A «simpatia» que a opção austeritária continua a colher junto de uma parte significativa da opinião pública deve muito a um conjunto de mitos sobre a «ineficiência do Estado gordo», a que se associa a noção da «insustentabilidade das políticas sociais públicas». Já aqui fizemos referência, por exemplo, à fraude que constitui o discurso da direita contra o RSI e que o Nuno Oliveira arrasou com esta excelente infografia.
Um outro mito, amplamente difundido nos dias que correm, alimenta-se da ideia de que os resultados negativos das empresas de transportes públicos se deve a má gestão, ao excesso de trabalhadores, à irracionalidade e sobreposição de linhas e horários ou aos baixos custos das tarifas para os utentes. Isto é, os argumentos subjacentes às recentes medidas governamentais, que anunciam a transfiguração e destruição da política pública de transportes.
Merece por isso ser lido na íntegra o excelente artigo de Frederico Pinheiro, no qual se demonstra que a questão central não é a da insustentabilidade operacional do sector, mas sim a da insustentabilidade dos juros que recaem sobre a dívida (e que explicam 76% do prejuízo registado em 2010, sendo apenas os restantes 24% imputáveis a resultados operacionais).
É esta a verdadeira «bomba-relógio», que não se desactiva pela redução do número de trabalhadores (que já diminuíu 37% em dez anos), nem pelo aumento de tarifas ou supressão de linhas e horários. Mas sim, como acrescenta Frederico Pinheiro, através de um conjunto de medidas que não só vão ao cerne da verdadeira questão como assumem, devidamente, os transportes enquanto bem público para a economia e para a sociedade no seu todo.
Agora a questão que se pode colocar é: "Onde foi gasto o dinheiro que foi pedido emprestado inicialmente e que deu início a este descalabro?".
ResponderEliminarPenso que foi em equipamento excessivo para linhas sem rentabilidade, somado ao pessoal necessário para gerir essas linhas, que também fizeram com que o custo médio do serviço excedesse largamente o preço médio do bilhete.
Assim, o modo de reduzir a dívida (sem haircut) passa por reduzir custos e eliminar serviços de menor rentabilidade, para aumentar resultados e amortizar a dívida.
Qual é a novidade??
Errado caro stardust. O excesso de endividamento foi para "alimentar" os grupos do"centro" e os seus orçamentos com "trabalhos a mais".As intermináveis obras na Linha do Norte é o exemplo mais crasso, mas há muitos outros exemplos.
ResponderEliminarE o fomento das chefias intermédias na CP, obra das administrações "amigas" dos governantes.
Quem tem dinheiro tem transporte, quem não tem ande a pé.
ResponderEliminarViva o capitalismo.
Qual seria a dívida dos países sob resgate se não fossem os juros? Existem estes dados? Alguém pode ajudar-me a encontrá-los?
ResponderEliminarCaro António m p,
ResponderEliminarA questão que coloca é da maior relevância e, no caso português, será certamente uma das questões a que a «Iniciativa de Auditoria Cidadã à Dívida» (http://auditoriacidada.info/) permitirá responder.
Caro António m p,
ResponderEliminarA questão que coloca é da maior relevância e, no caso português, será certamente uma das questões a que a «Iniciativa de Auditoria Cidadã à Dívida» (http://auditoriacidada.info/) permitirá responder.