se aguarda esse dia e será muito doloroso..

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  3. "Curioso" como a veemência da denúncia passou de forma tão atenuada nos nossos orgãos de informação. E como o apêlo à revolta foi censurado nos mesmos.
    É o "pacto de estabilidade", concertado entre políticos, digo governantes, e jornalistas, digo propagandistas.

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  4. Dimitris Christolas é mais uma vitima de um sistema que não conta com todos...O facto do "por mim" aparecer sublinhado é intrigante e ao mesmo tempo revelador, acreditar que numa sociedade há algum acto que não depende de terceiros é uma concepção pouco precisa, claro que percebo o carácter prático do testemunho mas esta corriqueira concepção deve ser denunciada.

    Quanto da nossa sensação de apreensão, indignação e de tristeza estará associada ao facto deste tipo de acontecimentos ocorreram cada vez mais perto?

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