terça-feira, 10 de abril de 2012
Mais um exemplo da finança disfuncional
Soube-se há poucos dias que a Itália terá de pagar 2,6 mil milhões de euros À Morgan Stanley, um dos maiores bancos de investimento, devido a uns contratos de derivados. Os contratos em causa chamam-se Swaps e dizem respeito à "troca" de fluxos financeiros sobre um determinado activo, normalmente juros. Imaginem que eu tenho um empréstimo imobiliário indexado à Euribor (como acontece com a maior parte dos portugueses) e que não quero estar vulnerável a uma possível subida da taxa de juro. Quero uma taxa fixa. Posso então entrar num contrato Swap com um outro agente que, por exemplo, acha que a euribor vai descer mais, e está disponível a pagar uma taxa variável. Esse agente paga a "minha" taxa variável e eu pago-lhe a nova taxa fixa. Eu beneficio da segurança de uma taxa fixa, o outro agente aposta implicitamente na descida da taxa (embora ele próprio possa entrar em derivados sobre este contrato, mas isso só complica).
Pois bem, parte da dívida Italiana, num momento de baixa da Euribor, foi usada num destes contratos. A Itália pretendeu conseguir uma taxa fixa num momento de descida do indexante (Euribor) e fechou negócio com a Morgan Stanley. No entanto, por um lado a Euribor continuou a cair e, por outro, os custos de financiamento da Itália começaram a aumentar, com as consequentes descidas de notação. Ora, aparentemente, no contrato entre a Itália e a Morgan Stanley, uma descida de notação implicaria o fim do contrato. A Itália é obrigada a pagar o valor liquido presente do contrato à Morgan, ou seja, a antecipar o pagamento dos juros ao seu valor presente. A Itália perde duas vezes. Primeiro, o valor liquido presente da taxa fixa que vai ter que pagar é superior ao da taxa variável incorrida pela Morgan. Segundo, com este pagamento a Itália terá que se endividar a uma taxa juro normalmente alta. Em suma, um negócio ruinoso. A única vantagem é que com o fim destes contratos a verdadeira dívida italiana torna-se mais transparente.
E não será a Morgan Stanley, conluiada com outros colossos de investimento, que controlam a taxa Euribor e as notações?
ResponderEliminarA única «vantagem» que vejo aqui é o roubo perpetrado pela Grande Finança Internacional à Itália…
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ResponderEliminarmuito bom estes posts... aqui vai mais uma achega..
ResponderEliminarhttp://www.newleftproject.org/index.php/site/article_comments/a_short_history_of_neoliberalism_and_how_we_can_fix_it