quarta-feira, 25 de abril de 2012
“Em Gaza ou Lampedusa senti que valia a pena ser deputado”
O Miguel viajou muito em política e fora dela. Apesar de ser deputado europeu, nunca prescindiu de ir ao fundo dos fundos, dentro e fora da Europa. Penso que foi aí que encontrou o sofrimento mais agudo, mas também a dignidade mais improvável e um antídoto contra o "cretinismo parlamentar", um dos seus maiores receios. De resto, ele era difícil de segurar. Quando tinha uma ideia, uma intuição política, um projecto, entusiasmava-se rapidamente e entrava em regime frenético.
Isto apesar de não faltar ao pé dele quem o contraditasse. Antes pelo contrário, sempre preferiu rodear-se de pessoas que o criticavam, combatiam, azucrinavam e, basicamente, lhe faziam a cabeça em água. Aparentemente, sempre preferiu pensar e agir no meio da mistura e da heterogeneidade, um luxo de quem tem segurança nas suas convicções e confiança nas suas capacidades. Não impedia, claro está, que fosse teimoso como uma mula. Também ajuda quando se luta a vida inteira...
Quem quiser saber mais e divulgar essa luta, pode ir ao Esquerda, que está a publicar várias coisas sobre ele. Ou ver e partilhar entrevistas recentes à SIC, à Antena 1, ao Expresso e ao Jornal i. Ou ler os dois livros ("No Labirinto" e "Périplo") e o documentário do segundo. Uma bela forma de aproveitar o 25 de Abril, depois da Avenida da Liberdade.
O velório do Miguel terá lugar no Palácio Galveias este sábado às 15h, no Palácio das Galveias. No domingo realiza-se uma sessão evocativa no Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz, com início às 14h30m.
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